Leite orgânico/RS

Demanda por leite orgânico cresce no Rio Grande do Sul e cooperativas investem em certificação. Na contramão das fraudes que estão assustando consumidores e colocando em cheque a qualidade do leite gaúcho, produtores rurais passaram a se dedicar à produção de leite orgânico.

O resultado tem sido positivo. Flávio Ricardo Webel é produtor rural, em Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre (RS). Duas vezes por dia ele faz o trabalho de ordenha, 520 litros de leite são produzidos diariamente. O produto é bem conhecido na região, e quem mora por perto vem buscar direto da fonte. É o caso da dona-de-casa Nadine Maria Conrad Arevalo, que não troca o leite do produtor por outros.– A gente tem medo, né. Está aparecendo formol, sei lá o que eles estão botando. Vai dar para uma criança? Esse aqui é puro! – comenta a consumidora. Há doze anos, Webel se dedica à produção orgânica, por isso, tudo na propriedade é feito de forma sustentável. Os animais são alimentados com pasto e silagem, o esterco vira adubo e na hora de tratar o rebanho, só com homeopatia. – O cuidado que a gente tem que ter, a responsabilidade que a gente tem que ter, não adianta tu produzir orgânico hoje e amanhã não mais, porque tu partiu pro orgânico… Tudo o que tu usar não pode usar fertilizante nenhum, tem que descartar totalmente – considera o produtor. Webel diz que a rentabilidade vale a pena e que, apesar de todo o trabalho, é recompensador ver o leite que produz.– Em primeiro lugar, é prazeroso tu saber que sai daqui da propriedade um produto puro, natural, e vai pra mesa do consumidor. É motivo de muito orgulho – festeja. O leite produzido por Webel é levado para a cooperativa Sitio Pé na Terra, que fica bem próxima à propriedade. Logo que chega, o produto também passa por testes, antes de ser processado. Como a matéria-prima é fornecida por apenas um produtor, o controle de qualidade é mais fácil. No laboratório, que fica ao lado da agroindústria da cooperativa, a coordenadora de laticínios Julita Soethe é a responsável pela realização dos testes.– Primeiro é colocado no resfriador, daí é feito o teste para antibióticos. Em duas horas e meia, se for bom, a gente usa. Depois é repetido o teste para antibióticos, se é abaixo de 13, ou acima de 18 não dá para usar o leite.

Depois, os exames com pasteurizados, pra ver se a gordura entrou no iogurte. De cada tarro de 50 litros é tirado um pouquinho, para saber se o leite está bom –explica Julita. Do resfriador, o leite passa por mangueiras até chegar ao tanque, onde é aquecido a 36 graus para desnatar. A nata é utilizada para fazer creme de leite. A cooperativa também faz iogurtes e manteiga. Por mês, são produzidos 1480 litros de leite, 4700 Kg de iogurte, 80 Kg de creme de leite e 150 Kg de manteiga. A cooperativa é a única no Estado que possui certificação do Ministério da Agricultura (Mapa) como processadora orgânica de laticínios.

Os produtos também têm o selo do Cispoa, a Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal, da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul.– A gente é certificado pela Ecovida, que é uma certificação participativa, registrada no Ministério da Agricultura. Aí a gente tem o selinho de certificado e também o do Ministério. Essa certificadora vem visitar todas as partes das propriedades, também é feito registro de onde vêm os meus insumos; Por exemplo, lá do Flávio, ele compra homeopatia, então tem que emitir nota que eu peguei dele.

Os insumos, de onde eu comprei também tem que ter a certificação, que é a rastreabilidade que a gente chama – comprova a administradora da cooperativa, Adriana Kraemer. Adriana conta que o mercado do leite orgânico está se expandindo, e que as fraudes na cadeia leiteira do Estado estão contribuindo para o fortalecimento desse nicho do mercado.

– Toda vez que sai na mídia que teve fraude no leite, a agente tem uma procura bem maior, as pessoas nos procuram querendo saber como é feito o leite, como é o leite orgânico. Por que a gente vende em feiras e casas de produtos naturais, por encomenda. E Por que ele é um produto perecível. As pessoas se perguntam de onde vem esse leite, com isso, cresce a procura por produtos orgânicos – reforça Adriana.

 

(RuralBr)

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