Notícias 17.02.09

Importações – Os números preliminares da média diária de fevereiro de 2009 das importações de leite e derivados, em dólar, são 18,80% menores que a média de janeiro de 2009. Veja no quadro as médias, considerando apenas os dias úteis das importações efetivas em dólar.

 

 

Gulfood – As fabricantes brasileiras de produtos lácteos e derivados vão estar em peso na Gulfood, feira de alimentos que será realizada em Dubai na próxima semana. Leite em pó, iogurte, leite condensado, queijo, manteiga e creme de leite são alguns dos produtos que serão oferecidos ao mercado árabe por cinco empresas brasileiras. Todas já exportam para a região e buscam aumentar as vendas. No ano passado, as exportações brasileiras de leite e derivados para os países árabes somaram US$ 53,13 milhões, o que representou uma queda de quase 40% em relação a 2007. Os principais destinos foram Argélia, Sudão, Tunísia, Mauritânia e Arábia Saudita. O estande brasileiro na Gulfood é organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em parceria com o Ministério da Agricultura. O evento será realizado de 23 a 26.O diretor comercial da Alliance Commodities, Marcos Goulart, que vai para a feira pela segunda vez, é o responsável pela exportação do Laticínios Bela Vista e da Alibra Ingredientes. De acordo com Goulart, as 2 empresas juntas exportam para 43 países, sendo os países africanos o maior mercado. “Agora a gente tem como foco o mercado árabe (do Oriente Médio)” disse o diretor, que vai expor na feira diversos produtos com embalagens no idioma árabe. A maior parte das vendas da Alibra Ingredientes é para o setor alimentício industrial, mas também produz misturas em pó, como achocolatados, farinha láctea e leite em pó integral instantâneo para o varejo. O Laticínios Bela Vista, que tem uma produção de 1,6 milhões de litros/dia de leite, produz mais de 100 produtos, como leite em pó, condensado, longa vida, creme de leite, bebida láctea, queijo e manteiga.  A Tangará vai participar da Gulfood pela segunda vez. “No passado participamos via trading e agora decidimos consolidar as exportações com nosso próprio time”, disse o gerente de exportação da empresa, Leonardo Bonaparte. A Tangará já exporta para os países do Norte da África e do Oriente Médio. De acordo com ele, os países do Norte da África são grandes consumidores de leite em pó e compostos lácteos. A Serlac, trading do grupo Itambé, também estará participando pela 2ª vez. Atualmente, os países árabes representam 10% das 8 mil toneladas mensais exportadas e a expectativa é chegar a 18% em 2008. Outra empresa grande do setor é a Tirolez, fabricante de queijos, que conta com quatro fábricas em Minas Gerais e São Paulo e tem capacidade de processamento de 360 mil litros de leite diários. A companhia já exporta para o Líbano e Líbia e é a segunda vez que participa da feira com o objetivo de ampliar a rede de clientes nos países árabes. (ANBA)

Rótulos – “Com o objetivo de agilizar o processo para registro de rotulagem de produtos lácteos e considerando a ferramenta atualmente disponível para análise de rotulagem on-line no sistema SIGSIF, a Divisão de Inspeção de Leite e Derivados e Mel (DILEI) receberá, à partir desta data, o envio de formulários para análise e registro de rótulos de produtos lácteos e apícolas pelo sistema SIGSIF.” Esse foi a introdução do memorando que a DILEI/CGI/DIPOA emitiu no dia 09 de fevereiro de 2009.(Ministério da Agricultura)

Balde Cheio – O Programa Balde Cheio pode ser implantado em Alagoas, uma vez que o Governo do Estado através da Secretaria de Agricultura já demonstrou interesse de aproveitar a tecnologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste. O projeto demonstrou a viabilidade técnica e econômica, da pequena propriedade, ou propriedade familiar. Alguns de seus resultados são a obtenção de lucro nesse tipo de propriedade antes deficitária, o aumento da renda do pequeno produtor, a redução do êxodo rural e o aumento da produção de leite, por hectare/ano, em até 1.400%. 90% dos produtores assistidos pela Embrapa aumentaram a produção diária de até 80 litros no início dos trabalhos, para mais de 300 litros/dia. “Ninguém vai ficar rico com pequena produção de leite, mas o pequeno produtor pode multiplicar a sua renda, investir em tecnologia e gerência, viver dignamente e com conforto”, afirma Artur Chinelato de Camargo, coordenador do projeto. (Nordeste Rural)

Sucos – Os sucos à base de soja, ao contrário do que se imagina, não substituem o leite e quem os consome deve procurar outras fontes de cálcio e proteína. A orientação é da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Pro Teste, que fez uma avaliação comparativa da qualidade nutricional e higiênica de nove marcas desse produto no sabor maçã. A comparação foi feita com uma bebida de soja sem sabor e com o leite integral. Na análise do teor de proteínas, a Pro Teste constatou que essas bebidas não oferecem um aporte proteico satisfatório, ao contrário de outros alimentos à base de soja muito utilizados, como o tofu (queijo de soja) e a proteína texturizada de soja (carne de soja). Segundo a associação, em cada copo de 200 ml dessas bebidas, foi encontrado 1,2 g de proteínas, o que representa menos de 2% das necessidades diárias e apenas 16% do que um adulto necessita no café da manhã. (Tribuna Online)

Parmalat – Dando continuidade ao processo de reestruturação organizacional, a Parmalat Brasil decidiu unificar a administração de todas as unidades de negócio. O atual presidente da Integralat, Othniel Rodrigues Lopes, assume as funções de Presidente executivo do Grupo, sendo responsável pela gestão das unidades de negócios Parmalat, Ibituruna, Glória e Integralat. Ele assume como CEO substituindo André Mastrobuono, que estava no cargo desde abril do ano passado. Desde 2007, Othniel Lopes vinha ocupando o cargo de presidente da Integralat, a mais nova empresa criada pela LAEP Investments, holding controladora da Parmalat Brasil. A Integralat objetiva criar e integrar uma base de produtores de leite de alta qualidade e alta produtividade em todo o mercado brasileiro. (Brasil Alimentos)

Preço/Nova Zelândia – Relatório do Banco Nacional diz que a redução no preço do leite efetuado pela Fonterra nos últimos 14 meses terá um forte impacto, não só nesta temporada, mas também em 2009-10. A previsão para a 2008-09 foi reduzida novamente para US$ 5.10/kgMS. Mas, os produtores terão dificuldades para baixar custos da temporada 2008/09, uma vez que a alimentação suplementar está com preços fixos, e mais de dois terços do ano financeiro já passou. No 20º dia do mês seguinte a Fonterra adianta aos produtores, 60% da previsão dos preços. Nesta temporada prosseguiu antecipando US$ 4.05/kgMS apesar da previsão de queda. O banco prevê um adiantamento de US$ 3.10/kgMS para a temporada que começa em 1º de junho, com base em uma previsão de pagamento de US$ 5.10/kgMS. Atenuar o problema de caixa dos produtores agora, significa redução ainda mais acentuada na receita dos produtores de leite em 2009-10. (Rural News)

Negócios

Cosulati – O início das operações da unidade de resfriamento de leite da Cosulati, em Candiota, depende da liberação do licenciamento ambiental para o tratamento de efluentes pela Fepam. Conforme o presidente da cooperativa, Arno Kopereck, está tudo encaminhado. ‘Já deveríamos ter inaugurado’. A planta receberá leite de Candiota, Aceguá e Hulha Negra. (Correio do Povo/RS)

Gir – Mercado em expansão, a raça gir leiteira tem demonstrado ser o grande trunfo para produção de leite nos países tropicais. Prova disso é que esse gado, de origem indiana, é o maior exportador brasileiro de sêmen, embriões e animais vivos. – A força dessa raça é resultado do melhoramento genético que é feito parte no Brasil, em parceria com a Embrapa e criadores, e em alguns países. Tentamos fazer do gir leiteiro a solução do leite do planeta – diz o criador Emerson Teixeira de Oliveira. (Canal Rural)

Wal-Mart – O grupo Wal-Mart anuncia nesta terça-feira um programa de investimentos em Santa Catarina para 2009. Desde que adquiriu as lojas do grupo Sonae no Brasil, o Wal-Mart não tinha ainda comunicado um plano de expansão de grande monta em Santa Catarina. O anúncio será feito pelo presidente do Wal-Mart no Brasil, Héctor Núñez. A empresa não informou o valor dos investimentos, mas há comentários, não confirmados pelo grupo, de que os planos envolvem oito cidades. Em SC, o Wal-Mart ainda não tem uma presença forte se comparado com as redes locais. Possui apenas nove lojas em Santa Catarina, sendo seis delas da bandeira Big, uma da bandeira Nacional e duas do Maxxi Atacado. (Valor Econômico)

 

Setoriais

Preços – O índice da RC Consultores que mede o comportamento dos preços de uma cesta de 17 produtores agropecuários no atacado de São Paulo encerrou o período entre os dias 7 e 13 de fevereiro com variação negativa de 1,7%, a primeira após cinco altas semanais consecutivas. (Valor Econômico)

Fertilizantes – A indústria de fertilizantes espera vendas maiores em 2009. Depois de uma queda de 9% no uso dos insumos no ano passado – de 24,6 milhões de toneladas em 2007 para 22,4 milhões em 2008 – o setor projeta recuperação. A tendência de alta nos preços das commodities e a redução do valor dos fertilizantes são os principais estímulos. A crise financeira obrigou o agricultor brasileiro a utilizar menos tecnologia no campo. Também caíram as importações, que passaram de 17,5 milhões de toneladas para 15,3 milhões. (Canal Rural)

Exportações – As exportações brasileiras de soja em grão totalizaram 614,5 mil toneladas em janeiro de 2009, conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em janeiro de 2008, os embarques somavam 599,6 mil toneladas. A receita obtida até o momento com as vendas ao Exterior é de US$ 252,9 milhões, contra US$ 250,7 milhões em igual período do ano passado. (Safras)

 

Economia

IPC – O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apontou inflação de 0,45% na segunda quadrissemana de fevereiro, abaixo da primeira medição, que teve uma taxa média de 0,49% nos preços de produtos e serviços na capital paulista. O resultado foi divulgado hoje pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os grupos que apresentaram alta entre a primeira e a segunda prévia deste mês foram Habitação (de 0,30% para 0,41%) e Saúde (de 0,49% para 0,58%). Houve recuo nos segmentos Alimentação (de 0,83% para 0,59%), Despesas Pessoais (de 0,56% para 0,37%) e Educação (de 4,77% para 3,22%). A variação negativa recuou nos grupos Transportes (de -0,23% para -0,03%) e Vestuário (de -0,81% para -0,29%). (Agência Estado)

IGP-M – A segunda prévia de fevereiro do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 0,45%, após registrar queda de 0,58% em igual prévia do mesmo indicador no mês passado, informou hoje a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A FGV anunciou também os resultados dos três indicadores que compõem a segunda prévia do IGP-M de fevereiro. O Índice de Preços por Atacado – Mercado (IPA-M) subiu 0,47%, ante queda de 1,09% na segunda prévia de janeiro. O Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC-M) teve elevação de 0,38%, após subir 0,59% na segunda prévia de janeiro. Já o Índice Nacional de Custos da Construção – Mercado (INCC-M) teve taxa positiva de 0 43%, ante aumento de 0,15% na segunda prévia de janeiro. (Agência Estado)

 

Globalização e Mercosul

Créditos – Para convencer a Argentina a evitar a estratégia protecionista de combate aos efeitos da crise, o Brasil deverá oferecer linhas de financiamento facilitadas aos investimentos de companhias nacionais no país vizinho. No encontro de hoje com a missão do governo de Cristina Kirchner, a delegação brasileira deverá oferecer crédito por meio de um mecanismo que injetará recursos oficiais – em reais – nas empresas com sede na Argentina e que exportam para o Brasil. – Queremos explorar uma agenda positiva com a Argentina, que passa pela remoção das restrições e pela discussão técnica das medidas antidumping e de barreiras sanitárias que atingem produtos brasileiros – resumiu o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral. – O interesse do governo brasileiro é diminuir a pressão protecionista – completou. (Zero Hora/RS)

Contaminação – Uma bactéria perigosa foi encontrada no leite em pó infantil da marca francesa Vitagermine, disseram autoridades veterinárias da Coréia do Sul. Os serviços de inspeção sul coreanos detectaram traços da bactéria enterobactéria sakazaki dentro das caixas de leite em pó para bebês importadas no mês passado. Esta bactéria pode causar meningites e enterites. De dezembro de 2007 para cá, 1.500 quilos de produtos Vitagermine foram exportados para a Coréia do Sul e 1.222 quilos foram distribuídos no comércio. (Le Monde)

Soja – O Departamento de Agricultura Americano (Usda) reduziu a projeção da produção de soja do Brasil, em 2 milhões de toneladas, mantendo a volatilidade do mercado de grãos. Após queda nas cotações em conseqüência das chuvas que chegaram à Argentina, o mercado voltou a subir diante das preocupações com a produção na América Latina. A China recomeçou sua política de compras de soja, para aumentar suas reservas estratégicas, diante da seca que atinge várias de suas principais regiões produtoras. Segundo a visão da maioria dos analistas internacionais, a colheita da região deverá ter uma quebra de 9 milhões de toneladas em decorrência da seca. Em conseqüência os estoques mundiais caem de 54 milhões de toneladas para menos de 50 milhões de toneladas. (Ambito Financiero/Argentina)

A onda protecionista que parece acometer vários países e setores da economia mundial não poderia deixar de afetar aquele que é o produto mais sensível do agronegócio mundial: o leite. Após 2 anos de aparente mudança de paradigma, um sonhado sinal de novos tempos, a União Europeia volta com seus subsídios à exportação, gerando protestos e resgatando a necessária pauta de combate às distorções. Os Estados Unidos, vivenciando os piores preços de leite desde 1978 e a pior relação de troca em décadas, acionou o mecanismo de aquisição de leite para estocagem e voltará também com o DEIP, o programa de exportações subsidiadas.

 

O velho protecionismo que o leite já conhece

Marcelo Pereira de Carvalho

Diretor Executivo da AgriPoint, engenheiro agrônomo

O problema se agrava pelos motivos de sempre: é impossível competir com o tesouro da União Europeia e dos Estados Unidos. Dessa forma, os produtores de países em desenvolvimento ou países que estruturalmente não têm subsídios (Nova Zelândia e Austrália), têm de lidar com preços ainda mais baixos em função dessa ajuda artificial que distorce o mercado, o que ocorre por vários motivos.

Primeiro, o subsídio à exportação faz com que a real situação de mercado (oferta e demanda) não seja totalmente assimilada pelos produtores e indústrias exportadoras destes países, que acabam recebendo valores acima dos vigentes no mercado internacional. Com isso, uma benéfica sinalização para redução da produção não acontece, ou pelo menos não na intensidade necessária para que haja uma rápida correção do mercado. Segundo, em um primeiro momento força os preços do mercado internacional mais para baixo ainda, ao viabilizar o escoamento artificial de uma produção que não teria como ser exportada. Terceiro, atrapalha o desenvolvimento da atividade nos países que são competitivos.

Vale dizer que a prática da União Europeia não é ilegal do ponto de vista comercial, de acordo com as normas da OMC. Também, o fato dos subsídios à exportação estarem até então zerados não significava que haviam sido eliminados. Ocorre que, com os preços elevados no mercado internacional, eles simplesmente não eram necessários: a União Europeia poderia exportar mesmo com altos custos de produção, pois o mercado externo remunerava até a ineficiência crônica.

A questão de curto prazo é até que ponto vai haver uma escalada de subsídios a exportação, voltando aos níveis históricos. A questão de fundo é se o projeto de eliminar os subsídios à exportação em 2013 continuará vigente. Pelas reações, fica evidente que o produtor europeu não está preparado para lidar com o fim definitivo da ajuda às exportações, isso sem falar no subsídio direto, dado para cada produtor, que continua firme e forte. O que a Comissária de Agricultura fará se, no momento de eliminar os subsídios definitivamente, como ela mesmo já anunciou que defende, os preços estiverem lá embaixo? Simplesmente deixará os produtores menos eficientes saírem do negócio? É pagar para ver, mas acho pouco provável.

A ajuda oficial aos bancos, sob a ameaça de quebra geral da ordem econômica mundial, é emprestada de forma oportunista para justificar a maior intervenção nos lácteos, historicamente já conhecidos pelo alto grau de apoio na maior parte dos países desenvolvidos. Se os bancos podem receber bilhões, porque os produtores locais também não podem ficar com seu quinhão? Sob a alegação de palavras mágicas em momentos de crise, como “rede de proteção”, “estabilização do mercado interno”, “segurança alimentar”, “garantia de empregos” e “fomento à indústria local”, a aplicação de subsídios volta com uma força que estava esquecida, o que é perigoso tanto para o caminho em direção ao livre comércio e a globalização, como para a própria recuperação da economia mundial. Na crise de 30, nos EUA, medidas protecionistas geraram retaliação e no final dificultaram ainda mais a saída do fundo do poço. Por isso, o “Buy American” incluído no pacote de ajuda dos Estados Unidos é visto com crítica por muita gente.

A revista The Economist, em sua edição de 7 de fevereiro, coloca que o “Nacionalismo Econômico”, que já havia sido enterrado, “ressurge, vindo diretamente do período mais escuro da história moderna, transformando a crise econômica em crise política. A revista vai mais longe: “o comércio encoraja especialização, traz prosperidade. Os mercados globais de capital, com todos os seus defeitos, alocam dinheiro mais eficientemente do que os mercados locais. A cooperação econômica encoraja a confiança e aumenta a segurança. A economia globalizada está sob ameaça”.

A revista ainda alerta que “o comércio internacional deve cair pela primeira vez desde 1982. Os investimentos privados para países emergentes devem cair para US$ 165 bi, de um pico de US$ 929 bi em 2007”. Sobre o “Buy American”, a Economist diz: “haverá retaliação de outros países e, com isso, empregos serão eliminados nas empresas exportadoras. E a mensagem política é a pior possível”. Logicamente, a Economist tem sua visão e sua ideologia, mas o argumento deles é que, em um momento de pânico global, pode-se optar por medidas que piorarão a situação no médio prazo. Gosto muito da frase: “Nunca tome decisões importantes depois de um dia muito bom ou muito ruim”. Talvez essa frase se aplique a esse momento.

Na briga pela justificativa da aplicação de subsídios, os argumentos variam desde os que alegam que, caso os preços fiquem abaixo dos custos, os produtores não têm como sobreviver (curiosamente, por aqui também ocorre isso), sendo os subsídios necessários; até os mais sofisticados, que dizem que os baixos preços no mercado internacional ajudam os consumidores dos países mais pobres, que conseguem comprar lácteos a preços menores. É uma espécie de ajuda humanitária, porém feita em parte com o dinheiro de quem não foi consultado ou que não pode pagar. Sem dúvida, preços mais baixos estimulam a demanda (e desestimulam a oferta), mas se forem mantidos através dos subsídios, o efeito na oferta é mais lento, ou inexistente, como mostrou o próprio excedente estrutural de leite da União Europeia ao longo de décadas de subsídios. Existem também os mais caras-de-pau, que argumentam que, como os preços de ajuda à exportação, bem como os preços internos da Europa, são publicados na imprensa, os países concorrentes podem calcular o valor de suas ofertas!

Há quem diga que os velhos tempos não voltarão. Não há mais espaço para a retomada maciça dos subsídios à exportação. É possível, mas também não se esperava um pacote protecionista com retrocessos do tipo “Buy American” nos EUA. Na dúvida, é preciso vigiar e acionar os mecanismos possíveis para evitar que os efeitos recaiam sobre a produção brasileira. Ou retaliar.

Essa preocupação é real especialmente em um ano em que o Brasil já começa importando quantidades muito grandes de leite, isso em pleno janeiro, mês que costuma apresentar recordes de produção.

Associação das Pequenas e
Médias Indústrias de Laticínios
do Rio Grande do Sul

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