Silvana Covatti: A mulher como protagonista no campo

Evandro Oliveira/Divulgação SEAPDR

Nascida em 8 de dezembro de 1963, em Frederico Westphalen, Silvana Covatti, a atual secretária Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural Ela é a primeira mulher a ocupar a pasta no Rio Grande do Sul. Casada com o ex-deputado federal Vilson Covatti, há 38 anos, com quem tem três filhos Viviana, Luis Antônio e Francieli, ela foi também a primeira mulher a presidir o parlamento gaúcho, casa que ela deixou para assumir a pasta. A nova secretária reconhece a força dos pequenos laticínios, que segundo ela, são responsáveis por movimentar R$ 400 milhões por mês, algo em torno dos 2% de toda a riqueza que circula no Estado.

Confiante do papel da mulher à frente do agronegócio, a nova secretária da Agricultura explica que a figura feminina é protagonista no campo, para ela, motivo de orgulho ao assumir o setor. Silvana fala em desenvolvimento e políticas públicas para alavancar a atividade no campo, com destaque para a produção de leite e o processamento do produto. Em entrevista à Revista Leite&Queijos, a titular da Agricultura faz um balanço sobre o agronegócio e projeta as perspectivas para o ano.

Entrevista

Leite&Queijos :: A senhora é a primeira mulher a assumir a Secretaria da Agricultura do RS, como a senhora vê este novo momento para o agronegócio, a partir da sua chegada à pasta?

Silvana Covatti :: Como em 2016, quando fui a primeira mulher a presidir a Assembleia Legislativa do Estado, agora, mais uma vez, sou pioneira ao aceitar a missão de ser a primeira mulher Secretária da Agricultura. Tenho a experiência de quatro mandatos no Legislativo e migrar para o Executivo requer coragem e trabalho, duas coisas que nunca me faltou ao longo de todos estes anos de vida pública. A agricultura é responsável por 40% do PIB do Rio Grande do Sul, o que torna o momento mais desafiador, pois vivemos um momento de crise mundial e manter um setor produtivo em alta requer muito trabalho de equipe.

L&Q :: Qual o papel da mulher no agronegócio, uma vez que o setor está cada vez mais informatizado e conectado à tecnologia. Como as mulheres se destacam neste cenário?

Silvana :: No Brasil, dos 5 milhões de empreendimentos rurais, um milhão é comandado por mulheres. Atualmente as mulheres administram cerca de 30 milhões de hectares de atividade rural. A mulher sempre esteve no campo, mas com o passar do tempo ela tomou o papel de protagonista.

L&Q ::  O que a secretaria projeta como ações e medidas para o ano de 2021. Quais são os primeiros atos que a nova titular da Agricultura tem em mente?

Silvana :: Vamos dar prioridade para a irrigação, desburocratizando processos e incentivando o aumento da área irrigada no RS, hoje de menos de 3% da área de sequeiros das culturas de soja, milho, trigo e feijão e da fruticultura. Vamos dar continuidade ao Programa Pró-Milho para alcançarmos a autossuficiência do grão, fundamental para suinocultura, avicultura e pecuária leiteira. E, também, dar a devida importância à Agricultura Familiar, responsável por 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. Não se admite ter fome quando temos um Estado altamente produtor de alimentos.

L&Q ::  Quais as políticas públicas, ou planos da secretária para o setor leiteiro?

Silvana :: Na Secretaria vamos continuar uma pauta constante de avanços. Neste mês de maio estamos recebendo o certificado de Estado livre de aftosa sem vacinação, o que vai abrir novos mercados para a proteína animal. Buscaremos a expansão da internet no meio rural. E, como não poderia ser diferente, vamos dar continuidade ao importante trabalho de perfuração de poços e construção de açudes para enfrentamento de estiagens e garantir água potável para todos.

L&Q ::  Em 2021 a Apil completa 20 anos. Este setor é um dos mais importantes da produção agrícola, pois o leite é uma das atividades que pode ser tocada junto com outras culturas. Como a secretária vê a evolução da cadeia produtiva nas últimas duas décadas?

Silvana :: A importância da atividade leiteira no Rio Grande do Sul é incontestável tanto econômica como socialmente. Gera emprego e ocupa diretamente e indiretamente centenas de milhares de pessoas em todas as regiões do estado. Além disso, a produção de leite é um dos poucos negócios que gera renda mensal aos agricultores, injetando recursos todos os meses na economia de 465 municípios onde está presente.

Dentro deste contexto a importância das pequenas e médias indústrias é enorme pois, além de gerar empregos e renda, vai ao encontro de uma tendência mundial de consumidores que querem saber a origem da matéria prima e a conexão desta com comunidades produtoras e aspectos sociais, valorizando os produtos locais, como é comum em na Europa, por exemplo.

L&Q :: O que a Secretaria de Agricultura pode fazer, para em conjunto com as indústrias, avançar na qualidade, qualificação do campo e melhoria dos processos industriais de laticínios no RS?

Silvana :: Nós desenvolvemos vários programas. Na área da defesa sanitária temos ações realizadas no Programa de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal. Ainda no Departamento de Defesa Agropecuária está o Dipoa, onde vários associados da Apil têm seus laticínios registrados. No âmbito do Programa de Agroindústria Familiar do Estado do Rio Grande do Sul, “Sabor Gaúcho” em parceria com a Emater/RS são disponibilizados cursos de qualificação nas áreas de gestão, boas práticas de fabricação e processamento dos alimentos; assistência técnica para elaboração de projetos de regularização sanitária e ambiental. Alguns sócios da Apil iniciaram ou ainda fazem parte deste Programa. Outras atividades, que direta ou indireta atendem laticínios, estão na orientação aos Serviços de Inspeção Municipais (SIM), bem como o acesso dos municípios ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf) e ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi/POA), pertencente ao Sistema Unificado de Sanidade Agropecuária (Suasa). Por sua vez, no fomento à produção leiteira estão os programas Leite Gaúcho e Pecuária Familiar e o de Sementes Forrageiras que visam aumentar a produção, produtividade e melhoria da qualidade do leite nos estabelecimentos rurais. Pela Consulta Popular deverão ser liberados até o final do ano, projetos do setor leiteiro, escolhidos nos municípios, no valor de R$138.735,86.

L&Q :: Qual a importância que o setor leiteiro agrega à economia do Estado. Na economia do agronegócio, o que representa hoje a produção de leite e seu processamento na indústria gaúcha?

Silvana :: A cadeia láctea é muito importante social e economicamente para o Rio Grande do Sul e responde por aproximadamente cerca de 2% do PIB do estado. Somente a produção de leite no Rio Grande do Sul tem um Valor Bruto da Produção próximo a R$ 5 bilhões por ano, ou o equivalente a R$ 400 milhões por mês. Estes recursos, divididos entre os municípios e com a agregação de valor posterior pelas indústrias de laticínios é extraordinariamente importante para o estado e para as economias locais.