Exportações e importações reduzem-se em maio
Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o saldo da balança comercial de lácteos em maio apresentou déficit de US$ 2,6 milhões, considerando os produtos do capítulo 04 da Nomenclatura Comum do Mercosul (leite UHT, leite em pó, leite condensado, creme de leite, leite evaporado, iogurte, manteiga, soro de leite e queijos) e as exportações de leite modificado e doce de leite (do capítulo 09 da NCM). O volume importado foi 17,6% superior às exportações, mas 26% inferior em relação ao mês de abril.
O déficit comercial apresentado pelo setor de lácteos foi 57,7% inferior ao registrado no mês de abril, quando a balança comercial de leite e derivados apresentou resultado negativo de US$ 6,2 milhões. Quando comparado a maio de 2008 – quando o saldo foi positivo em US$ 13,9 milhões – a queda é de 119%. Em volume, a queda nas exportações em comparação a maio de 2008 foi de 31%, ficando em 6,4 mil toneladas.
Em relação a abril/09, as exportações de leite em pó foram 61% menores em volume, o que significa 458 toneladas. O preço médio de exportação do leite em pó integral permaneceu estável em relação a abril passado, apresentando valores próximos a US$ 3.538/t.
As vendas de leite condensado aumentaram 110%, totalizando 3,9 mil toneladas. O preço médio do leite condensado apresentou leve queda de 2,2%, sendo negociado a US$ 1.483/t.
Foram enviadas ao mercado externo 346 toneladas de queijos, alcançando o valor de US$ 2.633/t, queda de 42,9% no volume exportado, em relação a abril.
Tabela 1. Exportações e importações de lácteos em maio de 2009.
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As importações aumentaram 15% em volume quando comparadas a maio de 2008, com compras de 7,5 mil toneladas de lácteos; em relação a abril/09, o volume importado é 26% inferior. Em valor, as importações alcançaram US$ 14,8 milhões, valor 2% inferior em relação ao mesmo período do ano passado.
O principal produto importado foi o soro de leite, representando 27,3% do total, ou seja, 2,06 mil toneladas, seguido pela compra de leite em pó integral, 25,5% do volume total (1,9 mil toneladas, equivalente a 15,7 milhões de litros). Do volume total de leite em pó importado – 3,03 mil toneladas – 76% é proveniente da Argentina (ao preço médio de US$ 2.1878/t) e 24% foi comprado do Uruguai (em média, US$ 2.008/t).
As importações de leite em pó recuaram 54% em comparação a abril, resultado das limitações impostas pelo governo brasileiro às importações de leite da Argentina (no acordo firmado com o país vizinho, ficou definido como preço mínimo para a tonelada de leite em pó o valor vendido pela Nova Zelândia, e volume máximo de 3 mil toneladas por mês).
O leite em pó integral, o leite em pó desnatado, os queijos e o soro de leite, apresentaram, em valor, participações relativas de 27,5%, 15,4%, 28,8% e 15,6% respectivamente, nas importações.
O volume importado de queijos foi 71% maior em relação ao mês de abril, com volume total de 911 toneladas. As compras de soro de leite caíram 12% em relação ao mês anterior, com compras de 2,06 mil toneladas.
Tabela 2. Preços médios e volumes de exportação e importação do leite em pó (US$/tonelada).
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Entressafra – Segundo o Ministério da Agricultura a previsão de alta do leite UHT parte do pressuposto de que há uma relação direta entre o valor pago ao produtor e o cobrado pelas redes de atacado e varejo. “A tendência é que o preço vai seguir aumentando. O valor pago ao produtor ainda está abaixo da remuneração no mesmo período do ano passado. Além disso, há um fator de pressão a mais que foi a seca no Sul do país, o que reduziu a captação do produto em 7% na entressafra”, afirmou João Salomão, coordenador-geral de Pecuária e Culturas Permanentes do Ministério da Agricultura. Segundo ele, a situação só deverá se normalizar entre agosto e setembro. Ao contrário do leite UHT, o preço do leite em pó está caindo devido à importação da Argentina e Uruguai. Entre janeiro e maio de 2008, o Brasil importou 6,5 mil toneladas, dos dois países. No mesmo período deste ano, as compras chegaram a 39,6 mil toneladas, 170% a mais. “Por isso, o país suspendeu a importação automática”, disse Salomão. (Hoje em Dia/MG)
Preço/RS – Há oito anos, o consumidor brasileiro não pagava tão caro pelo leite UHT no supermercado. Nesta semana, o preço no Rio Grande do Sul chegou a R$ 2,39, segundo a Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas). O valor é 26,45% superior ao praticado em abril. Ontem à tarde, algumas redes vendiam o produto a R$ 2,44. A alta é natural nesta época, que combina reposição de estoque no varejo e entressafra no campo. Todavia, neste ano, o baque no bolso foi maior por causa da seca, que reduziu ainda mais a captação de matéria-prima. A boa notícia para o consumidor é que, com estoque reequilibrado, o varejo voltou ao ritmo normal de compras na última semana, o que freou os preços para o atacado. (Correio do Povo/RS)
Conseleite – O produtor é o último a se beneficiar. A projeção do Conseleite para o pagamento do litro entregue em maio é que a média chegue a R$ 0,64, incremento de 9,53% em relação a abril, reclama o assessor de Política Agrícola da Fetag, Airton Hoercheider. Para o consultor Alex Lopes da Silva, a tendência de alta ao produtor permanecerá em junho e julho devido ao reflexo tardio em relação ao resto da cadeia. Mas Silva não acredita que o repasse ao campo chegue ao percentual imposto ao consumidor. Ele explica que o menor poder de barganha e o fato de o produtor ser o único a não gerir estoques ampliam a diferença de remuneração. (Correio do Povo/RS)
Leite/MS – O preço pago ao produtor aumentou em média R$ 0,20, mas o consumidor paga até R$ 1,00 a mais que em abril. Em abril o litro do leite longa vida custava entre R$ 1,52 e R$ 1,60, hoje já está em R$ 2,52. O presidente da Amas (Associação dos Supermercados de Mato Grosso do Sul), Adeilton Feliciano do Prado, afirma que no caso do leite tipo C o aumento foi de cerca de 40%. Custa entre R$ 1,60 e R$ 1,70 o litro e o valor anterior era entre R$ 1,15 e R$ 1,20. A explicação para o aumento é a entressafra, mas, enquanto o consumidor paga até R$ 1,00 a mais, o produtor só teve um aumento de pouco mais de R$ 0,20. Segundo o diretor do Departamento de Leite do Sindicato Rural, Denis Vilela, o valor pago pelo leite entregue em abril oscilou entre R$ 0,38 e R$ 0,45 e em maio passou a R$ 0,60. (Campo Grande News/MS)
Argentina – O vice-presidente da Confederação Rural Argentina (CRA), Néstor Roulet, apresentou um estudo constatando-se que a participação dos produtores no preço final dos produtos lácteos caiu 11% em um ano. Segundo o estudo, em maio de 2007, os produtores cobravam 76 centavos pelo litro de leite cru, e o consumidor pagava 1,70 pesos, o que representava 45% do preço final. Dois anos mais tarde, maio de 2009, o produtor recebe setenta e cinco pesos, e os supermercados cobram 2,99 pesos, reduzindo o custo da matéria prima para 25%, sobre o valor final. Em maio de 2007, 120 gramas de leite em pó custavam 1,78 pesos, participação de 43% do produtor no preço final. Em maio de 2008, 120 gramas de leite em pó custavam 2,32 pesos nos supermercados, baixando para 32% a participação do produtor no custo final. Segundo Roulet, pelo estudo pode-se deduzir que 70% do valor final dos lácteos ficam nas mãos dos intermediários. (Âmbito.com)
EUA – O estudo “O Impacto Ambiental da Produção Leiteira: 1944 em comparação com 2007”, da Universidade Cornell, de Nova Iorque, analisa o “carbon footprint” (pegada de carbono), fazendo o levantamento das emissões do gás carbônico em todas as fases da cadeia de produção. “A população norte-americana e mundial continua aumentando, então é necessário adotar tecnologias e práticas de manejo para produzir alimentos de alta-qualidade em quantidade suficiente, minimizando os efeitos no meio ambiente”, diz Jude Capper, principal pesquisador do estudo. Em 2007 o carbon footprint liberado para produzir um galão de leite, foi 37% do que o da produção de 1944. Essa eficiência possibilitou à indústria leiteira americana produzir 83,7 milhões de toneladas de leite a partir de 9,2 milhões de vacas em 2007, com um decréscimo de 41% no total de carbon footprint, se comparado às 52,6 milhões de toneladas de leite, vindas de 25,6 milhões de vacas, em 1944. (Globo Rural)
Uruguai – A empresa neozelandesa New Zealand Farming Sustems Uruguay (NZFSU) aumentou em 20% a sua produção de leite no Uruguai em maio, em relação a abril desse ano, alcançando 800.000 litros de leite semanais. No boletim das atividades da empresa, enviado aos acionistas informa também que no início de maio eram 20 fazendas produtoras, e no final do mês já administravam 23, e outras três propriedades estão sendo concluídas para entrar também em operação. Assim a NZFSU, que está procurando implantar o modelo neozelandês de produção do leite no Uruguai, está cumprindo o cronograma. O Boletim acrescenta que o andamento do projeto que fora afetado pela seca, está retornando ao andamento programado, e que as pastagens estão respondendo bem às chuvas das últimas semanas. (El País)
Negócios
Danone – A Serenísima, fechou 2008 com o terceiro ano consecutivo de perdas, agravando sua situação financeira. E, nos últimos dias várias fontes confirmaram que existe uma negociação aberta com a francesa Danone, firma com a qual a Mastellone Hnos, firmou em 1996, uma joint venture para a produção, comercialização e distribuição de iogurtes da Serenísima. O vínculo entre as duas empresas foi tão forte nos últimos anos, que em dezembro do ano passado a Danone emprestou à Serenísima US$ 8,4 milhões. Por isso, analistas consideram possível que a Danone termine por controlar a Mastellone. Fontes próximas garantem que existe a negociação, mas existem alguns problemas a serem resolvidos, como a falta de interesse da Danone pela distribuição de leite fluido. (La Nación)
Espanha – Recente estudo da Nielsen revela que seis em cada dez espanhóis estão reduzindo os gastos em alimentação, optando pelas marcas mais baratas. Nove meses atrás, apenas 30% dos consumidores optavam pelas marcas brancas, atualmente esta percentagem duplicou, chegando aos 63%. O estudo diz também que não é só na alimentação que o consumidor está poupando. A crise está alterando os hábitos de consumo de uma forma geral. 62% dos entrevistados não irão renovar o guarda-roupa, percentagem idêntica aos que pretendem cortar gastos fora do lar (60%). O estudo constatou ainda a “falta de fidelidade” às marcas, principalmente em eletrodomésticos e tecnologia, setores que apresentaram quedas de 9,5% em 2008, resultado bem pior que o setor de alimentos. (Hipersuper)
Setoriais
Agricultores – A Prefeitura de Erechim entrega, nesta semana, insumos e sementes aos agricultores do município para fomentar a produção de leite. O Programa de Incentivo à Bovinocultura Leiteira tem investimento de R$ 87 mil e beneficiará cem agricultores. O secretário municipal de Agricultura, Abastecimento e Segurança Alimentar, Eloir Griseli, destacou que o objetivo é garantir mais renda no campo. ‘Em períodos de seca, o produtor que possui gado leiteiro também sofre perdas, mas estas são recuperadas mais rapidamente que as com a plantação de grãos. Por isso, é interessante aliar o plantio de pastagens em momentos como estes’, destacou. (Correio do Povo/RS)
Insumos – Queda nos preços internacionais e redução nos volumes de importações fizeram com que os gastos nacionais com as compras externas de adubos e fertilizantes caíssem 81% neste mês em relação a igual período de 2008. Segundo dados da Secex, os gastos médios diários nas duas primeiras semanas deste mês estão em US$ 11,5 milhões, bem abaixo dos US$ 59,1 milhões de igual período do ano passado. (Folha de SP)
Economia
Confiança – O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) da Fecomercio SP subiu pelo terceiro mês consecutivo em junho. O índice atingiu os 134,5 pontos neste mês, uma alta de 7% em relação ao resultado de maio. Com variação de 0 a 200 pontos, o indicador aponta para um otimismo quando supera os cem pontos. Apesar de indicar um otimismo do consumidor, o ICC de junho ficou 5,9% abaixo do registrado no mesmo mês de 2008. Segundo o diretor-executivo da Fecomercio SP, Antonio Carlos Borges, o ciclo de alta da confiança é resultado de um reconhecimento da população de que a crise não foi tão grave no Brasil quanto no exterior. (Folha de SP)
IPC-S – Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) subiu 0,29% na segunda leitura deste mês, medida até ontem, após avançar 0,43% na leitura anterior do índice, de até 7 de junho. Ainda segundo a FGV, dos sete grupos componentes do IPC-S, quatro apresentaram taxas de inflação menos intensas, ou início de deflação, na passagem da primeira para a segunda prévia de junho do IPC-S. Além de Despesas Diversas, mais três classes de despesa apresentaram taxa de inflação mais fraca, ou início de deflação, no mesmo período. É o caso de Alimentação (de 0,04% para -0,04%); Habitação (de 0,65% para 0,48%); e Vestuário (de 0,59% para 0,55%). Ao analisar a movimentação de preços entre os produtos, no âmbito da segunda prévia de junho do IPC-S, a FGV informou que as mais significativas altas de preço no varejo foram apuradas em leite tipo longa vida (12,35%); cigarro (4,9%); e aluguel residencial (0,72%). (Agência Estado)
Varejo – As vendas no varejo brasileiro diminuíram 0,2% em abril, seguindo baixa de 0,5% um mês antes. Perante o quarto mês de 2008, houve crescimento de 6,9%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou ainda ampliação de 4,5% nas vendas varejistas no acumulado do ano e de 7,1% em 12 meses. Na passagem de março para abril, apenas duas das oito atividades do varejo verificaram elevação no volume de vendas: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com acréscimo de 0,8%, e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com avanço de 8,9%. No comparativo com abril de 2008, metade das 10 atividades pesquisadas anotaram expansão no volume de vendas, como, por exemplo, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com aumento de 14,1%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, que verificaram alta de 13,8%. (Valor Online)
Globalização e Mercosul
Alimentos – A escassez de alimentos e o alto preço das commodities agrícolas no mercado internacional podem mudar o equilíbrio de poder na economia mundial em beneficio dos mercados emergentes. De acordo com a Buranello Passos, o Brasil está muito bem posicionado e pode ser bastante favorecido por esta tendência. De acordo com a empresa, o país tem capacidade de suprir essa demanda crescente, mas para isso precisa plantar em uma área maior. Atualmente, o país cultiva 72 milhões de hectares, e em 2008 obteve safras recordes, por exemplo, de grãos, de cana, de carnes e de leite. (Canal Rural)
Uruguai – A economia do Uruguai encolheu 2,9% no primeiro trimestre em relação ao quatro trimestre de 2008. Foi a maior queda trimestral desde o fim de 2002. O resultado é reflexo da crise e da seca que afetou a pecuária e a geração de energia hidrelétrica. Na comparação com o primeiro trimestre de 2008, o PIB cresceu 2,3%. (Valor Econômico)