Notícias 31.08.09

Entre os fatos de destaque divulgados pelo Selectus na semana anterior estão: ranking das indústrias de laticínios; as importações de leite e derivados em agosto de 2009; o pequeno produtor de leite do Ceará ameaça sair do ramo em razão do baixo preço; o paulistano tem pago R$ 1,89 pelo litro de leite; aprovado Projeto de Lei 2663/03, do deputado Sandro Mabel (PR-GO), que obriga os fabricantes de produtos que contenham lactose a informar essa característica, no rótulo ou embalagem; autorregulamentação da propaganda de alimentos; a Camex decidiu limitar em 10 mil toneladas a cota de importação de leite do Uruguai; Laticínios Bom Gosto aposta em um ritmo acelerado de expansão para fazer frente à competição do setor lácteo e a reação brasileira ao aumento das importações de leite em pó do Uruguai. (www.terraviva.com.br)

Preços – Veja na tabela abaixo, os preços médios de janeiro a agosto de 2009, e igual período de 2008, do litro de leite recebido pelos produtores em sete Estados do Brasil. )

 

 

Preços  – A produção de leite aumentou 2,4% em julho, segundo o Índice de Captação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O volume extra em relação à oferta de junho, no entanto, não pressionou as cotações na média geral das regiões acompanhadas pelo Centro. O preço bruto do leite ao produtor em agosto – produto entregue em julho – foi de R$ 0,7743/litro na média de sete estados pesquisados pelo Cepea (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA). Esse valor representa ligeiro aumento de 0,32% sobre o pagamento de julho. Nos três meses anteriores, houve reajustes de 6%, 7% e 9% respectivamente. Para o próximo mês, 73% dos compradores de leite, que representam 76% do volume total captado pelas empresas que compõem a amostra do Cepea, acreditam que os preços ao produtor cairão, sinalizando que o “pico” de preços deste ano teria passado. (Cepea) 

Lácteos – A Camex deve deliberar, em 30 dias, sobre a elevação das tarifas de importação de lácteos de países de fora do Mercosul. O governo federal tende a aumentar a taxa de 27% para 31%, mas, em alguns derivados, o percentual pode chegar a 55%. As projeções foram feitas pelo ministro Reinhold Stephanes, que descartou a ampliação da cota de importação de leite em pó do Uruguai. Segundo o ministro, até o final do ano, estão autorizadas somente as 10 mil toneladas acertadas previamente. O temor da Fetag era com o risco do ingresso extra de 6 mil toneladas no período, fato que prejudicaria ainda mais o preço do leite durante a safra. (Correio do Povo/RS)

Italac – A nova usina de beneficiamento de leite inaugurada neste mês em Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, aumentou em 17% a capacidade de processamento da Italac Alimentos, para 4,1 milhões de litros por dia. Segundo o presidente empresa, Cláudio Teixeira, a produção em Passo Fundo chegará, na primeira etapa, vai produzir leite longa vida para distribuição no Sul e Sudeste do país. A Italac não informou o valor do investimento, mas, o aporte na indústria foi de R$ 60 milhões. Conforme Teixeira, a unidade foi construída com recursos próprios e teve incentivos fiscais do governo estadual por intermédio do programa Fundopem, que permite adiar por até oito anos o início do recolhimento de até 75% do ICMS gerado pela operação. (Valor Econômico)

Nestlé – A Nestlé assume oficialmente o comando da fábrica da Parmalat em Carazinho em 1º de setembro. A unidade foi adquirida em agosto e, desde então, passa por processo de transição, fundamental no preparo de funcionários para a mudança sem prejuízo no andamento dos trabalhos. Conforme a assessoria de imprensa da Nestlé, informações sobre investimentos e a operacionalização da unidade, que tem capacidade para processar 1,6 milhão de litros por dia, serão divulgadas a partir da troca de comando. Com a fábrica em Carazinho, a Nestlé pretende fortalecer a produção de leite longa vida e ampliar a fabricação de produtos com diferencial nutricional. A unidade fica a 90km da fábrica da Nestlé de Palmeiras das Missões, que tem capacidade para processar até 1 milhão de litros de leite por dia. (Correio do Povo/RS)

Lácteos/Usda – No boletim do Departamento de Agricultura americano, a previsão é de que a produção de leite na União Européia deverá permanecer estável, apesar da liberação das quotas. O mercado lácteo mundial parece ter estabilizado, e mostra indícios de recuperação. No entanto, o preço ao produtor na União Européia ainda recuo, em decorrência da baixa demanda interna de produtos lácteos, que caiu 0,03%, em relação a 2008. O rebanho de vacas de leite em 2009, também deverá apresentar queda de 0,2%, em relação ao ano passado. Nos Estados Unidos a previsão é de que haja queda de 2% na produção de leite e 1,2% no rebanho leiteiro, devido aos baixos preços ao produtor e aumento nos custos de produção. (EfeAgro)

Saúde – Consumidores preocupados com a saúde do corpo e do planeta estão entre os principais alvos dos lançamentos das indústrias de alimentos na 28ª Convenção Gaúcha de Supermercados e Feira de Produtos, Equipamentos e Serviços para Supermercados – Expoagas 2009, que ocorreu essa semana no Centro de Exposições da Fiergs, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. De pacotes de arroz e cereais matinais até doces sem açúcar, empresas vêm ampliando suas apostas no segmento, lançando novidades ou ingressando em nichos em que antes não atuavam. É uma tendência. As pessoas querem saber o que estão comendo e desejam alimentos práticos – avalia o diretor-presidente, Walter Beiser. (Zero Hora/RS)

Espaço – A fusão entre Perdigão e Sadia, anunciada em maio, acendeu o sinal de alerta entre os supermercados. Afinal, em alguns segmentos, as duas empresas chegam a deter mais de 70% do mercado. Para não ficarem tão dependentes de um só grande fornecedor, supermercados começam a estimular empresas de alimentos a entrarem nas áreas ocupadas pela BRF – Brasil Foods (nome da empresa surgida da fusão entre as duas). E as empresas de alimentos não querem deixar passar essa oportunidade. (O Estado de SP)

Bertin – O grupo Bertin, decidiu dar um novo fôlego à marca Vigor, que completa 90 anos no mercado de leite e derivados. A partir de setembro, a marca estará também em hambúrgueres, pizzas e pães de queijo. Até o fim do ano serão adicionados 50 produtos à linha atual, de 78 itens, todos lácteos. “Queremos ocupar o mais rapidamente possível a lacuna deixada pela união da Sadia com a Perdigão”, diz o vice-presidente do Bertin S/A e responsável pela operação da marca Vigor, Fernando Falco. Nas contas dele, em algumas categorias de produtos as duas marcas detêm entre 70% a 80% de mercado. “Vamos conquistar de 10% a 15% desse naco em dois a três anos”, prevê. O plano inicial da companhia, anunciado no início deste ano, de direcionar a marca Vigor para produtos lácteos para as classes B e C foi totalmente refeito após a criação da BRF. A decisão, segundo Falco, foi fruto de pesquisas feitas com consumidores que mostraram a força da marca não só com leite, mas também com carnes e pratos prontos. (O Estado de SP)

Itambé – A forte queda nas exportações brasileiras de leite em pó este ano fez a mineira Itambé alterar seu plano de investimentos para 2009 e adiar a instalação de uma câmara de secagem de leite em sua unidade de Uberlândia. A central de cooperativas tinha, desde o ano passado, um crédito de R$ 140 milhões aprovado pelo BNDES, mas com o recuo nas vendas externas de leite em pó e a crise financeira global, solicitou a redução do valor a ser financiado para R$ 100 milhões, destinando R$ 40 milhões, em 2008, aumentar a capacidade da unidade de Uberlândia de 1,2 milhão de litros por dia para 1,440 milhão atualmente. R$ 30 milhões estão sendo usados na ampliação da planta de iogurtes de Pará de Minas. (Valor Econômico)

Laep – A Laep Investments, dona da Parmalat Brasil, teve prejuízo de R$ 449,5 milhões no ano passado. A perda é 664% maior que a registrada de 20 de junho a dezembro do ano anterior. A companhia, que captou R$ 507 milhões em outubro de 2007, enfrenta dificuldades e pretende renegociar as condições da recuperação judicial da Parmalat. O patrimônio líquido caiu de R$ 469 milhões para R$ 20 milhões de 2007 a 2008. A auditoria independente Ernst & Young apontou as dificuldades na continuidade dos negócios no parecer. (Valor Econômico)

Carrefour – O executivo-chefe do Carrefour, Lars Olofsson, concentra seus esforços no plano trienal de “transformação”, anunciado em junho, e em formas de reinventar o hipermercado, que vem sofrendo com a ascensão dos supermercados locais e das redes de desconto. Os hipermercados na França representam 23% das vendas do grupo. Embora 1 milhão de franceses compre diariamente alimentos em hipermercados Carrefour, o crescimento das vendas de produtos não-alimentícios vem mostrando-se fraco. O grupo informou que deve fazer uma economia de € 500 milhões este ano, como parte do plano de redução de € 3,1 bilhões em custos até 2012. A varejista pretende investir € 600 milhões em promoções – € 353 milhões já foram gastos no primeiro semestre. (Valor Econômico)

 

Setoriais

Safra – O milho e o tomate foram duas das culturas que mais perderam área na safra 2008/09 em São Paulo, segundo nova estimativa da Secretaria de Agricultura do Estado. No caso do milho, a área recuou 8% em comparação com a safra 2007/08. A produção caiu 10,9%, 3,3 milhões de toneladas, de acordo com a nova estimativa. (Valor Econômico)

Clima – Não estava previsto nos mapas agrícolas, mas o excesso de chuva ocorrida no mês de agosto prejudica e beneficia lavouras no cerrado brasileiro. A principal cultura prejudicada é a triticultura. As fortes chuvas, ventos e trovoadas na região central do Brasil tomaram o lugar do tempo seco e quente, que normalmente é característico do mês de agosto. A mudança deve interferir nas culturas, que estavam preparadas para passar por mais um mês de estiagem. É o caso do trigo que poderá ter perdas significativas. As frutas típicas do cerrado devem ser beneficiadas, assim como as flores, que abortariam muito na seca. As chuvas favorecem também toda a vegetação nativa, ao reduzir as queimadas. São beneficiadas ainda as lavouras irrigadas, pois há uma economia maior de água e energia. (Nordeste Rural)

Reciclagem – Com uma caixa de leite longa vida Tetra Pak, vazia e limpa, pode-se fazer uma carteira de festa. A ideia é fantástica. A receita e o modo de fazer foram retirados do site M de Mulher. (Artesão Mineiro)

 

Economia

Indústria – A produção industrial subiu 2,2% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, divulgou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com julho do ano passado, a produção caiu 9,9%. No ano, a produção acumula queda de 12,8% em relação ao mesmo período do ano passado e, em 12 meses, acumula recuo de 8%. O índice de média móvel trimestral da produção industrial subiu 1,3% no trimestre encerrado em julho ante o terminado em junho. (Agência Estado)

Projeção – O mercado financeiro reduziu pela quinta semana consecutiva a projeção para o IPCA em 2009. Segundo a Pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira, 31, pelo Banco Central (BC), a mediana das projeções caiu de 4,32% para 4,29%, se afastando ainda mais do centro da meta de inflação para o ano, que é de 4,50%, conforme determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Há um mês, a estimativa dos analistas para o IPCA em 2009 estava exatamente no centro da meta, em 4,50%. (Agência Estado)

 

Globalização e Mercosul

Crédito/EUA – Levantamento trimestral feito pelo Federal Reserve (Fed) de Chicago com instituições de financiamento agrícola mostrou que pioraram as condições de crédito dos produtores dos Estados Unidos. Uma das conclusões do estudo é que parte do setor agropecuário do Meio-Oeste do país enfrentará uma forte crise a menos que os preços dos produtos pecuários, como carne e leite, melhorem. O levantamento mostrou que o volume de empréstimos com problemas “sérios” ou “importantes”, segundo classificação do Fed, dobrou para 4% no segundo trimestre, ante o mesmo período do ano passado. (O Estado de SP)

Protestos/AR – Com uma greve de oito dias, começa o plano de luta contra a política do governo argentino para o setor agropecuário. Foram paralizadas as comecializações de grãos e gado na 6ª feira, na Argentina. Manifestações, como interrupção do trânsito em ruas e rodovias, bem como assembleias permanentes estão programadas. O campo convocou a greve, como forma de protestar contra o veto da presidenta, Cristina Kirchner, à lei que suspendia parcialmente as retenções sobre a comercialização dos grãos procedentes das localidades que sofreram com a seca este ano. O setor também recusa a prorrogação que o congresso concedeu ao executivo, para continuar legislando sobre tributos. (La Nación)

Consumo/UE – Segundo as primeiras estimativas da Eurostat, Instituto de Estatíticas da União Europeia, os preços na zona do euro, em agosto, apresentaram deflação de 0,2%, no terceiro mês consecutivo. Nos dezesseis países de moeda única, a baixa sem precedente de de 0,7% em julho, veio depois de uma recuperação de 0,1% em junho. Depois do aumento histórico de 4% registrado em julho de 2008, a inflação na zona do euro não para de cair, em decorrência do preço do petróleo e da pior recessão que a região atravessa, desde 1945. (La Tribune)

Cepea: preços ainda resistem a aumento da produção

A produção de leite aumentou 2,4% em julho, segundo o Índice de Captação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O volume extra em relação à oferta de junho, no entanto, não pressionou as cotações na média geral das regiões acompanhadas pelo Centro. O preço bruto do leite ao produtor em agosto – produto entregue em julho – foi de R$ 0,7743/litro na média de sete estados pesquisados pelo Cepea (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA). Esse valor representa ligeiro aumento de 0,32% sobre o pagamento de julho. Nos três meses anteriores, houve reajustes de 6%, 7% e 9% respectivamente.

Para o próximo mês, 73% dos compradores de leite, que representam 76% do volume total captado pelas empresas que compõem a amostra do Cepea, acreditam que os preços ao produtor cairão, sinalizando que o “pico” de preços deste ano teria passado.

Pesquisadores do Cepea explicam que dois fundamentos principais justificam a expectativa de baixa dos compradores – a propósito, são os mesmos que deram sustentação aos aumentos recentes. Um é o volume de leite produzido e o outro, o comportamento dos derivados no mercado atacadista.

Pelo lado produção, é normal haver retomada do volume nesta época do ano devido à suplementação que continua sendo oferecida ao rebanho da região Centro-Sul e também pelo fato de a produção gaúcha ser favorecida nesta época pelas pastagens de inverno. A oferta nacional, normalmente, se mantém crescente até dezembro.

Na parcial deste ano, no entanto, o volume captado está 6% menor que o do mesmo período do ano passado. Pesquisadores do Cepea explicam que isso reflete o forte aumento da produção no segundo semestre de 2007 e primeiro de 2008, quando o preço do leite ao produtor e também a relação de troca por alimentos (milho e farelo de soja) estiveram bastante atrativos. Já se a comparação do volume dos sete meses de 2009 for feita com igual período de 2007, constata-se aumento de 14,19%, o que representaria margem de crescimento por volta de 7% ao ano.

Quanto ao segmento de derivados, o preço do UHT, que havia subido muito até junho – chegou a R$ 2,13/litro no atacado, maior preço nominal e deflacionado da série do Cepea iniciada em julho de 2004 – recuou 13,2% em julho, com a média passando para R$ 1,85/litro. Essa tendência de queda dos valores perdura em agosto, conforme levantamentos preliminares.

Agosto – Entre os estados da pesquisa do Cepea, somente o Rio Grande do Sul e a Bahia registraram aumentos de preços, mesmo assim inferiores a 2 centavos por litro. Com isso, os preços brutos, sem o desconto do frete e de 2,3% do CESSR, nestes dois estados fecharam em R$ 0,7509/litro e R$ 0,6234/litro, respectivamente. Ao mesmo tempo, no Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, as variações, para cima ou para baixo, foram de até 0,5 centavo/litro. São Paulo continuou com a maior média, de R$ 0,8171/litro.

Em Santa Catarina, o recuo foi de 1,4 centavo/litro, com a cotação média do estado em R$ 0,754/litro. Já para os produtores sul-mato-grossenses, a queda chegou a 4,7 centavos/litro, que resultou num preço médio de R$ 0,6063/litro, tornando-se assim a menor cotação dos nove estados acompanhados pelo Cepea.

Gráfico 1. ICAP-L/Cepea – Índice de Captação de Leite – JULHO/09. (Base 100=Junho/2004).

Clique na imagem para ampliá-la.

Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em AGOSTO/09 referentes ao leite entregue em JULHO/09.

Clique na imagem para ampliá-la.

Tabela 2. Médias estaduais das novas regiões – RJ e MS.

Clique na imagem para ampliá-la.

Gráfico 2. Série de preços médios pagos ao produtor – deflacionada pelo IPCA

(média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA).

Clique na imagem para ampliá-la.

As informações são do Cepea-Esalq/USP

Associação das Pequenas e
Médias Indústrias de Laticínios
do Rio Grande do Sul

Avenida Celina Chaves Kroeff, s/n
Parque de Exposições, Quadra 19
93270-530 – Esteio/RS
secretaria@apilrs.com.br