O preço do leite pago aos produtores, seguindo as expectativas da maior parte dos compradores ouvidos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP, em janeiro, manteve-se praticamente estável em fevereiro. Com isso, o mercado lácteo completa três meses consecutivos sem alterações significativas no preço médio ao produtor.
Apesar de estável, o nível dos preços não estimula a produção, ressaltam pesquisadores do Cepea. E, em janeiro, pela primeira vez no histórico do Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea (iniciado em junho de 2004), registrou-se que, por cinco meses seguidos, o volume captado em um mês foi menor que o do mesmo período no ano anterior – jan/09-jan/08, dez/09-dez/08 e assim sucessivamente.
Mesmo com as boas chuvas na maioria das regiões leiteiras, o ICAP-L/Cepea mostra que o volume de janeiro de 2009 foi 1,25% menor que o de dezembro de 2008 e cerca de 8% inferior ao de janeiro do ano passado. Para entender esses números, basta observar que de julho/08 para fevereiro/09, a média ao produtor caiu 24% em termos deflacionados (IPCA) ao passo que os custos seguiram em alta.
Pesquisadores do Cepea explicam que a redução do volume de dezembro para janeiro é normal, mas a queda de 8% em relação ao mesmo mês do ano passado chama a atenção. A título de comparação, o ICAP-L/Cepea de janeiro/08 foi 22,5% maior que o de 2007, que havia sido 6,5% superior ao de 2006.
Nesse cenário, o que o produtor mais quer saber é se os preços voltarão a subir. Mas, pelo menos para o próximo pagamento, a maioria dos compradores consultados pelo Cepea, 69% deles, prevê que as cotações continuarão nos mesmos patamares. Por outro lado, esses compradores admitem que a pressão por aumento é cada vez maior e que reajuste dos preços a serem recebidos em abril, referentes à produção de março, não seria estranho.
Na média ponderada dos sete estados considerados para a composição da “média Brasil” (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA), o preço bruto (sem o desconto do frete e de 2,3% da CESSR) de fevereiro, referente ao leite entregue em janeiro, foi de R$ 0,5981/litro, alta mínima de 0,21% sobre janeiro. Também nesses sete estados, as variações foram pequenas, indo de -0,02% no Rio Grande do Sul a +1,06% no Paraná.
Analisando também Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, pesquisados pelo Cepea mas não incluídos na “média Brasil”, vê-se novamente estabilidade no mercado fluminense, a R$ 0,545/litro em fevereiro, e aumento de 1,2 centavo de real por litro (valor bruto) para os produtores sul-mato-grossenses, com o litro a R$ 0,4752
Com isso, o mercado lácteo completa três meses consecutivos sem alterações significativas no preço médio do leite ao produtor. Comparando-se a média atual à calculada com os valores deflacionados de fevereiro dos últimos oito anos (2001 a 2008), o preço hoje é 7,6% superior. Grandes laticínios de Minas Gerais e Goiás sinalizam aumento de preço ao produtor (cerca de R$ 0,02/litro) para o próximo pagamento, sendo que o volume de produção (oferta) será fator decisivo para a manutenção dessa recuperação de preços nos próximos meses. No Rio Grande do Sul, o preço ao produtor deve permanecer estável neste mês, mas a partir do final de março já deve haver reajustes, segundo os agentes consultados.
Gráfico 1. ICAP-L/Cepea – Índice de Captação de Leite – Janeiro/09. (Base 100=Junho/2004)
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Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em FEVEREIRO/09 referentes ao leite entregue em JANEIRO/09.
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Tabela 2. Médias estaduais das novas regiões – RJ e MS
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Gráfico 2. Série de preços médios pagos ao produtor – deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA)
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As informações são do Cepea-Esalq/USP.