Notícias do dia 26.10.09

O Governo de Alagoas apresenta O Projeto Estruturante da CPLD, (Cadeia Produtiva do Leite e Derivados); as importações de leite e derivados em outubro de 2009; a Conaprole ameaça levar os investimentos de uma fábrica no RS para os Estados Unidos; na França as importações de leite aumentaram 44% em julho, em relação ao mesmo mês do ano passado; a Itambé aproveita o momento de reação das cotações internacionais do leite em pó para ampliar sua atuação no mercado externo; o consumo de queijo cresce de forma constante no Brasil; o Conseleite/PR divulga os preços do leite; guerra fiscal praticada por estados do Sul e Sudeste na área de lácteos motivou mudanças para a indústria catarinense; parceria entre Bahia e Nova Zelândia e ranking das empresas de laticínios da região Sul. (www.terraviva.com.br)

Nilza – O juiz da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto (SP), Héber Mendes Batista, homologou o processo de recuperação judicial da Indústria de Alimentos Nilza, uma das maiores produtoras de leite longa vida do País. O juiz lembra que o plano foi rejeitado pela maioria dos credores com garantias reais, ou 66,66% dos que votaram na assembléia, mas que a proposta foi aceita pela totalidade dos credores trabalhistas e pela maioria dos sem garantias reais, os quirografários. Cita ainda que o Ministério Público se manifestou pela concessão da recuperação judicial. “Os relatórios mensais apresentados pelo administrador judicial demonstram o crescimento da produção da recuperanda ao longo deste processo, demonstrando a viabilidade da empresa, c om amplas possibilidades de cumprimento do plano”. Com uma dívida de R$ 340,87 milhões – R$ 218,04 milhões sujeitos à recuperação judicial – a Nilza entrou com o pedido de recuperação judicial em 27 de março deste ano. (DCI)

Languiru – A Cooperativa Languiru, de Teutônia, tem planos para expandir os negócios. Até 2011 deve ser concluído o investimento em projetos voltados ao aumento da capacidade de produção de R$ 70 milhões, iniciado em 2007. Nos últimos sete anos, a cooperativa teve crescimento de 155% no faturamento. A receita foi ampliada de R$ 140 milhões, em 2002, para R$ 402 milhões, em 2009, conforme projeção da direção. A Languiru acaba de duplicar a produção de leite UHT da marca Mimi para 160 mil litros. A redução de custos é revertida em menor preço ao consumidor e maior remuneração ao pecuarista. Segundo o presidente da cooperativa, Dirceu Bayer, os associados recebem, em média, R$ 0,66 pelo litro. (Correio do Povo/RS)

Leite/NZ – A Nova Zelândia deverá elevar as suas exportações de leite em 9,8% no ano iniciado em 1º de junho, segundo dados do USDA. Se confirmado, serão 112 mil toneladas embarcadas do produto. (Valor Econômico)

 

Negócios

Danone  – O grupo francês Danone informou que cortes de preços e publicidade ajudaram a acelerar a recuperação do volume de vendas no terceiro trimestre e acrescentou que está confiante sobre 2010. As vendas trimestrais do grupo, cujas principais marcas incluem os iogurtes Activia e Actimel, caíram 1,7%, para 3,78 bilhões de euros, pressionadas pelo câmbio. Sem considerar a variação cambial, as vendas teriam crescido 4,1%. O volume de lácteos subiu 7%, comparado com 2,7% no segundo trimestre. A expectativa era de que a Danone anunciasse vendas de 3,82 bilhões de euros no terceiro trimestre, de acordo com a média das projeções de 11 analistas consultados pela Reuters. Os lácteos, conforme previsões cresceriam 4,59%. (Reuters)

 A Danone anunciou estar preparada para gastar 1 bilhão em compras de empresas, depois de divulgar vendas acima das expectativas no terceiro trimestre e reiterar suas previsões para os resultados anuais. O diretor de finanças da companhia, Pierre-André Terisse, afirmou que a intenção é aumentar o ritmo de crescimento em novos mercados, em parte por meio de aquisições de pequeno e médio porte, em um total de € 1 bilhão. A Danone está no rastro de oportunidades de aquisição desde a emissão de ações de € 3 bilhões, realizada em maio. O objetivo era usar a maior parte do dinheiro para reduzir as dívidas remanescentes da aquisição da Numico, fabricante holandesa de alimentos para bebês comprada em 2007 por € 12,3 bilhões, mas também promover uma série de aquisições em países emergentes, onde a Danone busca se expandir. (Valor Econômico)

 Rondônia Leite – Especialistas de diferentes partes do País têm um encontro marcado para novembro em Ji-Paraná, centro da mais importante bacia leiteira da região Norte, no Estado de Rondônia. O II Rondônia Leite acontece de 16 a 18 e aborda este ano dois grandes desafios para a atividade na Amazônia: produtividade e sustentabilidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rondônia produz mais de 700 milhões de litros de leite por ano, o que representa cerca de 42% da produção da região Norte. Importante atividade econômica para o Estado, a pecuária leiteira envolve aproximadamente 35 mil produtores, em maior concentração na região central de Rondônia. Apesar de expressiva, a produção de leite em Rondônia poderia aumentar significativamente com o uso de algumas t ecnologias. (Embrapa Rondônia)

Setoriais

Propostas – Os participantes da 19ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos conheceram, durante reunião em Brasília, o Plano Diretor da Embrapa Caprinos e Ovinos e o Plano Nacional de Capacitação, com propostas para melhorar e ampliar a produção nacional e atender o crescente mercado. Foram sugeridas soluções de pesquisas, desenvolvimento e inovações para a sustentabilidade do setor e um preparo mais intenso de todos os envolvidos no processo produtivo. A proposta inclui, também, a mudança da razão social da Embrapa Caprinos e Ovinos para Centro de Pesquisas de Caprinos e Ovinos. “Isso aumenta a responsabilidade e, ao mesmo tempo, cresce no que diz respeito à referência de pesquisas e trabalhos relacionados ao setor”, enfatizou o chefe-geral da Embrapa Caprin os e Ovinos, Evandro Vasconcelos Júnior. (Estado de Minas)

 

Economia

Varejo – O comércio varejista se prepara para uma nova arrancada no ano que vem, depois de passar praticamente incólume pela crise. Pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo revela que 97% das empresas da Região Metropolitana de São Paulo, vão ampliar os investimentos em 2010, com abertura de novos pontos de vendas, centros de distribuição e reforço de estoques. A enquete, que consultou 300 companhias de todos os portes na última semana de setembro, detectou otimismo generalizado no comércio. Dos bens duráveis, como eletrodomésticos, itens de informática e veículos, às lojas de artigos de vestuário e supermercados, a pesquisa indica que a meta dos empresários do varejo é acelerar o s planos de expansão para aproveitar o momento favorável do mercado interno, tendo como foco especialmente a classe C. (O Estado de SP)

Pão de Açúcar – O Grupo Pão de Açúcar, o maior varejista do País, deve encerrar o ano com R$ 2,3 bilhões em caixa para fazer expansões. “Dinheiro não será problema para nós”, afirma o vice-presidente executivo do Grupo, Enéas Pestana. Ele não revela os planos de investimento para 2010. Diz apenas que vai acelerar “sensivelmente” a expansão e que o Nordeste será prioridade. Neste ano, a empresa gastou R$ 700 milhões em crescimento orgânico e R$ 1,2 bilhão na compra do Ponto Frio. De olho na classe média, o executivo conta que a companhia vai aumentar a rede com um novo formato de loja, o Extra Supermercado, voltado para classes B,C e D. “Poderemos até converter parte das lojas do CompreBem nessa nova bandeira.” O CompreBem é direcionado para o consumidor das classes populares. (O Estado de SP)

Carrefour – O Carrefour reservou R$ 1 bilhão para gastar em 2010 na abertura e reforma de lojas, centro de distribuição, logística e na estreia do comércio eletrônico. “O desempenho do varejo neste ano está acima da expectativa e puxado pelas classes C e D. Esse movimento deve se repetir em 2010”, afirma o diretor de Finanças e Gestão do Grupo Carrefour, Daniel Magalhães. Ele não dá pistas de onde centrará fogo na expansão, mas admite que as regiões Norte e Nordeste cresceram mais que o Sudeste. (O Estado de SP)

IPC-S – A inflação no varejo em São Paulo apresenta estabilidade, segundo informou hoje a Fundação Getúlio Vargas. O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) passou de 0,06% para 0,0% (estável) na capital paulista, entre a segunda e a terceira quadrissemana de outubro. Ainda de acordo com a fundação, das sete capitais pesquisadas para cálculo do índice, quatro apresentaram t axas de inflação menos intensas, ou deflação mais forte. Além de São Paulo, as cidades que apresentaram decréscimos em suas taxas de variação de preços no período foram Belo Horizonte (de 0,15% para 0,02%), Brasília (de 0,34% para 0,29%) e Salvador (de -0,05% para -0,06%). As capitais restantes apresentaram aceleração de preços ou deflação mais fraca no período. É o caso de Recife (de -0,37% para -0,16%), Rio de Janeiro (de 0,10% para 0,15%) e Porto Alegre (de 0,19% para 0,30%). (Agência Estado)

Globalização e Mercosul

Crise – Os países mais ricos, responsáveis pelos donativos às nações que enfrentam a fome, não pagaram a conta deste ano. Com a crise financeira global, as potências mundiais fizeram um estranho ajuste no orçamento. Decidiram cortar a verba mais básica de todas: os recursos destinados à compra de alimentos. Este ano, segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI), a ajuda financeira aos 71 países mais pobres vai cair 25%. O resultado da medida está no último relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que aponta para um crescimento de 100 milhões no número de famintos em todo o mundo, o que eleva o contingente para mais de 1 bilhão de pessoas e faz com que os tempos atuais concorram ao título de século da fome. (Estado de Minas)

Alimentos – Países como o Brasil, grandes produtores de alimentos e que assumem a posição de supridores dos estoques mundiais de comida, enfrentam a desvalorização surpreendente no preço dos grãos e da carne bovina, um reflexo da demanda em queda e também dos cortes para aquisição mundial de alimentos. Enquanto a fome espreita os países mais pobres, sobram alimentos na produção. Este ano, o valor bruto da safra brasileira já despencou mais de 10%. Dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Mina s Gerais (Faemg) mostram que o abate de bovinos caiu 23% no país, maior exportador mundial de carne. Este ano, o milho já se desvalorizou 23%. Até a soja, que bateu recorde nas cotações de 2008, está 4% mais barata. “O problema da fome é de quem paga a conta. A ONU deveria demonstrar o prestígio que tem, angariando os fundos necessários para a compra de alimentos. Os países doadores fazem uma conta que o estômago não entende”, critica o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana. (Estado de Minas)

O aumento da produção de leite, com o início efetivo da safra nas regiões Sudeste (SE) e Centro-Oeste (CO), já resultou em queda de preços ao produtor. De acordo com o Cepea-Esalq/USP, em setembro, o preço ao produtor caiu 3,2 centavos por litro, ou 4,1%, com média de R$ 0,7426/litro. O movimento de queda de preços dos derivados a partir do final de julho – mais fortemente puxado pela redução dos preços do leite UHT – também influenciou na queda de preços ao produtor.

Segundo o Índice de Captação do Cepea, o volume captado em agosto foi 4,2% superior ao de julho (apenas 0,9% inferior em relação ao ano passado). Agentes do setor consultados pelo MilkPoint informaram que a produção nas regiões SE e CO está crescendo, mas de forma mais amena quando comparada ao ano anterior – as chuvas fortes e frequentes têm dificultado o pastejo do gado e manejo; no sul, a produção de feno vem sendo prejudicada.

Gráfico 1. Preço do leite ao produtor e variação da captação em relação ao mesmo m~es do ano anterior.

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No setor atacadista, as cotações também não são animadoras. O preço do leite UHT, que despontou entre os meses de março a junho, vem caindo desde julho, oscilando atualmente entre R$ 1,15 e R$ 1,25/litro (com citação de negócios até abaixo de R$ 1,10), segundo as fontes consultadas pelo MilkPoint. Os queijos também mostram queda de preços, influenciada também pela maior produção na região Norte e o aumento das importações – nos meses de agosto e setembro, foram importadas 5,2 mil toneladas de queijos (no mesmo período do ano passado, o volume importado foi de 729 toneladas). A mussarela está sendo vendida, em média, entre R$ 6,50 e R$ 7,00/kg, mas segundo as mesmas fontes, há produto importado sendo vendido abaixo de R$ 6,00/kg. O leite em pó se mantém estável, com valores entre R$ 6,30 a R$ 6,80/kg. O mercado do leite spot (comercializado entre as indústrias) ajustou para baixo os preços para a 2ª quinzena, ao redor de R$ 0,60/litro (na 1ª quinzena, as fontes consultadas falaram em negócios a R$ 0,63 – R$ 0,65/litro).

O que traz uma visão mais otimista para o setor lácteo, neste momento, é o mercado internacional. De julho a outubro, os leilões da Fonterra acumulam alta de 65% nos preços do leite em pó integral, com preço médio dos contratos a US$ 3.022/ton no último leilão. Na Europa, os preços também estão em alta nas últimas quinzenas, com o leite em pó superando os US$ 3 mil. A disponibilidade de manteiga na UE está baixa, puxando fortemente os preços para cima (US$ 4.237,5/ton).

Essa alta de preços nos últimos meses – que surpreendeu muitos analistas que acreditavam em uma recuperação de preços apenas no 2º semestre de 2010 – se deve à retomada da demanda, aliada ao início lento da safra na Nova Zelândia (apesar da produção já ter dado sinais de reação) e desvalorização do dólar americano. Informações do Dairy Industry Newsletter indicam que uma das razões para esses reajustes de preços na União Europeia deve-se à corrida dos compradores em garantir produto para entrega de contratos já fechados, à medida que a produção de leite cai além das expectativas (devido à greve dos produtores de leite).

Gráfico 2. Preços do leite em pó integral no Oeste da Europa, na Oceania e nos leilões da Fonterra, em US$/tonelada.

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Em relação às importações de leite em pó de países do Mercosul, as licenças têm sido liberadas lentamente, e a entrada de leite em pó controlada. Em setembro, foram importadas 6,32 mil toneladas de leite em pó – 42,3% da Argentina (preço médio de US$ 2.470/t) e 57,7% do Uruguai (em média, US$ 2.200/t).

Nesse cenário, se os preços externos se mantiverem nos US$ 3.000/ton ou mais, e as importações controladas, é possível que no final desse ano e no início do ano que vem voltemos a participar do mercado internacional, embora seja fundamental buscar novas alternativas que não a Venezuela, que foi quem fez a diferença para o Brasil em 2008. Nesses preços e câmbio atual, o preço médio de equivalência ficaria entre R$ 0,55 e 0,60/litro, o que permitiria a exportação de leite oriundo de regiões de preços historicamente mais baixos, como o Sul do país.

Com a queda nos preços internos, a aposta agora, talvez, seja esperar que os preços externos continuem reagindo, à medida que a demanda se recupera no mundo e a oferta cresce menos, seja em função do clima na Nova Zelândia, seja em função do desestímulo que finalmente vem afetando a produção. Os preços ao produtor, nos próximos meses, dependerão principalmente dos seguintes fatores: oferta interna; preços externos e importações. O câmbio e a demanda não devem ter grandes alterações, sendo menos influentes na direção do mercado.

Uma possibilidade relativamente plausível nesse momento reside na combinação crescimento moderado da oferta interna e externa ,aliada a amenização da crise no mercado externo e consequente retomada da demanda e, com isso, nova elevação de preços em dólar a partir de março, implicando em um cenário marcado pela volatilidade de preços.

 

Associação das Pequenas e
Médias Indústrias de Laticínios
do Rio Grande do Sul

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