Entre os fatos de destaque divulgados pelo Selectus na semana anterior estão: definir os caminhos do leite na Bahia é o principal objetivo da Câmara Setorial do Leite; a Superintendência de Vigilância Sanitária e Ambiental (Svisa) e o Laboratório de Saúde Pública (Lacen) definiram os alimentos que vão ser monitorados em 2009; a coleta de leite em janeiro no Chile registrou uma queda de 20%; resultado do 4º leilão de prêmio para o escoamento de leite de vaca in natura; publicação no D.O.U. da Portaria nº 103, que estabelece grupo de trabalho para regulamentação da lei nº 11.265; importações de leite e derivados em fevereiro; preços do leite ao produtor no Estado de SP, em fevereiro; preços do leite recebidos prelos produtores em 7 estados do Brasil; 20% da matéria-prima do leite em pó no RS foi redirecionada para a fabricação de longa vida e a retração das vendas de leite no Sudeste provocou em fevereiro queda no preço do leite pago ao produtor do Norte. (www.terraviva.com.br)
Oceania – A notícia não é muito animadora para os fornecedores da Westland Milk Products. As primeiras previsões indicam que o pagamento do leite para a próxima temporada deverá ser de NZ$ 3/kg Milksolids (MS), bem abaixo das previsões do início de fevereiro que seria entre $ 4,10 e $ 4.50/kg/MS. Produtores australianos recebem NZ.30/kg MS, mas analistas não prevêem melhora significativa de preços, e aos produtores da Costa Oeste já foi dito que a previsão para a próxima temporada é de NZ$ 3 kg/MS, se permanecerem os atuais preços e taxas de câmbio. (Dairy Exporter )
Cenários/NZ – A Westland Milk projetou 3 cenários: 1. Se os preços médios forem US$ 1.500/tonelada, o pagamento seria entre NZ$ 3 e NZ$ 3,50/MS. 2. Se houver aumento para US$ 2.000, o preço do leite já poderá ser de NZ$ 4 a NZ$ 4.50/MS. 3. E, no caso de atingir US$ 2.500/tonelada, então os produtores já poderiam receber entre NZ$ 5 e NZ$ 5,50/MS. Perguntada a Fonterra anunciou que iria colocar 1 dólar a mais que a Westland, mas o seu executivo Andrew Ferrier disse que o benefício seria concedido a contratos de médio e longo prazo, e a flexibilização dependeria também dos produtos fabricados. (Dairy Exporter)
Negócios
Feira – Entre as empresas cearenses que participarão da Alimentária Lisboa-2009, grande feira de alimentos e bebidas que se realizará de 22 a 24 de abril na capital de Portugal, estão a Empreendimentos Pague Menos, o Supermercado Cometa e a Comercial Roma. A delegação brasileira na Alimentária — que reunirá mais de mil empresas expositoras dos cinco continentes e será visitada por 35 mil pessoas — está sendo coordenada pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), por meio do seu Centro Internacional de Negócios (CIN). (Diário do Nordeste/CE)
BNDES – Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos 12 meses encerrados em janeiro deste ano alcançaram R$ 92,5 bilhões. O valor corresponde a um aumento de 43% em relação ao mesmo período anterior. As aprovações feitas entre fevereiro de 2008 e janeiro de 2009 somaram R$ 121,5 bilhões, com alta de 27%. Entre os setores analisados pelo BNDES, a indústria apresentou o melhor desempenho, respondendo por desembolsos de R$ 39 bilhões e aprovações de R$ 57,7 bilhões. Segundo a assessoria de imprensa do BNDES, o resultado se deve aos investimentos feitos por empresas dos setores de alimentos e bebidas, metalurgia e química e petroquímica. As aprovações de recursos do banco para esses três setores atingiram R$ 28,7 bilhões, o que corresponde a 50% do total aprovado para a indústria. (Agência Brasil)
Setoriais
Safra – A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou ligeiramente nesta segunda-feira suas previsões para as safras de soja e milho na temporada 2008/09, no sexto levantamento da produção. A safra de soja do Brasil 2008/09 foi estimada em 57,63 milhões de toneladas ante 57,21 milhões de toneladas na previsão anterior, de fevereiro. A produção total de milho do país foi projetada em 50,37 milhões de toneladas ante 50,31 milhões de toneladas na estimativa anterior. Com a ligeira elevação, a safra total de grãos e oleaginosas 2008/09 é estimada agora em 135,32 milhões de toneladas, ante previsão em fevereiro de 134,68 milhões de toneladas. Em 2007/08, a produção chegou ao recorde de 144,13 milhões de toneladas. (Agência Estado)
Estoques – A crise financeira e o crédito escasso fazem com que os países tenham dificuldades em formar estoques de alimentos. O resultado é a queda nos preços das commodities agrícolas. A turbulência econômica que começou nos Estados Unidos no ano passado diminuiu as operações bancárias em todo o mundo. O crédito ficou mais caro, e como a atividade econômica depende do sistema financeiro para se movimentar, todos os setores sofrem com a desaceleração da economia. Na agricultura voltada à exportação não é diferente. – A crise é pesada lá fora e diminuiu muito a procura por todos os produtos que o Brasil exporta principalmente as commodities agrícolas – afirma o economista Raul Velloso. A sazonalidade da safra também provoca queda nos preços. – Temos nesse momento o início da colheita de milho, soja e arroz. Isso faz com que a oferta se eleve e haja uma natural queda de preço – explica o superintendente de Gestão e Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Eduardo Tavares. Para ele, a saída é estocar os produtos a fim de evitar a oferta concentrada. – Precisamos ter mecanismos que possam assegurar ao produtor ficar com esses estoques, ou seja, não comercializar de imediato. A queda das commodities é traduzida em números. A soja brasileira, que atingiu a mais alta cotação em julho do ano passado – chegando a valer US$ 16,60 por bushel – hoje amarga uma redução de 48%. (Canal Rural)
Economia
IGP-DI – O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) caiu 0,13% em fevereiro, após avançar 0,01% em janeiro, informou nesta segunda-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a entidade, dos três indicadores que compõem o IGP-DI de fevereiro apenas o Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI) também teve deflação, de 0,31% no mês passado, ante queda de 0,33% em janeiro. Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor – Disponibilidade Interna (IPC-DI) teve taxa positiva de 0,21% em fevereiro, em comparação com o avanço de 0,83% no mês anterior. Já o Índice Nacional de Custos da Construção – Disponibilidade Interna (INCC-DI) subiu 0 27% em fevereiro, após apresentar aumento de 0,33% em janeiro. (Agência Estado)
IPC-S – A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) voltou a subir na primeira semana de março, para 0,35%, após cinco quedas consecutivas. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a maior contribuição para a alta veio do grupo alimentação, cuja taxa passou de –0,12% no encerramento de fevereiro para 0,24% na semana fechada em 7 de março. Hortaliças e legumes (de 1,49% para 1,94%) e frutas (de -3,30% para 0,37%) tiveram os maiores pesos na alta. Na comparação entre as duas últimas semanas, também tiveram alta as taxas dos grupos vestuário (de -0,71% para -0,27%), habitação (de 0,25% para 0,28%), saúde e cuidados pessoais (de 0,70% para 0,72%) e transportes (de 0,66% para 0,72%). Na ponta contrária, os grupos despesas diversas (0,18% para 0,12%) e educação, leitura e recreação (0,49% para 0,46%) registraram decréscimos em suas taxas de variação. (G1)
Crise – Apesar de otimistas com o desenrolar da crise neste ano, a maioria dos brasileiros (82%) não deve mais contrair dívidas, segundo pesquisa da LatinPanel. Além de evitar novos débitos, se forem afetados diretamente, o primeiro item a sair do orçamento dos entrevistados são gastos com lazer e viagens, citado por 39% deles. Em segundo lugar (15%), aparece a cesta de higiene e beleza, seguida de alimentos e bebidas (11%) e de produtos de limpeza (10%). “Em épocas de crise, alguns itens tendem mais a sair do carrinho de compras”, comenta Patricia Menezes, gerente de marketing do instituto de pesquisa de consumo domiciliar que foi a 1.800 residências nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Entre os alimentos mais propensos a continuar nas gôndolas dos supermercados, estão iogurte, requeijão, sorvete, azeite, sopa, molhos, catchup e cereal matinal. Na categoria bebidas, aparecem leite fermentado e o aromatizado, suco pronto para beber e bebidas à base de soja. (Folha de SP)
Globalização e Mercosul
Desaceleração – O Brasil passou a integrar, junto com Rússia, Índia e China , o grupo dos países emergentes que terão uma “forte desaceleração’’ em suas economias, segundo dados divulgados ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE ). “O cenário continuou a se deteriorar entre as principais economias não-membros da OCDE, principalmente no Brasil, que agora se junta à Rússia, à Índia e à China no grupo dos que sofreram uma forte desaceleração”,diz a entidade. O índice de atividade do Brasil ficou em 94,5 pontos, contra 97,2 em dezembro (a estimativa inicial de dezembro, divulgada no mês passado, estava em 98,8 pontos), uma queda de 10,1 em relação a janeiro do ano passado. Em janeiro, o Brasil teria, na avaliação da organização, apenas “desaceleração”. A Índia teve uma queda menor em relação a janeiro de 2008, de 9,6 pontos, mas ficou com um índice inferior ao do Brasil, de 92,4 pontos. A queda no índice da Rússia foi a maior, de 19,4 pontos, em relação a janeiro de 2008. O índice do país ficou em 85,9 pontos. A China, por sua vez, ficou com 87,4 pontos, uma queda de 14,8 contra janeiro do ano passado. Na divulgação de ontem, a organização informou que o índice de desempenho para a economia do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) ficou em 91,7 pontos em janeiro, contra 92,8 pontos em dezembro. A maior queda no resultado de janeiro deste ano, em relação ao mesmo mês de 2008, entre os países do G7, foi a da Alemanha. (Hoje em Dia/MG)
Reformas – A Comissão Européia (CE) propôs uma série de novas medidas para enfrentar a crise, incluindo reforma da supervisão financeira e remuneração dos banqueiros. Enquanto isso legisladores americanos pretendem completar até agosto, um projeto de lei revisando o regulamento do sistema financeiro. O Presidente da CE, José Manuel Durão Barroso, será responsável pela publicação do projeto da Comissão Européia como parte dos esforços para resolver uma crise que paralisou os mercados financeiros e levou à debandada dos investidores. Enquanto isso, a Casa Branca quer o esboço da reforma do sistema quando o presidente Barack Obama for participar da cúpula do Grupo dos 20, que se realizará em abril, na Inglaterra. (Estratégia On Line)
Distribuição/Inglaterra – Depois de investigações realizadas, a Comissão de Concorrência decidiu editar um novo código para controlar o poder de negociação de determinadas cadeias. Através do qual a comissão espera prevenir determinadas práticas na cadeia de abastecimento que transferem riscos excessivos e custos inesperados para os fornecedores. O novo código estipula que os varejistas não poderão requerer ao fornecedor que altere qualquer aspecto do procedimento durante o acordo de abastecimento, e que o varejista é obrigado a pagar ao fornecedor por produtos entregues dentro de “tempo razoável”. Segundo adianta o Planet Retail, o novo código estipula ainda que o varejista não poderá pedir ao fornecedor que pague quaisquer dos seus custos de marketing ou incluir produtos num acordo de abastecimento, de modo a que o fornecedor seja obrigado a pagar quebras. Inclui a obrigação dos varejistas preservarem todos os documentos com os fornecedores, tornando, assim, mais difícil ao distribuidor deslistar um fornecedor. A Tesco e a Asda, do grupo Wal-Mart, já adiantaram que são contra as alterações. (Hipersuper)
Preços/UE – A Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu (PE) aprovou um comunicado em que denunciam as grandes diferenças entre os preços pagos aos produtores e os que finalmente são vendidos aos consumidores. Segundo o PE a origem do problema se deve à concentração crescente da cadeia de alimentos, aos “abusos” do varejo e pedem maior controle sobre as cadeias de distribuição. “Esta diferença provoca inquietação nos dois extremos da cadeia, produtores e consumidores. Os europarlamentares aprovaram a idéia de Bruxelas de formar um sistema europeu de acompanhamento do mercado, que registre a tendência dos preços em todas as fases de abastecimento. Pedem investigações sobre possíveis práticas de concorrência desleal das empresas que operam no mercado comunitário, sugerindo ainda, maior concentração em cooperativas para reequilibrar o poder de negociação dos agricultores e produtores, além de aproximarem um contato direto entre o produtor e o consumidor. (Revista Frisona)
Protesto – Com o título “Plataforma pela liberdade das marcas” amigos espanhóis, quase todos entre os 35 e os 45 anos, iniciaram um movimento contra a retirada em massa de produtos de marcas conhecidas dos supermercados. “Não podemos deixar que os grandes supermercados como o Mercadona escolha por nós ou altere nossos hábitos de consumo. Agora a crise é desculpa para tudo, inclusive para tirar do mercado nossas marcas favoritas. Desde a Nocilla de toda a vida para o sanduíche, até o atum Calvo. Pensamos que é possível levar marcas próprias e outras de reconhecido prestígio pela qualidade no mesmo carrinho, simplesmente queremos ter opções, não um só produto determinado. “Se quisermos produtos de marca branca iremos ao Día, mas não entendemos um supermercado “multimarca”, que não nos dê opções”. (Hipersuper/Yoquiroelegir)
Nestlé entra no mercado de leite longa vida
Com um projeto de R$ 100 milhões, que pode ser ampliado futuramente, a multinacional Nestlé entra, a partir de abril, num novo mercado no país: o de leite longa vida premium. “Existe um espaço para ser ocupado nesse mercado [de leite longa vida] e o nosso plano é ter 5% dele no menor prazo possível”, disse Ivan Zurita, presidente da Nestlé no Brasil, ao jornal Valor Econômico. O mercado de leite longa vida (UHT) gira cerca de 5 bilhões de litros por ano no Brasil e o de leites especiais, cerca de 100 milhões de litros, segundo Zurita. A Nestlé, com sua linha premium, quer abocanhar 250 milhões de litros do total de 5 bilhões de litros.
A nova linha terá marcas já tradicionais no portfólio da companhia, em embalagens Tetra Pack. Haverá o leite Ninho fortificado com ferro e vitamina A, C e D e três desnatados: Molico enriquecido com vitaminas A e D, Molico com Actifibras e Molico Cálcio Plus. Inicialmente, a Nestlé vai ofertar a nova linha de leites no Sudeste. O desempenho das vendas vai definir quando entrar na região Sul.
A empresa fez um acordo com a Shefa, de Amparo (SP), para produzir a sua linha de leite UHT. Uma área da planta será destinada à produção com a supervisão de pessoal da Nestlé. ” Inicialmente, vamos produzir na Shefa, mas vamos avaliar o mercado e, eventualmente, partir para algo maior”, afirmou Zurita. Para produzir a linha de leites UHT, a Nestlé terá de ampliar a sua captação de leite no país. O presidente da Nestlé não revela, porém, de quanto será esse aumento.
A Perdigão será uma das principais concorrentes da Nestlé nesse segmento que tem margens melhores do que as do segmento de longa vida comum. Elegê e Batavo, controladas pela Perdigão, têm linhas de leite especiais. Outra concorrente da Nestlé é a Parmalat, com quatro produtos na linha de especiais. A empresa, controlada pela Laep Investments, tem uma marca forte, mas com dificuldades financeiras e tem reduzido sobremaneira suas operações, inclusive com a venda de fábricas. Para fontes do setor de lácteos, a estratégia da Nestlé inclui ocupar espaços deixados pela Parmalat no mercado.
Na visão de Zurita, “há um mercado a ser ocupado”, já que “a categoria sofreu muito” e “existem empresas debilitadas”. Essa debilidade está relacionada à oferta elevada de elite no último ano e ao desaquecimento dos preços no mercado internacional de lácteos, que desestimulou as exportações. Ainda que as vendas externas – basicamente de leite em pó, condensado e creme de leite – respondam por apenas 8% dos volumes de lácteos produzidos pela Nestlé, Zurita defende que a única forma de reduzir as oscilações no segmento de leite no país é abrir novos mercados para o produto nacional e assim escoar os excedentes de produção.
Zurita acredita que a Europa não tem condições de manter os subsídios e avalia que o Brasil é o único país com capacidade de atender a demanda mundial, já que Nova Zelândia tem restrições climáticas para elevar a produção e a Argentina não tem escala.
A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico.