Ação criada pela associação visa esclarecer o consumidor que pode ser confundido com rótulos de produtos análogos ao leite; em Goiás, governo já criou medidas para regulamentação
Esteio – O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, recebeu um pedido para que o governo possa aderir à campanha “Aqui tem Leite de Verdade”, criada pela Associação das Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil). O pedido ocorreu durante a última edição da 44ª Expointer, quando o governador visitou a Casa Apil no parque Assis Brasil.
De acordo com o presidente da Apil, Délcio Giacomini, o crescimento de produtos análogos e assemelhados aos lácteos vem criando confusão entre os consumidores, razão pela qual fez, já em 2020, a Apil dar início a uma campanha de conscientização do consumidor. “No entanto, este esforço isolado não vai conseguir atingir plenamente seus objetivos. Para tanto, solicitamos encarecidamente do governador Eduardo Leite, por meio de seus assessores ou secretarias, encabeçar uma ofensiva para regulamentar a diferenciação desses produtos em comparação aos produtos lácteos”, disse o presidente.
A proposta é que o estado estabeleça um marco legal para diferenciar produtos lácteos dos demais. Entre eles, os plant-baset, análogo e vegano, que é comercializado com informações que não são claras ao consumidor. “O estabelecimento que utiliza estes produtos teria que ser obrigado a esclarecer, de maneira clara e objetiva o consumidor”, complementa Giacomini.
Segundo o presidente da Apil, o estado de Goiás aprovou, recentemente, o Projeto de Lei 20.948, que já foi sancionado pelo governador Ronaldo Caiado. A lei goiana tem o papel de regulamentar as informações de rotulagem e comercialização de produtos análogos.
Mobilização política
Além de solicitar o apoio de Leite durante a Expointer, a Apil já participa de negociações junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio da Aliança Láctea Sul Brasileira e Confederação Nacional de Agricultura (CNA), para criar uma lei específica, proibindo o uso de denominação de queijo, leite ou produto lácteo para produtos que não seja proveniente de leite de fêmeas animais.
A indústria láctea conta ainda com os projetos de Lei do Deputado Federal Elvino Bohn Gass, que tramita na Câmara, sobre este mesmo assunto e do Deputado Estadual Jeferson Fernandes, tramitando na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
“Criamos também uma campanha institucional com a chamada “Aqui Tem Leite de Verdade”, que será veiculada em nossas redes sociais. A última edição da Revista Leite&Queijos – impressa pela Apil – também abordou o tema, com uma pesquisa, feita pela Universidade Federal de Santa Maria”, revela Délcio Giacomini.
O estudo divulgado pela publicação mostra que 80,8% dos consumidores admite que o rótulo e as informações contidas em produtos análogos ao leite confundem o consumidor na hora da compra. A maioria dos entrevistados também – 84,3%, disse que os análogos não podem usar imagens e informações de produtos lácteos em seus rótulos e embalagens. O estudo foi coordenado pela pesquisadora Neila Richards.
Pedido que é legítimo
Durante a reunião com associados da Apil, o governador Eduardo Leite demonstrou interesse nas sugestões da associação, recebidas naquele dia. Ao lado da secretária Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural Silvana Covatti, Leite confirmou o apoio aos laticínios gaúchos. “Este é um pedido legítimo, tendo em vista que parte da associação que representa produtores e a indústria, no sentido de um esclarecimento”, disse Leite.
O governador salientou ainda a campanha “Aqui Tem Leite de Verdade” é válida, e importante para tornar ainda mais clara as informações repassadas ao consumidor. “A Apil está correta, pois trabalha na lógica de esclarecer, orientar e informar. Por conta disso, recebemos este pedido e dar o encaminhamento. Sendo o caso, o governo poderá sim dar o devido apoio a esta campanha”, complementou o governador.