Notícias do dia 21.07.09

Importações – Os números preliminares da média diária de julho de 2009 das importações de leite e derivados, em dólar, são 13,88% menores que a média de junho de 2009. Veja no quadro as médias, considerando apenas os dias úteis das importações efetivas em dólar.

 

 

Chocolate – O Ministério da Justiça investiga um suposto cartel no mercado de chocolates. O objetivo é verificar se a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), que representa as principais empresas do setor, estaria direcionando os reajustes de preços às vésperas da Páscoa. O processo foi aberto pela Secretaria de Direito Econômico (SDE), na quinta-feira passada. A SDE verificou que, semanas antes da Páscoa, as empresas que pertencem à Abicab costumam se reunir e, logo depois, a diretoria da entidade anuncia um percentual mínimo de aumento nos preços dos ovos. (Valor Econômico)

Leite/PI – A iniciativa de várias entidades dos governos federal, estadual e prefeituras municipais, sindicatos de trabalhadores rurais, bancos, Coopercerrado – Cooperativa Agroindustrial dos Cerrados Piauienses, dentre outros, dará origem à consolidação de uma Bacia Leiteira em municípios dos cerrados piauienses. No próximo dia 25, em Teresina, haverá uma reunião com todos os parceiros para discutir e encaminhar o projeto, feito com base na experiência da Cooperativa Agropecuária Regional de Palmeira dos Índios (CARPIL) com agricultores familiares em Alagoas. De acordo com o presidente da Coopercerrado, Hideraldo Dotto, a integração e transferência de tecnologia da cooperativa paranaenese COOPAVEL- Cooperativa Agroindustrial de Cascavel e a CARPIL, produtores de leite de Palmeira dos Índios saíram de quatro litros de produção de leite por animal/dia, para 20 litros de leite animal/dia, em nove anos. Os técnicos do Paraná assessoram os técnicos da CARPIL no processo de gerenciamento, administração e melhoria de plantel da bacia leiteira. (180 Graus)

Cabras – O leite de cabra é potencialmente tido como um produto de inclusão da agricultura familiar no Nordeste, aonde a caprinocultura leiteira de base familiar vem se desenvolvendo em larga escala. A Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral/CE) implantou, em junho, o Sistema Agropecuário de Produção Integrada (Sapi) de Leite de Cabra, no semiarido nordestino. O projeto piloto funcionará no Cariri paraibano. O objetivo do Sapi é possibilitar uma produção econômica de alta qualidade, com métodos ecologicamente corretos, acompanhando todo o processo de produção, observando aspectos como condição sanitária, bem-estar animal, entre outros. A Paraíba é o estado que tem a maior produção de leite de cabra por dia (22 mil litros). Com a implantação do Sapi, a expectativa é duplicar essa produção, possibilitando, inclusive, a exportação. A pesquisadora da Embrapa Caprinos, Léa Chapaval, destaca algumas das vantagens do sistema. “Os consumidores poderão obter sempre alimentos sadios. A cadeia de supermercados terá informações sobre o produto e o produtor irá fornecer um produto diferenciado ao mercado”. O programa conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. (Agronline)

Inspeção  – A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados vai convocar o ministro da Agricultura, Abastecimento e da Pecuária, Reinhold Stephanes, para se manifestar a respeito da lei que rege a Inspeção de Produtos de Origem Animal (5.760/71) e a Operação Abate, da Polícia Federal (PF), realizada nos Estados de Rondônia e Mato Grosso. A data para a audiência pública deverá ser definida em agosto. A Operação Abate é resultado de investigações da PF e do Ministério Público Federal para apurar a prática de diversos crimes cometidos para favorecer empresas frigoríficas, laticínios e curtumes fiscalizados pela Superintendência Federal da Agricultura em Rondônia (SFA). Durante a operação realizada em junho passado, foram presas 22 pessoas por crimes de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica, concussão (servidor que exige propina) e prevaricação. Também foram expedidos 43 mandados de busca e apreensão. (Agência Câmara)

Leite/AR – A grave situação que afeta os produtores de leite e a indústria de laticínios em geral tem prazo: agosto. A cadeia láctea e o governo deveriam entrar em acordo, antes do final deste mês, uma vez que até lá irá começar o plantio de grãos e muitos produtores podem mudar de ramo, se os preços não melhorarem. Também começam as chuvas, e isto aumenta a produção de leite. Se houver aumento da oferta, o preço médio atual de 0,77 pode cair ainda mais. Tudo isso ocorre em um cenário pouco favorável. Os preços do mercado internacional não reagem, e 20% da produção é destinada à exportação. O consumo interno continua baixo, em decorrência da crise, e as expectativas são de queda ainda maior. E, a seca diminui as forragens, aumentando o custo de produção. (La Voz)

Leite/UE  – A Comissão Europeia irá rejeitar qualquer congelamento ou corte no sistema de cotas de produção de leite, apesar da demanda de produtores alemães e franceses, de acordo com o rascunho de um documento obtido pela agência de notícias AFP. O resultado das negociações sobre a questão indica que a comissão irá “excluir ideias de corte de 5% ou de congelamento da oferta”, como aponta o documento a ser publicado na próxima quarta-feira. (Agência Estado)

Leite/UE – Os produtores europeus mostram suas divergências diante do Parlamento Europeu (PE), e dificultam soluções para o baixo preço do leite. De um lado a European Milk Board (EMB), com sede na Alemanha, e que representa os produtores de mais de 20 países, quer o congelamento da liberação das cotas, posição também defendida pelos produtores franceses. De outro lato tem a Copa-Cogeca, Confederação dos sindicatos agrícolas europeus, que junto com a União Europeia (UE), não acredita que o congelamento das cotas resolva o problema. O secretário geral da entidade, Pekka Pesonen, diz que muitos países nem atingem as cotas atuais, ou seja, o produtor está se adequando ao mercado. A organização pede que sejam utilizados os mecanismos de preços mínimos existentes, promova o consumo de leite na Europa e aumente a transparência nas margens de lucro da distribuição, para melhorar a remuneração aos produtores. Não haverá melhora no mercado de lácteos antes de julho de 2010, sem a intervenção da Comissão Européia (CE) na gestão dos estoques, disse o industrial francês, Christian Mazuray, ao Ministro da Agricultura, Bruno Le Marie. De acordo com Christian “sua empresa não para de se reestruturar, alterando estratégias, mas o preço do leite está dentro da realidade européia. Os produtores não podem mais suportar os custos, e as indústrias de laticínios não tem capacidade de sustentar os produtores. A solução terá que ser coletiva”. (Agrisalon)

Negócios

Sorvete – Com investimento de R$ 2,5 milhões, a VIB Indústria e Comércio Ltda, do empresário Gutemberg Pereira, instalará uma fábrica de sorvetes no Distrito Industrial de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, no mesmo prédio onde funcionou a desativada indústria Lumes Têxtil. A VIB criará 150 novos empregos. A implantação da VIB — que tem também uma fábrica de sorvetes em Messejana — é acompanhada pela Audísio Aquino Consultores. (Diário do Nordeste/CE)

Expocapri – A 3ª Feira de caprinos e ovinos no sertão pernambucano, III Expocapri, começa no próximo dia 30 e vai até 2 de agosto no município de Salgueiro, a 509 quilômetros do Recife. Terá a participação de 250 expositores e 1.600 animais em exposição. Segundo os organizadores deverão ser realizados negócios de R$ 500 mil e deverão circular cerca de 10 mil pessoas. Os produtores terão oportunidade de participar de cursos sobre inseminação artificial em cabras, além de palestras sobre manejo e fitoterapia aplicada à caprinovinocultura. O destaque competitivo da mostra vai para os três concursos: leiteiro, de peso e julgamento de raças caprinas e ovinas. De acordo com informações da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, a caprinovinocultura pernambucana reúne 2,6 milhões de cabeças. A exploração da atividade resulta na produção de carnes, peles, lã, leite e derivados. (Nordeste Rural)

Barry Callebaut – A Barry Callebaut – cuja produção anual de mais de 1,1 milhão de toneladas de artigos de cacau e chocolate faz dela a maior produtora mundial – desenvolveu um tipo de chocolate com propriedades inteiramente novas. De acordo com o principal pesquisador da empresa, Hans Vriens, o chocolate apresenta 90% menos calorias do que o produto comum. Além disso, as altas temperaturas não parecem afetá-lo – a menos que, por acaso, ultrapassem os 55°. Dependendo da sua composição, o chocolate tradicional começa a derreter a partir dos 30°. E foi isso que inspirou o nome experimental que os desenvolvedores atribuíram ao novo produto: “Vulcano.”(O Estado de SP)

Agronegócio/NE – Os estados da Bahia, Ceará e Alagoas foram os maiores exportadores do agronegócio nordestino, respondendo por 75,5% do total. A Bahia liderou em termos absolutos, com avanço de US$ 1,1 bilhão nas vendas externas. Pernambuco, por sua vez, foi o maior importador, com US$ 572,9 milhões. No ano passado, as exportações do agronegócio regional atingiram US$ 6,6 bilhões, registrando um aumento de 32,7% sobre o ano anterior. No mesmo período, a região importou US$ 1,8 bilhão, aumento de + 35,1%. Os dados são do Banco do Nordeste. (Nordeste Rural)

Setoriais

Pastagem – Agricultores do Rio Grande do Sul estão tendo problema para alimentar o gado. O plantio das pastagens atrasou por conta da seca dos primeiros meses do ano. Agora com o frio, o desenvolvimento das plantas está mais lento. O seu Nei Quevedo acompanha com preocupação o rebanho de 43 vacas. Ele disse que os animais perderam peso e a produção de leite, que era de mil litros por dia, caiu pela metade. A silagem está sendo racionada para alimentar os terneiros. O período de plantio da aveia encerrou em maio, mas ele preferiu não deixar as sementes no galpão e decidiu plantar junto com as de azevém. (Globo Rural)

Milho – As exportações brasileiras de milho, que começaram o ano com grandes volumes embarcados, estão em ritmo lento, com preços pouco competitivos para vendas externas, demanda claudicante e câmbio menos atraente, de acordo com especialistas. No primeiro semestre, as exportações somaram 3,4 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura. Ainda sob o efeito do bom início de ano, o volume cresceu em relação ao mesmo período de 2008 (2,9 milhões). Mas, se as condições de mercado perdurarem, é improvável que as vendas fiquem acima do total do ano passado (6,4 milhões de toneladas). (Valor Econômico)

Amaggi – A trading Amaggi, braço de comercialização e exportação do Grupo André Maggi, planeja expandir seus negócios para as regiões Sul, Norte e Nordeste do País até o final de 2010. Atualmente, a empresa atua nos Estados de Mato Grosso e Paraná, onde financia o plantio dos produtores, compra e comercializa soja e milho. (O Estado de SP)

Economia

IPA – O IPA (Índice de Preços por Atacado) apresentou queda de 0,56% na leitura apresentada hoje, contra queda menor, de 0,21%, um mês antes. O índice referente a Bens Finais recuou de 0,28% para ligeira queda de 0,03%, com a contribuição do subgrupo alimentos in natura (de -0,89% para -4,57%). Já os preços dos itens minério de ferro (-16,12% para -7,02%), suínos (-6,39% para 2,03%) e leite in natura (7,84% para 8,48%) avançaram. (Folha de SP)

IGP-M – O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) voltou a registrar deflação em meados de julho, influenciado pelos preços no atacado, em particular os produtos agrícolas. O indicador caiu 0,27% na segunda prévia de julho –que mediu a variação dos preços entre 21 de junho e 10 de julho, ante alta de 0,07% em igual período de junho, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), nesta terça-feira. (Jornal do Brasil)

Confiança  – A confiança do empresariado brasileiro em relação à economia do país e às suas próprias empresas cresceu significativamente e já está alcançando patamares superiores aos registrados no período imediatamente anterior à chegada da crise no Brasil. A constatação é do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), divulgado trimestralmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice revelou um crescimento bastante acentuado do otimismo empresarial no segundo trimestre de 2009, na comparação com o primeiro e, também, na comparação sazonal entre julho de 2009 e julho de 2008. Segundo o Icei, que varia em um intervalo que vai de zero a 100 pontos, a confiança da indústria na economia brasileira e nas empresas registrou 58,2 pontos em julho de 2009. Em abril, este número estava em 49,4 e, em julho de 2008, 58,1. É a primeira vez que o Icei registra otimismo das empresas em 2009. (Agência Brasil)

Duas pesquisas divulgadas ontem mostram que o empresariado retoma a confiança na economia brasileira. O Índice de Confiança do Empresário Industrial, medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresentou recuperação no início do terceiro trimestre e voltou aos níveis anteriores à piora da crise econômica. E, segundo o Sensor Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a expectativa do setor produtivo brasileiro com a economia brasileira chegou a 9,82 pontos em junho, ainda na zona de apreensão, mas, o melhor dos seis resultados da série que começou neste ano. (Valor Econômico)

Exportações – As exportações brasileiras acumulam queda de 30% em julho em relação ao mesmo período de 2008. As vendas para o exterior somaram no período US$ 8,088 bilhões. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, na comparação com junho deste ano, houve uma queda de 9,7% na média diária de exportações. (Valor Econômico)

Importações – As importações também apresentam queda neste mês. Foram comprados do exterior US$ 5,937 bilhões, queda de 38,7% na comparação com julho de 2008 e de 2,6% em relação ao mês passado. No acumulado do ano, as exportações somam US$ 78,04 bilhões, queda de 22,7% pelo critério da média diária. As importações (US$ 61,9 bilhões) registram um recuo de 29,6%. (Valor Econômico)

 

Globalização e Mercosul

Argentina – A pobreza na Argentina atingiu 12,7 milhões de pessoas (31,8% da população) e a indigência afetou 4,7 milhões, (11,7% da população), no primeiro semestre de 2009, segundo levantamento realizado pela consultoria Ecolatina. A pesquisa sobre o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da consultoria mostra que a cesta básica de alimentos subiu 11,3% em junho e acumula alta de 5,1% em 2009. O índice da cesta básica é usado para medir a linha de indigência. Segundo a pesquisa, mais de dois terços da alta da cesta foram provocados pelos aumentos de preços em produtos como batata inglesa, carne e leite. (Agência Estado)

Protecionismo  – Dez meses depois do agravamento da crise econômica mundial, o Brasil está entre os países que mais sofreram com medidas protecionistas. Dezessete medidas de onze países já foram adotadas e atingem produtos brasileiros. O dado faz parte de um levantamento da entidade Global Trade Alert, financiada pelo Banco Mundial (Bird) e pelo governo britânico para monitorar a proliferação de medidas protecionistas pelo mundo. Nos Estados Unidos, pelo menos três medidas podem afetar as exportações brasileiras. Uma é o aumento de subsídios desde dezembro para a produção de papel. Em maio, houve a adoção de subsídios ao setor lácteo, além da imposição de taxas para bens importados nessa área. Em fevereiro, o governo americano anunciou mais restrições para a contratação de estrangeiros em empresas que tenham sido auxiliadas por pacotes de resgate do governo. Trabalhadores brasileiros, mexicanos, paquistaneses, filipinos e outros estrangeiros devem ser afetados. (O Estado de SP)

Seguindo a tendência do último mês, os preços ao produtor mantiveram ritmo de alta. De acordo com os dados do Cepea-Esalq/USP, em junho a alta foi mais expressiva, resultando no maior reajuste do ano, de quase 7%, com a média nacional em R$ 0,7086/litro. Na primeira quinzena de julho, novos reajustes foram reportados por empresas consultadas pelo MilkPoint. Mas os produtores não se entusiasmaram com os reajustes: perdas acumuladas ao longo de meses, a experiência frustrante do final de 2007 e de 2008, custos mais altos de produção e preços acima de R$ 2,50 para o leite UHT no varejo – gerando certo senso de injustiça – fizeram com que o produtor mantivesse a produção sob controle, sem grandes investimentos. Ao menos por enquanto.

Há, também, a questão climática. Em entressafra, a produção no Sudeste e Centro-Oeste permanece reduzida, sendo que mesmo em regiões mais especializadas (que normalmente têm aumento de produção devido ao fornecimento de suplementação alimentar), a produção não mostrou reação. No Sul, além de atrasada devido a fatores climáticos, a safra iniciou-se em ritmo mais lento. Os produtores, alertas em relação a um passado recente (2007) – em que preços altos estimularam fortemente a produção, com consequente queda de preços -, não se mostram estimulados para investir na produção. De acordo com o Índice de Captação de Leite do Cepea, a produção de maio foi 2,44% menor que a de abril. Nos primeiros 5 meses do ano, o volume captado foi 6,76% menor que o do mesmo período do ano passado. Mas a diferença está se reduzindo.

Aliada à oferta restrita de leite, a alta nos preços do leite UHT no atacado e varejo certamente influenciaram o aumento de preços ao produtor – apesar do descontentamento dos produtores pelo fato de que esse aumento não ocorreu na mesma proporção. Contudo, o leite UHT é apenas um dos produtos derivados (importante, claro, na formação de preços, já que mais de 30% do processamento de leite é direcionado para o longa vida). Nesse sentido, leite em pó e os queijos precisam também ser considerados. Analisando o gráfico 1 – variação de preços no varejo pelo IPCA, medido pelo IBGE, e que engloba o UHT no item pasteurizado -, vê-se que o UHT foi o único item que apresentou crescimento significativo de preços. No entanto, mesmo que em proporções bem menores, queijos e leite em pó também tiveram reajustes.

Gráfico 1. Variação dos preços no varejo, de acordo com o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – medido pelo IBGE.

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No atacado, o UHT também se mostra como o produto com alta mais expressiva; porém, os queijos também tiveram reação. De abril para maio, a alta no preço da mussarela, segundo o Cepea, foi de 10,9%. Segundo informações de agentes de mercado consultados pelo MilkPoint, a média do quilo do produto no atacado, em junho, era de R$ 10,00, sendo que em julho o quilo foi negociado, em média, a R$ 11,50.

O gráfico 2 mostra os preços de venda no atacado menos o preço da matéria-prima. Nota-se que, a partir de março, a diferença entre o preço no UHT no atacado e o preço ao produtor ficou maior, denotando a alta de preços do leite longa vida. O mesmo ocorreu com os queijos, em abril. Já com o leite em pó, a situação se inverte – preços do produto em queda e alta no preço ao produtor, fez com que a curva, para esse produto, ficasse decrescente, estabilizando em maio.

Gráfico 2. Preço de venda no atacado menos custo da matéria-prima, ajustado para base 100 (jan/07).

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Do lado do produtor, apesar dos últimos reajustes, a situação não é de todo favorável. As perdas acumuladas no período de junho a dezembro de 2008, além de custos de produção crescentes, foram motivos para os produtores – apesar da reação dos preços – não se sentissem motivados para aumentar a produção. De acordo com o ICPLeite/Embrapa, nos cinco primeiros meses do ano a alta nos custos foi de 3,59%. Nos últimos 12 meses, a elevação no custo dos insumos foi de 7,71%. O índice RMCR – Receita Menos Custo de Ração – elaborado pelo MilkPoint – apesar de ter melhorado nos últimos meses, ainda é inferior ao registrado em períodos anteriores, de preços melhores e/ou custos mais baixos.

O que esperar para frente?

Mesmo em níveis inferiores, a RMCR não está de todo ruim. Além disso, a previsão é de baixa no preço da proteína vegetal (soja), em função da maior safra americana; a menor demanda por milho para produção de energia deve dar pouco espaço para altas das cotações. Essas condições devem favorecer um aumento de produção de leite de outubro em diante, ou mesmo antes, caso a safra do sul comece a crescer com força. Chuva e frio estão retardando o crescimento das pastagens no Sul, resultando em aumento lento da oferta.

No aspecto da demanda, já se vê um recuo nos preços do longa vida. De acordo com agentes do setor consultados pelo MilkPoint, o preço no atacado caiu nos últimos 15 dias, sendo cotado, em média, a R$ 1,90/litro no Centro-Oeste e Sudeste e R$ 1,85 no Sul. No varejo, os preços estão estáveis, mas algumas redes varejistas já estão fazendo promoções. Esses dados podem indicar que os preços ao produtor não devem subir mais, sendo essa também a opinião da maioria dos agentes consultados – estabilidade de preços no pagamento de agosto (referente ao leite de julho), principalmente na segunda quinzena. O Conseleite-PR projetou, para o pagamento de julho, valor já praticamente estável em relação ao pagamento de junho (valor projetado para julho, leite padrão, é de R$ 0,7128 – posto plataforma, bruto -, sendo R$ 0,7100/litro o valor final de junho). A margem da indústria de UHT, no entanto, continua bastante favorável apesar do recuo dos preços no atacado.

O que realmente preocupa é o cenário externo. Os preços do leite no Brasil, em dólar, estão bem acima dos preços vigentes em vários concorrentes (gráfico 3). Dados da LTO Nederland mostram que, em dólar, o preço do leite no Brasil está acima dos valores dos EUA e da Nova Zelândia, sendo superado apenas pelos preços praticados na Europa (e mesmo assim, já ficaram bem próximos nas cotações de maio).

Gráfico 3. Preço pago ao produtor em diferentes países, em dólar.

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Dentre os fatores apontados para essa causa, a valorização do real frente ao dólar é relevante. Segundo o Índice Big Mac, tradicional ranking elaborado pela revista britânica “The Economist”, o real estaria com uma sobrevalorização de 13% em relação ao dólar, o que fez o Brasil superar os Estados Unidos no valor em dólares do sanduíche Big Mac. Na avaliação da revista, uma moeda excessivamente valorizada encarece os produtos de um país e os tornam menos competitivos no exterior. Como o Real está, em termos de PPP (Paridade do Poder de Compra), mais valorizado do que o dólar, isso faz com que estejamos sem competitividade externa para exportar leite, cujos preços lá fora seguem andando de lado, em um patamar baixo.

E tudo indica que a valorização do real vai continuar. E mais, há quem diga que vai piorar, ou seja, não se pode esperar uma mudança em relação à competitividade do leite brasileiro no mercado internacional. Em relação aos preços externos dos lácteos, o mercado também não espera mudanças significativas nos próximos meses.

O principal aspecto que mantém os preços internos acima dos externos é, no entanto, o travamento às importações de leite. As restrições às importações de lácteos oriundas de diversos países, criam uma situação interna bastante particular e, com isso, fazem com que o comportamento do mercado interno – em especial a subida do leite UHT – se reflita nos preços ao produtor, gerando um cenário distinto do panorama global. Portanto, se essas restrições forem mantidas, deveremos ter mais algum tempo de calmaria, até que o estímulo à produção interna diante dessa conjuntura possa desequilibrar oferta e demanda. Caso não mantidas, teremos uma grande quantidade de leite entrando no país, e não só do Mercosul: hoje, fazendo as contas, é viável importar da Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos e até da União Europeia, com anti-dumping e todas as tarifas.

É uma situação incômoda: preços ao produtor valorizados se comparados com a média mundial, mas não tão atrativos quando comparados com os custos de produção. E, principalmente, com os bons preços atingidos pelo UHT no atacado (e, em menor grau, ao queijo).

Associação das Pequenas e
Médias Indústrias de Laticínios
do Rio Grande do Sul

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