gisele.loeblein@zerohora.com.br
Na esteira das discussões sobre produção e industrialização do leite no Estado que vieram à tona com a fraude detectada pelo Ministério Público , um antigo conhecido dos consumidores voltou à cena: a embalagem de saquinho. Na hora das compras, ressurge o argumento do leite pasteurizado.
– Queremos estimular o consumo desse tipo de leite, em que os nutrientes são
mais preservados – afirma Alexandre da Cunha Rota, engenheiro agrônomo e secretário da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil), que tem hoje 50 associados e foco na produção de queijos.
Há 10 anos, segundo dados da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), o leite vendido em saquinho representava 30% das vendas. Hoje, é apenas 10%. No país, mais de 80% do leite consumido é o UHT (do inglês ultra high temperature, o popular leite de caixinha).
Preferências à parte, o que faz a diferença entre um e outro é o tratamento térmico dado ao produto, como explica o coordenador do Centro de Pesquisa em Alimentação da Universidade de Passo Fundo (UPF), Jorge Schulz.
Na pasteurização, o leite é submetido a temperaturas entre 72°C e 75°C, por um período de 15 segundos. Esse processo garante a destruição de 99% das chamados micro-organismos patogênicos, ou seja, aqueles que poderiam causar algum tipo de doença. No caso do leite UHT, a temperatura vai a 140ºC por dois a três segundos. Neste caso, 100% dos micro-organismos são destruídos, conforme Schulz, também professor de tecnologia do leite em diferentes cursos da UPF, que rebate o argumento de que o leite de saquinho conserva mais propriedades.
Não foi por acaso que o leite de caixinha caiu no gosto da indústria e do consumidor. A principal vantagem é, além da conservação mais longa, a possibilidade de trabalhar com grandes volumes do produto.
Enquanto o comprador reflete, o setor precisa fazer a sua parte. Porque quando há garantia do conteúdo, a embalagem é só uma preferência.
FONTE: Zero Hora