Notícias 24.03.09

Importações – Os números preliminares da média diária de março de 2009 das importações de leite e derivados, em dólar, são 51,78% maiores que a média de fevereiro de 2009. Veja no quadro as médias, considerando apenas os dias úteis das importações efetivas em dólar. 

 

 

Leite/SC – As vacas leiteiras da Serra Catarinense têm tudo para, em breve, atravessarem o oceano e incrementarem a economia e a alimentação no continente africano. Ontem, uma comitiva de empresários e representantes do governo de Marrocos visitou rebanhos de Lages a fim de conhecer os animais. Os marroquinos ficaram admirados com a qualidade do rebanho e já acenaram para a grande possibilidade de fazerem negócios futuramente. A ideia dos marroquinos é importar matrizes vivas, uma vez que a sua produção de leite não atende a demanda de 33 milhões de pessoas, expandindo, assim, as suas relações comerciais com Santa Catarina, que hoje se concentram mais na compra de soja e derivados. No ano passado, Marrocos exportou US$ 1 bilhão ao Brasil, e comprou a metade disso em açúcar, café, sardinhas, madeira, refrigeradores, gelatinas, óleo de soja, móveis, fumo não-manufaturado, componentes eletrônicos e matéria-prima para produção de adubos. (Diário Catarinense)

Leite/UE – A Comissão de Agricultura da União Europeia (UE) rejeitou ontem o pedido feito por cinco países de revisão do programa de aumento escalonado da produção de leite no bloco proposta em 2008. O grupo, liderado pela Alemanha e composto também por Áustria, Hungria, Eslováquia e Eslovênia, afirma querer evitar quedas ainda maiores do preço do leite no bloco que nos últimos 18 meses, caiu pela metade. Em novembro, os 27 ministros de Agricultura dos países do bloco concordaram em aumentar a produção de leite em 1% por ano até o ano-safra 2014/15, quando todas devem ser abolidas simultaneamente. As cotas foram adotadas pela primeira vez em 1984 para dar sustentação aos preços. Nos últimos meses, produtores de leite têm protestado em vários países da União Europeia contra os baixos preços do produto. Os alemães, que estão entre os mais afetados, tomaram a frente do manifesto de ontem. (Valor Econômico)

Negócios

Perdigão  – O faturamento bruto da Perdigão em 2008 alcançou R$ 13,2 bilhões. O valor representa um crescimento de 69% na comparação com o ano anterior. Esse resultado foi proporcionado pelo bom desempenho nos mercados interno e externo, que registraram aumento de vendas tanto em volumes quanto em receitas, aliado à consolidação dos negócios adquiridos pela companhia. No período, o lucro bruto somou a R$ 2,8 bilhões, elevação de 47% ante o exercício de 2007. O lucro líquido no ano, no valor de R$ 54,4 milhões, foi 83% inferior a 2007, devido ao impacto cambial nas despesas financeiras, à parcela de ágio contabilizada no ano, em conseqüência das aquisições, e aos efeitos de ajustes e otimização de produção. Desconsiderando a parcela amortizada do ágio, o resultado líquido seria de R$ 155 milhões no ano. Os volumes comercializados aumentaram em carnes (26,3%), lácteos (305,7%) e outros processados (69,6%). Em 2008 a Perdigão concluiu um ciclo de grandes investimentos. O montante aplicado representou aumento de 179,4% ante o exercício de 2007. Do total de R$ 2,4 bilhões, R$ 1,8 bilhão foi investido nas aquisições da Eleva, Plusfood e Cotochés. Os restantes R$ 628,4 milhões foram aplicados em ampliação e modernização de linhas em várias unidades da empresa e novos projetos, entre os quais destacam-se a construção do Centro de Distribuição do Embu (SP) e da planta de lácteos do complexo agroindustrial de Bom Conselho (PE). (Perdigão e Safras)

Feira – A 6ª TecnoLáctea & Sorvetes – Feira Internacional de Tecnologia para as Indústrias de Leite, Derivados e Sorvetes -, será realizada de 5 a 7 de maio de 2009, no Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte, em São Paulo. De acordo com a promotora da feira, a Brazil Trade Shows (BTS), a TecnoLáctea & Sorvetes deve receber mais de 16 mil visitantes e gerar cerca de R$ 150 milhões em negócios. Entre os expositores, empresas dos segmentos de equipamento, embalagem, refrigeração, armazenagem, logística e da área de ingredientes e aditivos apresentam novidades para o setor. São Paulo faz parte de um grupo de seis estados (MG, RS, PE, GO, SC e SP) que detém a maior produção de leite e derivados do País. (Brasil Alimentos)

Mercoláctea – A Mercoláctea 2009 começa hoje, em Chapecó (SC), com previsão de somar R$ 80 milhões em negócios. O evento reúne 70 expositores e se estende até quinta-feira, no Parque de Exposições Tancredo Neves, das 14h às 21h. A estimativa é que a mostra receba 15 mil visitantes A feira exibirá máquinas, equipamentos e insumos, especialmente para laticínios, bem como produtos e serviços para manejo, nutrição, sanidade, genética e embalagens. O público-alvo é formado por criadores, técnicos e empresários. Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, Vincenzo Mastrogiacomo, a feira reúne o universo do leite para apresentar inovações, tornando-se fator de integração, atualização e desenvolvimento. Além da mostra, serão realizados o Showroom da Indústria Láctea, o Seminário do Leite, o Simpósio Interleite Sul e a Mostra de Bovinos e Ovinos de Leite e lançamentos de empresas como Aurora e a Cordilat. (Correio do Povo/Diário Catarinense)

Setoriais

IqPR – Após sete variações positivas consecutivas, o IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores agropecuários paulistas pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola – vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado, seguiu estável na segunda quadrissemana de março. A estabilidade foi garantida pelo salto de 2,77% da cana, carro-chefe do agronegócio de São Paulo e produto com maior peso na formação do indicador. Não fosse a cana, o grupo de 12 vegetais pesquisados teria registrado queda média de 3,62%, e não alta de 0,06% – e o IqPR consolidado teria recuado 1,93%. No grupo de produtos de origem animal, que em média caiu 0,16%, apenas os preços pagos aos produtores de ovos tiveram aumento (14,18%). Recuaram a carne suína (5,7%), a carne bovina (2,28%), o leite B (1,77%), o leite C (1,44%) e a carne de frango (0,94%). (Valor Econômico)

Milho – Ao avançar, a colheita de milho mostra os sinais da forte queda neste ano. No Paraguai, foi de 47%; na Argentina, de 39%; e no Brasil, de 16%. A perda de produção na Argentina, que terá volume de apenas 13,5 milhões de toneladas, deve abrir “um leque de oportunidades para o Brasil”, diz Leonardo Sologuren, da Céleres. (Folha de SP)

Produção – São Paulo discutirá os desafios da produção de alimentos no futuro na segunda semana de maio. Segundo informações do Sindirações, que organiza o “1º Interfeed Leadership Meeting”, fórum empresarial que reunirá as principais lideranças mundiais do setor, serão debatidos produção de alimentos, sustentabilidade, logística e mercado consumidor, entre outros temas. (Folha de SP)

Insumos – De olho na safra de verão que começa a ser plantada em setembro, normalmente os produtores rurais fazem a compra de sementes e fertilizantes no meio do ano. Desta vez, porém, o Banco do Brasil antecipou a linha de financiamento para a compra de insumos, que já está disponível para os cultivos de milho e soja. Ao todo, está disponível a quantia de R$ 1,5 bilhão. A ideia é de que o empréstimo antecipado permita a redução dos custos, pois as empresas fornecedoras estão num período em que a demanda pelos produtos está menos aquecida. “É uma oportunidade que a gente abre para o produtor. Se ele entender que conseguirá bons preços na compra dos insumos de forma antecipada, ele poderá contar com essa linha de crédito”, diz o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, José Carlos Vaz. Podem aderir ao financiamento os produtores que estejam em dia com o pagamento das dívidas. O prazo para contratação é até o dia 30 de junho. Os juros são de 6,75% ao ano e a primeira parcela será paga 30 dias após a colheita. (Canal Rural)

 

Economia

Emprego – A crise eliminou cerca de 750 mil empregos formais entre novembro e fevereiro no País, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De acordo com o estudo, esse volume representa uma queda de 2,3% do emprego formal no período. O setor mais atingido foi a agropecuária, com recuo de 7,9% das vagas em dezembro e de 8,6% no acumulado até fevereiro. Em seguida, ficou a indústria de transformação, que registrou perda de 3,6% dos postos com carteira assinada em dezembro e 5,0% no acumulado até fevereiro. 350 mil seriam os empregos formais eliminados em dezembro sem o efeito da crise por ser tradicionalmente um mês de aumento das demissões. Com a crise foram fechadas 655 mil vagas, segundo o Caged. (O Estado de SP)

IPC-S – A inflação no varejo da cidade de São Paulo continua a subir, no âmbito do IPC-S. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços na cidade avançaram 0,67% no IPC-S de até 22 de março, após apresentarem aumento de 0,44% no índice anterior, de até 15 de março. Ainda segundo a FGV, das sete capitais usadas para cálculo do índice, três apresentaram elevação de preços mais intensa na passagem do IPC-S de até 15 de março para o indicador de até 22 de março. Além de São Paulo, houve acelerações de preços em Belo Horizonte (de 0,61% para 0,72%); e em Brasília (de 0,02% para 0,20%). As outras capitais apresentaram elevação mais fraca de preços, no mesmo período. É o caso de Salvador (de 0,31% para 0,25% ); Rio de Janeiro (de 0,06% para 0,03%); Porto Alegre (de 0,84% para 0,75%); e Recife (de 0,50% para 0,45%). (Agência Estado)

Globalização e Mercosul

OMC – O comércio mundial terá seu pior ano desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45), com os volumes de comércio recuando 9% em 2009. Nos países ricos, a queda de exportações será de 10%. Já a contração nos emergentes ficará entre 2% e 3%. Apesar das projeções sombrias e carregadas para o ano inteiro, a OMC ressaltou que os dados de importações de fevereiro da China, Cingapura, Taiwan e Vietnã ficaram positivos, após vários meses de queda. Em 2009, o comércio mundial avançou 2%, mas ‘perdeu muita força nos últimos seis meses’, relatou a OMC, que disse ser ‘implausível a permanência da queda’. (Correio do Povo/RS)

Crédito – Recuo na oferta e custo mais alto do crédito, além da queda no investimento estrangeiro direto, representa os mais sérios riscos para a agropecuária dos países emergentes nesta crise financeira global. Essa é a avaliação da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que reúne 30 dos países mais ricos do mundo). No caso brasileiro, a dificuldade aumenta pela constante renegociação de dívidas agrícolas. “Adiar pagamentos prejudica o funcionamento do mercado de crédito e eleva o risco para o sistema bancário”, diz Ken Ash, diretor de Agricultura e Comércio da OCDE. Esses recursos deveriam ir para infraestrutura, área em que o Brasil apresenta dificuldades, afirma Olga Melyukhina, economista da Diretoria de Agricultura e Comércio. Embora o agronegócio seja um setor “relativamente forte, o país anda não desenvolveu um sólido sistema de crédito rural”, diz. (Folha de SP)

Argentina – Os líderes dos agricultores da Argentina decidiram prosseguir ontem pelo terceiro dia consecutivo com seu locaute. O objetivo dos produtores rurais é dar maior visibilidade às suas reivindicações por uma redução de impostos aplicados sobre a multimilionária exportação de soja. Os produtores decidiram romper a frágil trégua das últimas semanas, depois que a presidente Cristina Kirchner anunciou, na última sexta-feira, que o Estado nacional compartilhará com as províncias e com os municípios a milionária receita proveniente dos impostos sobre a exportação de soja. O grão ocupa quase 60% da área cultivada de um país que exportou, em 2008, o equivalente a 35 bilhões de dólares. Segundo cálculos oficiais, o valor a ser distribuído entre os distritos chegará a quase 1,8 bilhão de dólares este ano. (Gazeta Mercantil)

Crise – As maiores multinacionais de bens de consumo estão garantindo lucros bem longe de casa durante a crise. Brasil e América Latina, entre outros países asiáticos, compensaram perdas nas vendas nos Estados Unidos e Europa no último trimestre do ano passado, segundo relatórios financeiros recém divulgados pelas companhias. O Brasil desbancou a Alemanha e se tornou o segundo maior mercado da americana Kraft Foods no ano passado. O País e seus vizinhos também se tornaram refúgio de empresas como Coca-Cola, Nestlé, Lego, Unilever, Colgate-Palmolive, Procter &Gamble, Johnson & Johnson, Danone e L”Oréal, conforme apurou a Gazeta Mercantil. (Gazeta Mercantil)

Kraft – “O mercado brasileiro já era prioritário e, neste momento de crise, sua importância fica maior”, afirma o diretor corporativo da Kraft Foods Brasil, Fábio Acerbi. Dona da marca Lacta, a multinacional investiu e contratou mais gente no final do ano passado para produzir e distribuir 21 milhões de ovos de Páscoa. As vendas da Kraft Foods Brasil cresceram acima de 10% no último trimestre, em plena recessão mundial. “Não temos os números fechados mas sei que crescemos dois dígitos; não sentimos impacto da crise aqui. Talvez o medo de comprar um carro, um bem mais caro, esteja fazendo sobrar dinheiro para a compra de mais chocolates”, concluiu. (Gazeta Mercantil)

RS: Governo estrutura Nota Fiscal Eletrônica

Os processos de venda da produção dos agricultores gaúchos passarão por uma revolução em breve. Técnicos das secretarias da Fazenda e da Agricultura estão trabalhando no projeto de implantação da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) na comercialização dos produtos colhidos e dos animais criados nas propriedades gaúchas. Em fase final de elaboração, a nova sistemática deve entrar em testes em maio. No mês de outubro está prevista a realização de um projeto-piloto – primeiramente nas cadeias de suínos, aves e bovinos – e, a expectativa dos técnicos é de que a obrigatoriedade possa vigorar em 2010.

A intenção do governo é contemplar os segmentos vegetal e animal. Pela sua abrangência, a proposta gaúcha é inédita. De acordo com o agente fiscal do Tesouro do Estado Giovani Padilha, com a medida, as notas em papel utilizadas pelos produtores quando vendem sua produção serão substituídas pelos documentos eletrônicos, emitidos e transmitidos diretamente ao fisco, no momento da operação. Atualmente, os agricultores retiram um talão de notas nas prefeituras, o que não será mais necessário.

Padilha explica que nas operações de produtos vegetais o processo é mais simples. “Os produtores irão se credenciar como uma empresa qualquer e emitir a nota fiscal eletrônica na propriedade”, diz. As equipes da Fazenda e da Agricultura estudam os produtos que serão obrigatórios no início e o cronograma de implantação. Já no caso da comercialização de animais, o sistema é mais complexo e prevê a integração com os arquivos de dados das inspetorias veterinárias. “A emissão do documento fiscal será condicionada ao estoque registrado no sistema da Secretaria da Agricultura”, revela.

Hoje, para realizar uma venda de animais, os produtores emitem uma nota e precisam ir até a inspetoria veterinária do município para emitir uma guia de transporte (GTA). No local, também estão registradas as informações sobre rebanho, como o número de animais na propriedade. Com a informatização desses arquivos que está acontecendo na Agricultura, será possível realizar o cruzamento das informações e até mesmo agilizar as autorizações de venda e transporte. “Haverá uma simbiose entre as secretarias e teremos maior consistência nos dados, já que hoje não sabemos quantos animais cada produtor possui”, destaca.

Padilha prevê que não será gerado esforço adicional aos produtores, que já precisam ir às inspetorias para emitir as GTAs. Devido às dificuldades de acesso a computadores e à internet no interior, a Secretaria da Fazenda avalia a formatação de convênios com órgão de apoio aos produtores, como a Emater, para que auxiliem os agricultores nesse processo. “Os agricultores terão ganhos com a redução das obrigações acessórias, além de não precisarem mais arquivar papéis”, afirma. Padilha também destaca os ganhos para a Receita Estadual, além de permitir maior agilidade para a proposição e avaliação de políticas públicas. “A nota fiscal eletrônica para o setor rural tem maior impacto do que ocorreu com as empresas, quando já tínhamos um mínimo de informação”, diz.

A matéria é de Leandro Brixius, publicada no Jornal do Comércio/RS

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