Aconteceu – Entre os fatos de destaque divulgados pelo Selectus na semana anterior estão: criadores de Goiás estão preocupados com a queda no preço do leite; cai a produção de leite em Sergipe; associados da Cooperativa Agropecuária Regional de Montes Claros (Coopagro) vão discutir a proposta de terceirização ou revitalização da usina de leite; a Danone quer produzir a sua linha Activia no Ceará para reduzir os preços para o consumidor final na Região; o Boletim do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), informa que houve uma queda considerável no poder de compra do leite em relação aos cereais; a Conab realizará, no dia 3 de março, leilão de prêmio para o escoamento de 200 milhões de litros de leite de vaca in natura e o Geoleite, programa que prevê o georreferenciamento de propriedades rurais produtoras de leite no Rio Grande do Sul, começa a tomar forma. (www.terraviva.com.br)
Lácteos/UE – Os subsídios anunciados há um mês para os derivados de lácteos produzidos pelos países do bloco europeu não foram suficientes para gerar demanda externa e esvaziar os estoques, mas já surtem efeitos no mercado doméstico brasileiro. As principais indústrias de leite em pó frearam a produção em favor do envase de leite longa vida. Até quem não estampava a marca na versão líquida da bebida optou por entrar nesse mercado. Fontes do setor afirmam que uma grande empresa de lácteos instalada no Brasil estaria planejando lançar o longa vida nos próximos meses. (Gazeta Mercantil)
Preços – A decisão teria sido motivada pela invasão de leite no mercado interno, “boa parte proveniente da Argentina via triangulação com o mercado europeu”. Esse é só um dos efeitos agora acentuados pela ampliação dos prêmios e formação de estoques de intervenção definida pela Comissão Europeia em Bruxelas. Desde o fim do ano passado, o preço pago ao produtor mantém-se praticamente estável. De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Agrícola (Cepea), a média Brasil registrada em fevereiro continua na casa dos R$ 0,59. “A maior variação não ultrapassou meio centavo e foi no Paraná”, informa Gustavo Bedusqui. (Gazeta Mercantil)
Bahia – Definir os caminhos do leite na Bahia para propor políticas públicas, que contribuam para tornar o estado auto-suficiente na produção com geração de emprego e renda. Esse é o principal objetivo da Câmara Setorial do Leite, prevista para ser criada em março deste ano, sob a coordenação da Seagri (Secretária da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária). Segundo o secretário Roberto Muniz, “a Seagri avançou com a criação da Câmara Setorial do Leite. É importante reafirmar a capacidade do órgão em ser uma articuladora das ações da agropecuária do estado”. “Essa câmara tem que ser atuante e deve envolver todos os atores no processo da cadeia produtiva”, explica o presidente do Sindleite (Sindicato das Indústrias de Lacticínios e Produtores Derivados do Leite do Estado da Bahia), Paulo José Cintra. (Agecom/BA)
Svisa/Lacen – A Superintendência de Vigilância Sanitária e Ambiental (Svisa) e o Laboratório de Saúde Pública (Lacen) definiram os alimentos que vão ser monitorados em 2009, levando em consideração o risco sanitário. A Svisa faz o monitoramento da qualidade dos alimentos expostos ao consumidor em Goiás em parceria com as vigilâncias sanitárias municipais. Dos produtos regionais foram selecionados leite (longa vida – UHT, em pó e pasteurizado), mel, sal, ovo, café, pesquisa de agrotóxicos em hortifrutícolas e pesquisa de medicamentos veterinários em leite. Serão monitoradas as propagandas nas rotulagens dos produtos infantis. A Vigilância Sanitária do município de Goiânia vai monitorar água mineral, queijo frescal, especiarias em pó entre outros. (Diário da Manhã)
Chile – A coleta de leite em janeiro registrou uma queda de 20%, segundo os últimos dados. Nos últimos 60 dias, entre 3 e 4 fazendas liquidaram seus negócios, e quem fica já está produzindo 30 a 40% menos que em janeiro, e mesmo assim a indústria continua reduzindo os preços. (Fedeleche)
Venezuela – Diante da queda dos preços do leite em pó no mercado internacional, a indústria venezuelana manifestou a intenção de reduzir os preços ao consumidor. Com os atuais preços da matéria prima, prevê-se a redução de aproximadamente 10% no preço final do produto no mercado interno. A redução será feita progressivamente, na medida em que as indústrias iniciem a renovação dos estoques. (El Universal)
Negócios
Chocolate – A Associação Brasileira da Indústria de Chocolate e Similares (Abicab) informou, conforme a Folhapress, que está otimista em relação à Páscoa deste ano, apesar da crise financeira internacional. A entidade acredita que as vendas poderão até superar as 22,9 mil toneladas de ovos e bombons de chocolate comercializados em 2007. A indústria faturou R$ 767 milhões no ano passado com a data. Segundo a Abicab, a indústria deverá contratar 25 mil trabalhadores temporários para a Páscoa. (Valor Econômico)
Setoriais
Soja – A safra nacional de soja deve ficar em 55,5 milhões de toneladas. A avaliação é da Agroconsult, após uma prévia do Rally da Safra 2009 em quatro Estados, onde foram analisadas as safra de milho verão e de soja precoce. Em Mato Grosso do Sul, a soja precoce, que representa 37% da safra, terá produtividade de 23,6 sacas por hectare. No Paraná, onde as regiões oeste, norte, noroeste e centro-oeste semearam 58% de soja precoce, a produtividade deverá ser de 31,1 sacas. O Rally ocorre de 8 a 14 de março, em 15 Estados. A quebra na safra de soja na Argentina está provocando a migração de importadores em busca do farelo brasileiro. Os preços estão sustentados e importadores estão até abrindo mão de algumas exigências. A preocupação quanto a oferta se deve ao receio de que a Argentina, maior exportadora mundial de farelo, tenha uma forte redução em sua safra. Estimativas conservadoras apontam quebra de 20%. Em janeiro, o Brasil exportou atípicas 937 mil toneladas de farelo, 39% mais que em mesmo mês do ano passado. De janeiro para fevereiro, o preço do óleo de soja recuou, na média mensal, 5,4%. A cotação da soja também caiu 3% no mesmo período. Assim, no complexo, apenas o farelo teve sustentação, com preços praticamente estáveis em R$ 871 a tonelada. (Gazeta Mercantil)
Preços – Levantamento realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) mostra alta de 1,78% nos preços recebidos pelo produtor paulista. Os produtos de origem vegetal tiveram alta de 1,97% e os de origem animal de 1,31%. As maiores altas foram: ovos (10,79%), laranja para mesa (10,35%), carne de frango (8,36%), amendoim (8%), trigo (7,10%), laranja para indústria (7,07%) e soja (6,86%). As maiores quedas foram: tomate para mesa (30,79%), banana nanica (20,12%), carne suína (18,89%) e feijão (12,33%). (Gazeta Mercantil)
Economia
IPC-S – O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) subiu 0,21% em fevereiro, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a entidade, este foi o menor resultado do IPC-S desde a primeira prévia de outubro de 2008, quando o índice subiu 0,16%. Inflação menos intensa ou início de deflação em classes de despesa de peso para o cálculo do IPC-S, como em Alimentação (de 0,31% para -0,12%); e em Educação, Leitura e Recreação (de 1,25% para 0,49%), levaram à taxa menor do índice em fevereiro. Caíram também os grupos Vestuário (de -0,57% para -0,71%) e Despesas Diversas (de 0,30% para 0,18%). Os outros apresentaram aceleração de preços. (Agência Estado)
Inflação – A crise econômica mundial diminuiu a pressão interna sobre os alimentos. Essa queda se reflete na inflação, desacelerando principalmente os índices de preços no atacado, que têm influência das commodities agrícolas negociadas no mercado externo. Aos poucos, essa queda chega ao bolso do consumidor. A soja, que recua na Bolsa de Chicago, por exemplo, provoca queda nos preços do óleo para os consumidores nos supermercados. Além de pressão menor dos preços que têm influências externas, a inflação também perde força por causa de produtos com negociações apenas internas, como os cereais. Com isso, alguns analistas preveem taxa de inflação próxima de 4% para este ano, o que vai facilitar a ação do BC em reduzir os juros. A grande demanda mundial por alimentos em 2008, quando a economia ainda crescia, levou a uma forte alta nos preços no atacado, empurrando os índices inflacionários para cima. Essa alta no atacado refletia a elevação recorde dos preços das commodities nas principais Bolsas agrícolas espalhadas pelo mundo. Heron do Carmo, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), diz que “inflação é ritmo” e os preços perderam velocidade com a desaceleração da economia. Segundo ele, os índices que mostram os preços dos alimentos apontam para essa desaceleração, que só não se transformou em profunda deflação porque houve a recuperação do dólar diante do real. A alta do dólar fez com que, mesmo com a queda dos preços das commodities, os produtores brasileiros perdessem menos. Com a alta da moeda norte-americana, receberam mais reais pelas vendas. Com isso, o consumidor paga menos pelos alimentos, principalmente pelos que têm comercialização internacional, mas a queda não afetou muito a renda dos produtores. Tendência indefinida O comportamento futuro dos preços dos alimentos está indefinido, mas Heron acredita que eles poderão ser responsáveis por uma taxa de inflação inferior a 4% neste ano. Para o economista, a queda abre caminho até para a redução maior dos juros. Apesar dessa pressão externa menor, os alimentos que são comercializados apenas internamente mantêm o sobe-e-desce conforme a sazonalidade. (Folha de SP)
Globalização e Mercosul
Rotulagem – A Associação Européia da Indústria Láctea (EDA) solicitou que na rotulagem dos alimentos não seja especificado o teor de gorduras trans, se elas estiverem no alimento de forma natural, como no leite ou na carne, pois, corre-se o risco de confundir o consumidor. A exigência só seria cabível quando a presença fosse decorrente do processo industrial. Entre as gorduras ‘trans’ formadas artificialmente estão as dos alimentos submetidos a hidrogenação, como as margarinas. A afirmação da EDA foi com base em um estudo da Comissão de Ambiente do Parlamento Europeu, que não detectou elevação do risco de doenças cardiovasculares no consumo de gorduras “trans” naturais por estarem presentes em níveis muito baixos. No entanto, apóia restrições às gorduras “trans” obtidas no processo industrial, por terem um nível de concentração muito alto. (Revista Frisona)
Selo/Argentina – O Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI) foi habilitado para desempenhar o papel de auditor do selo “ALIMENTOS ARGENTINOS, UMA ESCOLHA NATURAL”, marca registrada pela Secretaria de Agricultura que facilita a identificação dos alimentos e suas características. (El Cronista)
Preço/Uruguai – 2009 será um ano de poucos estoques em decorrência da seca, devendo haver aumento no preço dos grãos. Nos últimos 10 anos um produtor uruguaio precisava em média de 830 litros de leite para comprar uma tonelada de milho. Hoje já são 1.000 litros. Em 2009, a entrada do inverno será com pouco pasto. Mesmo projetando silos de grão úmido, ou mesmo de planta inteira de sorgo e/ou milho, estes cultivos foram muito afetados pela seca. Assim, a disponibilidade de alimentos será restrita e com preços muito altos. Pior, pois a seca também atingiu a Argentina. O poder de compra de milho com leite está em um dos piores momentos. (Infortambo)
Preço/Argentina – La Serenísima, a maior indústria láctea do país, que atende 15% do mercado interno, avisou que o preço para o leite entregue em fevereiro sofrerá significativa baixa. Em fevereiro os preços tornam a cair. Através de uma circular, La Serenísima informou que pagará 16,3 pesos pelo quilo de proteína, abaixo dos 19,75 pesos em janeiro, uma queda de 17,5%. Uma redução de 0,10 a 0,15 de pesos por litro, o significará um preço a receber de 0,65 a 0,70 pesos. A Mastellone também já informou que também pagará 16,3 pesos pelo quilo da proteína. A Sancor, que pagou 70% da recepção a 1 peso, mas os 30% restante 0,50 de peso por litro, no mês de janeiro, ficando na média a 0,80 pesos pelo litro, não descarta redução para o leite de fevereiro. (El Cronista)
EUA – A aceleração da crise financeira mundial foi um golpe sério para o agronegócio dos EUA. As exportações totais do setor deverão recuar para US$ 95,5 bilhões no ano fiscal 2009 (outubro/08 a setembro/09), US$ 20 bilhões menos do que em 2008. Já as importações sobem para US$ 82,5 bilhões. Com isso, o saldo comercial agrícola recua para US$ 13 bilhões, contra US$ 36,1 bilhões no ano anterior. Como o crescimento das importações será de produtos tropicais, o Brasil eleva as vendas deste ano para os EUA para US$ 2,7 bilhões, 4% a mais do que em 2008. (Folha de SP)
Argentina – O governo argentino poderá assumir a comercialização da produção agrícola do país, em um movimento que está sendo interpretado localmente como estatização da atividade, atualmente dominada pelas grandes traders multinacionais de cereais como Cargill, ADM, Louis Dreyfus, Bünge e a argentina Deheza. Para isso, seria criada uma Agência de Comercialização que compraria a produção e asseguraria os preços ao produtor, além de controlar as exportações. Sobraria para as traders a aquisição de matéria-prima para processamento e exportação. A notícia caiu como uma bomba, no meio das negociações entre o governo e o campo para a retomada do diálogo, cortado desde julho de 2008. (Valor Econômico)
Indústria brasileira investe mais em longa vida
Os subsídios anunciados há um mês para os derivados lácteos produzidos pelos países do bloco europeu não foram suficientes para gerar demanda externa e esvaziar os estoques do velho continente, mas já surtem efeitos no mercado doméstico brasileiro. As principais indústrias de leite em pó frearam a produção em favor do envase de leite longa vida. Até quem não estampava a marca na versão líquida da bebida optou por entrar nesse mercado.
Fontes do setor afirmam que uma grande empresa de lácteos instalada no Brasil estaria planejando lançar o longa vida nos próximos meses. Além das políticas protecionistas, a decisão teria sido motivada pela invasão de leite no mercado interno, “boa parte proveniente da Argentina via triangulação com o mercado europeu”.
Esse é só um dos efeitos agora acentuados pela ampliação dos prêmios e formação de estoques de intervenção definida pela Comissão Europeia em Bruxelas. Desde o fim do ano passado, o preço pago ao produtor mantém-se praticamente estável. De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Agrícola (Cepea), a média Brasil registrada em fevereiro continua na casa dos R$ 0,59. “A maior variação não ultrapassou meio centavo e foi no Paraná”, informa Gustavo Bedusqui.
A matéria é de Gilmara Botelho, publicada na Gazeta Mercantil.