Notícias 27.01.09

Importações – Os números preliminares da média diária de janeiro de 2009 das importações de leite e derivados, em dólar, são 55,47% maiores que a média de dezembro de 2008. Veja no quadro as médias, considerando apenas os dias úteis das importações efetivas em dólar. (www.terraviva.com.br)

 

 

PEP – A Conab realiza, amanhã, novo leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para 200 milhões de litros de leite. O objetivo é dar sustentabilidade ao preço, e o valor de abertura é de R$ 0,07 por litro. Para a região Sul, serão ofertados contratos para 65 milhões de litros. O produto deve ser escoado para Acre, Amapá ou Roraima. Esta será a segunda oferta de PEP para leite de 2009. A expectativa do gerente de operações da Conab/RS, Gilson da Costa Pereira, é que a procura seja maior neste pregão, devido ao pico de safra. Na venda passada, foram negociadas 38 mil das 200 mil toneladas ofertadas. Podem participar cooperativas e indústrias que beneficiam o leite, ou comerciantes que terceirizam o processamento. O arrematante poderá adquirir até cinco mil litros de cada produtor. O pagamento vai até 30 de junho. O prazo para comprovação do escoamento é 27 de novembro. (Correio do Povo/RS)

Produção x Importação – Preliminarmente, o cruzamento de dados do IBGE, MDIC e CEPEA, mostra uma perda percentual na produção de leite no Brasil, e um aumento no gasto em dólares com a importação de produtos lácteos (NCMs 0401 a 0406), no final de 2008.

Subsídios  – As exportações de lácteos sem subsídios da União Europeia não duraram nem dois anos. Os prêmios pagos pelo escoamento da produção pelo bloco europeu – extintos em maio de 2007 – quando a cotação da tonelada de leite em pó no mercado internacional estava prestes a bater o recorde de US$ 5,7 mil, retornam com o preço da mesma tonelada a US$ 2,3 mil e uma crise instaurada na economia mundial, com agravantes peculiares que atingem em cheio o setor. Para cada tonelada de óleo de manteiga negociada no mercado internacional, as indústrias de lácteos europeias passam a receber um prêmio de € 545. A mesma quantidade de leite em pó desnatado negociada fora da Europa vai render outros € 170. O bloco europeu vai subsidiar ainda as exportações de manteiga, € 450, e queijo ementhal, € 220. De acordo com estimativas dos analistas de mercado de lá, a União Europeia entrou em 2009 com 160 mil toneladas de leite desnatado estocadas e as projeções indicam que, mesmo com o subsídio, 168 mil toneladas do produto estarão nos estoques das indústrias ao final de 2009. Já as 160 mil toneladas de manteiga estocadas no período pelo setor sofreriam redução de 10 mil toneladas em um ano. Em 2007 haviam apenas 80 mil toneladas de manteiga em poder da indústria. O volume de queijos ementhal e outras variedades, estocado ficou 60 mil toneladas maior em 2008. Otávio Farias, da trading Alliance Commodities Brasil argumenta que a desvalorização do euro teria retardado esta decisão já esperada pelos exportadores. Ainda de acordo com ele, alguns agentes do setor avaliam que os subsídios anunciados não serão suficientes para motivar o aumento da oferta no mercado de leite europeu. Farias acredita que o Brasil, assim como outros exportadores, será diretamente impactado pela volta da ajuda oficial europeia. Porém, “o Brasil tem menor dependência das exportações de leite”. Apenas 3% da produção nacional ganhou o mercado externo, em especial a Venezuela que contratou 50% dos embarques brasileiros. Já Nova Zelândia, maior exportador mundial, e Austrália “sofrerão mais pela dependência do mercado externo para mover excedentes”. (Gazeta Mercantil)

Preços – Ainda não foi alterada a tendência de queda nos preços do leite no mercado mundial. A cotação da última quinzena, encerrada em 23 de janeiro de 2009, para o leite em pó integral ainda teve a cotação inferior aos preços apresentados na 6ª feira da quinzena anterior, 09 de janeiro de 2009. A tabela mostra as cotações quinzenais, mínimas e máximas, nos últimos 5 meses. (www.terraviva.com.br)

 

 

Negócios

Investimentos – A Embaré indústria de laticínios e candies, coloca ainda neste trimestre em operação novos equipamentos para aumentar sua produção para os mercados internos e externos. Foram investidos cerca de R$ 65 milhões na planta localizada em Lagoa da Prata (MG). (Gazeta Mercantil)

Castrolanda – Seguindo a estratégia de crescimento, a Cooperativa Castrolanda(PR) registrou em 2008 investimentos na ordem de R$ 40 milhões. Os recursos foram aplicados em todos os setores. Na pecuária leiteira, o principal investimento do ano de 2007, a Usina de Beneficiamento de Leite, já recebe ampliação de suas estruturas. Dois novos silos estão sendo construídos com capacidade para mais 200 mil litros de leite. (Safras)

 

Setoriais

Milho – A primeira estimativa de plantio de milho safrinha da Agência Rural indica área de 4,4 milhões de hectares na região centro-sul. Se confirmado, esse dado indicará queda de 7% em relação ao de 2008, um percentual bem abaixo do que se imaginava inicialmente. Os paranaenses, líderes de produção, devem semear 1,6 milhão de hectares, com recuo de 2% em relação á área do ano passado. Já Mato Grosso, o segundo maior produtor, terá queda de 15%, segundo a Agência Rural. Apesar de o país ter entrado neste ano com estoques elevados, o milho deverá atrair os produtores devido às perspectivas de melhora de preços, provocada pela forte quebra de produção na América do Sul. (Folha de SP)

Liberação – O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve liberar, nesta semana, R$ 700 milhões para financiar o capital de giro das cooperativas agrícolas. O anúncio foi feito, ontem, pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. O recurso será liberado por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES). O valor é parte dos R$ 2 bilhões prometidos por Stephanes no início do ano para facilitar a comercializacão da safra. Segundo ele, o governo ainda não definiu a fonte para o R$ 1,3 bilhão restante. O ministro ainda anunciou que o governo prorrogará por 90 dias o prazo para os bancos converterem os débitos dos produtores que aderiram à renegociação da dívida rural. Conforme Stephanes, a medida deve sair até a próxima semana. O prazo encerrou-se em 31 de dezembro. (Correio do Povo/RS)

Adubos – Os gastos com importações de adubos continuam em queda. Nas quatro primeiras semanas deste mês, somaram média diária de US$ 9,9 milhões, um recuo de 59% em relação a igual período do ano anterior. (Folha de SP)

Estiagem – O Rio Grande do Sul tem 85 municípios em situação de emergência devido à estiagem, segundo informações da Defesa Civil do Estado. As últimas cidades a decretarem emergência, na sexta-feira, foram Entre Rios do Sul, Garruchos, Miraguaí, Paulo Bento, Redentora, Rolador e Tenente Portela, todos nas regiões norte e noroeste do Estado. Segundo balanço da Defesa Civil, aproximadamente 150 mil pessoas foram afetadas diretamente pela falta de chuva. Nessas cidades, os problemas variam desde perdas nas lavouras de verão e das pastagens para o gado de leite e de corte até dificuldades no abastecimento de água para o consumo humano e animal. (O Estado de SP)

 

Economia

Alimentos – As indústrias de alimentos e bebidas investiram R$ 14,6 bilhões no ano passado, de acordo com a Pesquisa Conjuntural da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação – Abia. O resultado é ligeiramente inferior aos investimentos registrados em 2007, quando somaram R$ 15,5 bilhões. Segundo Edmundo Klotz, presidente da Abia, os fabricantes de refrigerantes e cervejas foram os que mais ampliaram os investimentos no ano passado. Além disso, os fabricantes de sucos também investiram mais, passaram de R$ 43 milhões para R$ 603 milhões. Para 2009, Klotz afirmou que o momento é de cautela. “O primeiro trimestre vai dar um quadro para as indústrias do setor de como será o ano. Os fabricantes vão analisar o desempenho do trimestre para depois definir os investimentos”, disse. (Gazeta Mercantil)

IPC – O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou inflação de 0,36% na terceira quadrissemana de janeiro, informou hoje a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O índice, que mede a inflação na cidade de São Paulo, avançou em relação à segunda quadrissemana (0,23%) e ficou acima das previsões dos analistas consultados pela Agência Estado, que oscilavam de 0,22% a 0,32. Os grupos que apresentaram alta entre a segunda e a terceira prévia do mês foram Educação (de 2,58% para 4,54%), Saúde (de 0,09% para 0,33%) e Alimentação (de -0,23% para 0,30%). Tiveram queda os segmentos Vestuário (de 0,11% para -0,26%) e Despesas Pessoais (de 0,80% para 0,69%). A deflação em Transportes passou de -0,08% para -0,22%. (Agência Estado)

Confiança – O consumidor brasileiro mostrou-se com humor mais positivo no primeiro mês do ano. É o que revelou o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de janeiro, que subiu 3% na comparação com o mês passado, após registrar alta de 0,5% em dezembro ante novembro de 2008, informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nos três anos anteriores, o índice havia subido em média 1,6% nesta mesma época do ano (janeiro). Com o resultado de janeiro, que é calculado com base em uma escala de pontuação entre zero e 200 pontos (sendo que, quanto mais próximo de 200, maior o nível de confiança do consumidor), o ICC passou de 97,4 pontos em dezembro para 100,3 pontos em janeiro. Entretanto, o índice continua a apresentar resultado negativo em outros tipos de comparação. (Agência Estado)

Globalização e Mercosul

Crise – A situação alimentar mundial pode se agravar devido à crise financeira e a queda dos preços agrícolas, advertiu ontem o diretor geral da FAO (Agência da ONU para a Alimentação e Agricultura), Jacques Diouf, na conferência internacional sobre segurança alimentar. “A crise continua presente e pode se agravar”, destacou Diouf na sessão de abertura da reunião de “alto nível” organizada pela ONU. “A contração dos preços e a incerteza financeira pode desacelerar o investimento dos agricultores e implicar em redução da produção em 2009/2010”, acrescentou o diretor da FAO. A produção de cereais aumentou em 2008 apenas nos países desenvolvidos. O número de pessoas com fome chega a quase um bilhão, lembrou Diouf. (Gazeta Mercantil)

Argentina – A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, assinou decreto que declara a “emergência agropecuária” para as regiões que estão sendo assoladas pela maior seca enfrentada pelo país desde 1961. Os agricultores serão beneficiados com a isenção do pagamento de diversos impostos durante um ano. Analistas afirmam que a seca – que atinge 10 províncias argentinas – já provocou a perda de 35% da produção de cereais e oleaginosas do país. As Confederações Rurais Argentinas (CRA) calculam que a seca provocará prejuízos de US$ 4,1 bilhões em 2009. A falta de chuvas também causou a morte de 1,5 milhão de cabeças de gado. Por causa do clima, a colheita de trigo será a pior dos últimos 20 anos. No entanto, as associações ruralistas não ficaram satisfeitas. Segundo Eduardo Buzzi, líder da Federação Agrária, os anúncios de Cristina Kirchner “estão muito longe de resolver a situação dos produtores agrícolas”. (Zero Hora/RS)

OMC  – A Organização Mundial do Comércio (OMC) alerta que a crise já está gerando uma primeira onda de medidas protecionistas e distorções em alguns países – principalmente nas economias ricas. Hoje, Brasil e outros países exportadores de bens agrícolas protestarão contra novos subsídios dados pelos europeus a seus produtores em crise, alegando exatamente que as medidas distorcem os mercados. Ontem, a entidade máxima do comércio enviou aos governos seu primeiro levantamento sobre o impacto da crise no comércio e aponta que a turbulência já fez com que as exportações e importações encolhessem no mundo. As linhas de crédito à exportação, especialmente dos países emergentes, podem sofrer ainda mais em 2009.  Em relação às novas barreiras, a OMC chega a citar o Brasil e o Mercosul. Mas admite que as principais distorções estariam vindo de pacotes de ajuda dos países ricos em seus subsídios dados a certos setores. No total, cerca de 30 países já avaliaram adotar novas barreiras ao comércio desde a eclosão da crise. A OMC alerta que o Mercosul chegou a discutir a possibilidade de elevar suas tarifas em 5 pontos porcentuais. Já a Argentina criou novas dificuldades para a importação de produtos considerados sensíveis.Na União Europeia, Bruxelas voltou a dar subsídios aos produtores de leite, causando indignação por parte de alguns países, entre eles o Brasil. O Itamaraty e exportadores como Nova Zelândia, Argentina, Uruguai e Austrália vão lançar amanhã um comunicado criticando a decisão dos europeus e alertando que a volta dos subsídios é sinal negativo para a economia mundial. Os europeus não apenas vão manter os preços altos, com ajuda aos produtores, mas vão adotar esquemas para incentivar as exportações, o que seria ilegal. Segundo a OMC, outro sinal do protecionismo é o número de medidas antidumping sendo aplicadas. A entidade admite que 2009 pode ver uma alta na adoção dessas barreiras, com novos impostos sobre produtos. (Agência Estado)

CE: setor de laticínios prepara projeto para evitar crise

O ano de 2009 não começou com boas notícias para o setor leiteiro do Estado do Ceará. Com o excesso do produto no mercado interno e a queda expressiva no preço, lacticínios de empresas das regiões Sul e Sudeste chegam ao Estado com preços bem abaixo dos praticados pelos produtores e industriais cearenses. Com o temor de que o setor entre em crise no Estado, um grupo de trabalho foi formado, junto a Câmara Setorial do Leite, em duas frentes: custeio pecuário e tributação.

Até abril deste ano, um projeto, com propostas de solução para o atual cenário, deve ser apresentado ao Governo do Estado. Segundo o presidente da Cooperativa Central dos Produtores de Algodão e Alimentos (Cocentral), Apolônio Silveira, que também é coordenador do grupo de tributação, quase metade dos lacticínios que circulam no Ceará são oriundos da região Sul. No caso do leite, diz ele, a oferta de produtos de outros Estados supera a local. Para minimizar essa atuação, Silveira sugere que medidas devam tomadas com urgência.

Caso contrário, ele prevê que haja uma tendência de “avacalhamento” no preço do leite e que a sustentabilidade dos produtores, sobretudo os do campo, possa ser ameaçada. “Queremos que o Estado dê uma proteção tributária do tipo aduaneira, ou seja, que qualquer tipo de lacticínio vindo de fora (outros estados) deva passar por uma tributação fiscal aqui”, afirma. Outro desafio enfrentado pelo setor leiteiro no Estado é o custeio da produção e a compra das rações para alimentar o gado. No caso dos pequenos produtores essa situação é ainda mais grave, afirma José Sobrinho, presidente do Sindicato dos Produtores de Leite do Ceará (Sindileite) e articulador das discussões em torno do custeio pecuário da Câmara Setorial do Estado.

Ele explica que estes trabalhadores estão com lucros reduzidos na venda do leite, o que inviabiliza o reinvestimento na infraestrutura técnica e animal. “Estamos fazendo parcerias para reduzir os custos na compra dos insumos para a nutrição dos animais, parcerias com os industriais para que o setor possa chegar mais forte no período de entressafra e estamos tentando tornar os produtos mais competitivos nesse mercado de leite”, projeta. Sobrinho destaca ainda que a chegada de uma nova indústria do leite no Ceará acirraria mais a concorrência no mercado e, com isso, o pequeno produtor poderia ser beneficiado.

A matéria é de Bruno Balacó, publicada no jornal O Povo/CE, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.

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