Importações – Veja as importações de lácteos em maio de 2009 comparadas com maio de 2008 e abril de 2009. Em seguida, as importações acumuladas de janeiro a maio de 2009 comparadas com o mesmo período de 2008. (www.terraviva.com.br)
Lácteos – Após negociação de meses, o setor lácteo conseguiu recuperar dois incentivos fiscais que afetariam a competitividade das indústrias gaúchas se revogados. O decreto nº 46.377, publicado no último dia 4 pelo governo estadual, prorroga o crédito presumido de 8,5% na venda de leite longa vida para fora do Estado até 1º de janeiro de 2010. A medida é retroativa a 1º de maio, quando se extinguiu o benefício. Sem a decisão, estados concorrentes no mercado doméstico, como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e Santa Catarina, que possuem políticas tributárias semelhantes, ou até mais agressivas, estariam em vantagem comercial em relação aos gaúchos, explica o secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Darlan Palharini. O mesmo decreto mantém até setembro a concessão de crédito presumido de ICMS para operações em que o leite cru é captado fora do RS, processado pelas indústrias no Estado e vendido para outras regiões do país, cuja alíquota varia de acordo com o produto. (Correio do Povo/RS)
Fraude – A Polícia Federal prendeu, em seis estados e no Distrito Federal, oito suspeitos de envolvimento num esquema para favorecer frigoríficos e laticínios em Rondônia. Segundo a investigação, fiscais da Superintendência da Agricultura cobravam propina para conceder o selo de inspeção federal a carnes, leite e derivados impróprios para o consumo. A investigação das irregularidades partiu de uma sindicância interna do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, aberta em março do ano passado. (Jornal Nacional/Rede Globo)
Argentina – A Sancor lançou uma nova estratégia para passar o inverno. Pagará entre junho e setembro 20 centavos a mais pelo litro de leite excedente, em relação à cota do ano passado. O objetivo é garantir a captação de leite durante o inverno, e de acordo com um porta voz da empresa, “permitir o crescimento dos seus produtores”. As indústrias temem uma queda brusca a partir de agora, mesmo porque a seca já provocou uma redução de 40% na produção de leite. Em maio a Sancor pagou em média 75 centavos pelo litro de leite. Com o bônus “de inverno”, e os 10 centavos de subsídio oficial, os produtores receberão pouco mais de 1 peso pelo litro de leite excedente. Não está nos planos da Mastellone, que também compra na bacia leiteira de Buenos Aires, qualquer tipo de incentivo de inverno, mas adianta que está pagando 82 centavos pelo leite de maio, 8,5% a mais que a Sancor. (El Cronista)
França – A criação de uma brigada de controle dos preços do leite anunciada por Michel Barnier, Ministro da Agricultura, e Luc Chatel, secretário da Indústria e Comércio, foi suficiente para que os 7.000 agricultores liberassem os armazéns das redes de distribuição, encerrando o bloqueio que deveria prosseguir até sábado. A Federação dos Distribuidores anunciou que o fim antecipado do conflito impediu a perda de estoques, na ordem de 25% em certas linhas de produtos lácteos. A “brigada dos preços” será formada por consultores independentes. (Le Fígaro) Nos últimos dias os distribuidores começaram a revelar as margens de lucro, que em alguns produtos lácteos chegam a 20%. O Carrefour diz que para produtos comuns, a margem é de 20 centavos para um preço de 69 centavos, (28%), mas produtos lácteos mais elaborados, como leites enriquecidos, queijos e vários iogurtes, a margem é maior. O tema será polêmico, e as entidades agrárias consideram abusivas e ilegais margens de 40% obtidas pela distribuição. Os distribuidores asseguram que são favoráveis a trabalhar no observatório dos preços, mas insistem que não precisam justificar suas margens. (Le Fígaro)
Oceania – As condições meteorológicas estão prejudicando a produção de leite na Nova Zelândia, e também na Austrália, onde mais de 120 fazendas de leite foram afetadas, ou pela seca ou pelas inundações. Os volumes exportados continuam caindo, junto com os preços, como ficou demonstrado na variação negativa de 12% no último leilão da Fonterra, em relação ao anterior. A retomada dos subsídios americanos e o aumento dos subsídios europeus criam mais tensões. Moedas valorizadas aumentam os prejuízos com as exportações. A expectativa é que os preços da nova temporada sejam inferiores aos anunciados. Os preços da manteiga, leite em pó integral e queijos estão estáveis, mas com tendência de baixa, uma vez que o valor mínimo continua caindo. O preço do leite em pó desnatado está rigorosamente estável. (Usda)
Negócios
Tetra Pak – A Tetra Pak anunciou novo sistema que permite ao consumidor ter acesso a mais informações nas embalagens longa vida. Chamado de ‘Rastreabilidade Ativa Tetra Pak’, funciona com um código com o qual o cliente tem acesso, via Internet, a informações desde a matéria-prima até a distribuição. (Correio do Povo/RS)
La Serenissima – A empresa argentina de lácteos, La Serenissima negou ontem que esteja negociando a venda de seu controle para a múlti francesa Danone, como informou o jornal “La Nación”. (Valor Econômico)
Investimento – A partir de julho, produtores brasileiros ganharão nova opção de equipamento para a produção de leite. A indústria gaúcha Sulinox será a distribuidora exclusiva no Brasil de tanques refrigerados de grande porte produzidos pela francesa Serap. O projeto necessitou de investimento de R$ 500 mil, valor que também inclui o desenvolvimento de trabalho conjunto com a israelense Afimilk para gerenciamento de rebanhos. De acordo com o diretor da Sulinox, Leandro Einsfeld, a expectativa é que o faturamento da Sulinox cresça até 30% em 2010. Os tanques, com capacidade entre 5,2 mil e 40 mil litros, são hermeticamente fechados e permitem controle de temperatura, medição e economia de energia elétrica. (Correio do Povo/RS)
Nestlé – Criado há três anos pela Nestlé Brasil, o sistema de vendas porta-a-porta da companhia suíça no Brasil está chegando ao Nordeste. Até agora, o “Nestlé vai até você” funcionava apenas em Estados da região Sudeste, principalmente em bairros onde se concentram consumidores das classes C, D e E. No Recife, o sistema deve ser inaugurado ainda este mês e deve se expandir para outros Estados da região. No primeiro ano de funcionamento do “Nestlé vai até você”, em São Paulo, a empresa formou um grupo de 800 revendedoras. Hoje, o programa conta com 6 mil representantes, que vão de casa em casa, vendendo produtos da companhia acondicionados em carrinhos com isolamento térmico. Segundo a companhia, a área de negócios voltados aos consumidores emergentes cresceu 15% no Brasil em 2008 e teve mais de R$ 1 bilhão em vendas. (Valor Econômico)
Guia Nutricional – A Nestlé Brasil acaba de lançar o Guia Nutricional, que indica o volume de nutrientes oferecidos pelo produto numa porção e sua ajuda na alimentação segundo recomendações dos órgãos de nutrição e saúde. A princípio, ele estará impresso nos novos biscoitos integrais das marcas Combina Com, Original e 3 Cereais. (Jornal do Comércio/RS)
Supermercados/SC – Um dos setores da economia catarinense e brasileira que passou longe da crise global é o de supermercados. As vendas reais (descontada a inflação) do setor, no país, cresceram 5,7% de janeiro a abril deste ano, frente ao mesmo período do ano passado, e, em SC, os números ficaram próximos de 5% no mesmo período. Com as vendas em alta, os supermercados mantiveram os planos de investimentos em SC, mesmo nestes meses de maior impacto da crise em alguns setores da economia, observa o presidente da Acats, Adriano Manoel dos Santos. Os maiores investimentos são da gigante Wal-Mart, que anunciou seis novas lojas no Estado, com investimentos de R$ 132 milhões. A força do consumo das classes C, D e E deve garantir mais um ano sem crise aos supermercados. (Diário Catarinense)
Setoriais
Preços – O IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores agropecuários de São Paulo pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) – vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado -, encerrou a primeira quadrissemana de junho com variação positiva de 2,91%. Foi a oitava consecutiva do indicador, desta feita puxada por valorização médias tanto no grupo de produtos de origem vegetal (3,23%) quanto entre os produtos de origem animal (2,11%). No primeiro, os destaques foram os saltos do feijão (16,09%), do milho (8,19%), do algodão (7,69%) e da soja (5,21%), os três últimos em linha com as oscilações internacionais; no segundo grupo, destacaram-se os ganhos no leite C (8,66%) e na carne de frango (6,92%), mas os preços pagos pela carne suína registraram queda de 14,4%. (Valor Econômico)
Agricultura Familiar – Os produtos da agricultura familiar estão garantidos nas escolas brasileiras. A Medida Provisória (MP) 455, que abre o mercado institucional para agricultores familiares de todo o País, foi sancionada na tarde desta terça-feira (16), em Brasília, pelo presidente da República em exercício, José de Alencar. De acordo com o artigo 14º da MP, no mínimo 30% dos recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) devem ser utilizados para compra de produtos dos agricultores familiares e empreendedores familiares rurais. De acordo com o FNDE, os principais produtos a serem adquiridos em maior escala para a alimentação escolar são: feijão, arroz, carne, tomate, frutas, açúcar, cenoura, cebola, alho e leite (de vaca). (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)
Economia
IPC – O índice de Preços ao Consumidor (IPC) apontou inflação de 0,19% na cidade de São Paulo na segunda quadrissemana de junho, informou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O resultado ficou abaixo da primeira quadrissemana (0,23%) e veio dentro das expectativas do mercado, que iam de 0,14% a 0,23%, com mediana de 0,18% segundo pesquisa da Agência Estado. Os grupos que apresentaram alta entre a primeira e a segunda prévia foram Alimentação (de -0,11% para 0,06%) e Educação (de 0,07% para 0,10%). Houve desaceleração em Despesas Pessoais (de 0,94% para 0,57%), Saúde (de 0,81% para 0,69%), Habitação (de 0,29% para 0,27%) e Vestuário (de 0,26% para 0,01%). (Agência Estado)
IPC-S – A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) recuou em cinco das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na passagem da primeira para a segunda semana de junho. A maior queda foi verificada no Recife onde o indicador caiu a menos de um terço, passando de 0,53% para 0,13%. Em Salvador, o IPC-S recuou de 1,14% para 0,84%. Ainda assim, a taxa da capital baiana é a maior entre as pesquisadas. Em São Paulo, também houve recuo significativo, de 0,34% para 0,19%. As demais quedas foram verificadas no Rio de Janeiro (de 0,46% para 0,43%) e Porto Alegre (de 0,36% para 0,20%). (G1)
Globalização e Mercosul
Soja – Os chineses avisam que vão reduzir em 7,5% a compra de soja na safra 2009/10. Os motivos, segundo a Bloomberg, são a fraca demanda por rações animais e a maior oferta interna. As importações devem cair para 37 milhões de toneladas. (Folha de SP)
Mercado – Com preços imbatíveis, os produtos chineses continuam tomando espaço do Brasil no mercado argentino, apesar da forte queda das importações do país, tanto do Brasil quanto da China. Dados compilados pela consultoria Abeceb.com, que acompanha de perto a evolução do comércio exterior argentino, mostram que as barreiras levantadas contra os produtos importados não foram suficientes para conter a entrada de produtos chineses nem o desvio de comércio com o Brasil, principal sócio do Mercosul. Para uma queda de 35,3% das importações em geral no primeiro trimestre de 2009, as compras no Brasil retrocederam 45,4%, enquanto as da China caíram 25%. (Valor Econômico)
RS: governo prorroga incentivos fiscais aos lácteos
Após negociação de meses, o setor lácteo conseguiu recuperar dois incentivos fiscais que afetariam a competitividade das indústrias gaúchas caso fossem revogados. O decreto nº 46.377, publicado no último dia 4 pelo governo estadual, prorroga o crédito presumido de 8,5% na venda de leite longa vida para fora do Estado até 1º de janeiro de 2010. A medida é retroativa a 1º de maio, quando se extinguiu o benefício.
Sem a decisão, estados concorrentes no mercado doméstico, como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e Santa Catarina, que possuem políticas tributárias semelhantes, ou até mais agressivas, estariam em vantagem comercial em relação aos gaúchos. O mesmo decreto mantém até setembro a concessão de crédito presumido de ICMS para operações em que o leite cru é captado fora do RS, processado pelas indústrias no Estado e vendido para outras regiões do país, cuja alíquota varia de acordo com o produto.
As informações são do jornal Correio do Povo/RS. Com produção menor e UHT em alta, produtor recebe mais pelo leite.
No último mês, a retomada dos preços já foi sentida com maior intensidade na maioria das regiões do país. Apesar de atrasado em relação ao atacado e varejo, o aumento de preços ao produtor melhorou o ânimo geral do setor, podendo trazer expectativas para uma retomada da produção, caso esse cenário se mantenha. Oferta, consumo interno e o comportamento do mercado do leite longa vida continuam sendo fatores decisivos para definição dos valores praticados nos próximos meses.
Em maio, de acordo com o Cepea-Esalq/USP, o preço médio pago ao produtor teve alta de 5,9%, alcançando R$ 0,6625/litro, sendo que as principais justificativas para esse aumento são a redução do volume captado pelas indústrias e a elevação dos preços do UHT – em abril, a queda no volume captado, em relação ao mesmo mês de 2008, foi de 6,2%. A prolongada estiagem na região Sul do país, principalmente durante os meses de março e abril – período do ano preferencial para a instalação das áreas de pastagens de inverno -, prejudicou severamente a atividade, gerando um atraso de cerca de 30 dias para o início do período de maior produção de leite da região. Normalmente, a região Sul já tem uma retomada da produção em meados de junho, o que ainda não ocorreu esse ano, e deve começar a ser visto no final do mês ou mesmo início de julho.
O último relatório mensal divulgado pelo Rabobank, prevê um aumento nos preços do milho até o 1º trimestre de 2010, alcançando os patamares de preços do 1º trimestre de 2008, mas abaixo dos picos de preços observados no 2º trimestre do mesmo ano – o preço médio do grão negociado na Bolsa de Chicago no 1º trimestre/09 foi de US$ 140/tonelada, e o pico previsto para 1º trimestre/10 é de US$ 184/ton). Essa tendência deve-se à previsão de aumento da demanda mundial, às questões climáticas que prejudicaram a produção de importantes países exportadores, como Brasil e Argentina, e também devido à insegurança dos EUA frente a novas políticas econômicas adotadas pelo país.
Para a soja, o que se prevê, no mesmo relatório, é uma alavancagem dos preços até o 3º trimestre deste ano, que posteriormente voltam a cair, regressando aos patamares do início deste ano, no 2º trimestre de 2010 – a cotação média no 1º trimestre/09 para a soja, negociada na Bolsa de Chicago, foi de US$ 345/tonelada, e o pico de preços previsto para o 3º trimestre, deverá alcançar US$ 422,5/tonelada. A revisão de forte baixa para a produção Argentina, aliada à contínua e crescente demanda da China, são os fatores responsáveis pela alta de preços, nesse momento.
Gráfico 1. Receita menos custo de ração.
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Analisando o consumo interno, já se observa uma retomada da economia, estimulada principalmente pelo aumento, no primeiro trimestre de 2009, de 5,2% na massa salarial real, e de 22,1% no saldo de operações de crédito não direcionadas para as pessoas físicas. Os programas de assistência governamental também servem de forte amortecedor aos efeitos da crise – atualmente, 11 milhões de famílias estão cadastradas no Bolsa-Família. As classes D e E, que representam 42% da população e 34% dos consumidores, são as que menos sentiram os efeitos da crise. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o consumo das famílias cresceu 0,7% no 1º trimestre de 2009 na comparação com o último trimestre de 2008; na comparação com o 1º trimestre de 2008, o consumo das famílias de janeiro a março de 2009 cresceu 1,3%, registrando o 22º trimestre consecutivo (a partir de 2003) de expansão nesse critério.
Isso vem ressaltar, mais uma vez, que apesar das dificuldades econômicas e da renda mais comprometida, a demanda é um fator de peso menor nessa questão de mercado, uma vez que os gastos com alimentação não sofreram uma queda acentuada, até as análises feitas neste período. Contudo, temos que levar em consideração, no momento atual, a questão do aumento do preço do leite longa vida, que já se torna preocupante, devido a substituição do produto que começa a ser vista em algumas redes varejistas.
Desde os últimos dois meses, o longa vida vinha ganhando margem, no atacado e no varejo, consequência da oferta de leite reduzida e, particularmente no estado de SP, em função das questões fiscais e das dificuldades da Leite Nilza, que reduziu a oferta de produto no mercado paulista. No mês de maio, no entanto, os valores mostraram uma elevação ainda maior, chegando a níveis superiores aos registrados em 2007 – período também de forte alta no preço do produto. A forte competição pelas indústrias, aliada a uma demanda firme e ausência de estoques, resultou nessa alta de preços, refletindo, agora, nos preços ao produtor. Em pesquisa realizada pelo MilkPoint no varejo de Piracicaba-SP, o preço médio do litro do UHT na 1ª quinzena de maio (R$ 2,05), comparado à 2ª quinzena de abril, teve alta de 5,2%. Essa variação foi ainda mais alta entre as duas quinzenas de maio, sendo que na 2ª quinzena o valor (R$ 2,21) era 7,7% superior em relação à primeira. O valor médio do litro do produto em maio (R$ 2,13), ficou 12,06% acima do preço médio de abril (R$ 1,90). As informações de que não há grande quantidade de leite longa vida disponível pode ser comprovada, neste período, pelo tempo médio de prateleira (data de fabricação – data da pesquisa), que foi de 26 dias em abril e 18 dias em maio (gráfico 2).
Gráfico 2. Médias mensais de preços do leite longa vida integral e dias de prateleira, no varejo de Piracicaba-SP.
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Essa alta de preços do longa vida, apesar de ter contribuído para uma melhora dos preços ao produtor, traz a preocupação em relação ao consumo: até que ponto os aumentos de preços serão absorvidos pelos consumidores? Nos últimos dias, algumas grandes redes de supermercados do estado de SP já notaram a substituição do leite longa vida por leite pasteurizado, por leite em pó ou por bebidas à base de soja, e para esse último caso, o alerta deve ser ainda maior. Também informaram uma retração do consumo nos últimos dias. Os preços, no entanto, se mantêm elevados, mas já não sobem mais.
Para o próximo mês, a tendência é ainda de nova alta no preço pago aos produtores, de acordo com as fontes consultadas pelo MilkPoint. No pagamento de julho (referente ao leite entregue em junho), o aumento deve ser de 5 a 7 centavos, alcançando valores médios de R$ 0,70 – R$ 0,80/litro no Sudeste e Centro-Oeste, e de R$ 0,65 – R$ 0,75/litro no Sul. O mercado de queijos também mostrou recuperação nesse último mês – devido à queda da produção de leite e ao aumento da procura por parte das empresas de longa vida, gerando maior competição – sendo que o quilo da mussarela, no atacado, está sendo comercializado hoje entre R$ 9,00 e R$ 11,00 – uma alta de até 25%, quando comparado com os preços informados pelas mesmas fontes no mês de abril.
No mercado internacional, o panorama é preocupante: as cotações não mostram reação. No último leilão da Fonterra (02/06), o preço médio alcançado para todos os produtos e períodos contratuais para o leite em pó (WMP) foi US$ 1.886/ tonelada, posto na Nova Zelândia, valor 12% inferior ao do leilão anterior. Como reflexo do leilão, os preços de exportação dos lácteos na Oceania recuaram, sendo de 6,8% a queda no preço médio do leite em pó integral (US$ 2.050/t). No Oeste da Europa, os preços mantiveram-se estáveis em relação à quinzena anterior (após três quinzenas consecutivas de altas), ficando o preço médio da tonelada do leite em pó integral em US$ 2.625.
No caso do Brasil, o comércio internacional encontra-se praticamente estagnado, tanto nas exportações (preços externos ruins e câmbio desfavorável), quanto nas importações. A barreira às importações de lácteos da Argentina, através do licenciamento não automático, já mostra resultados: no mês de maio, foram importadas 3,03 mil toneladas de leite em pó (equivalente a 24,8 milhões de litros de leite), sendo 2,31 mil toneladas (76%) provenientes da Argentina (ao preço médio de US$ 2.1878/t) e 725 toneladas provenientes do Uruguai (preço médio de US$ 2.008/t). Vale lembrar que, no acordo estabelecido no final de abril com a Argentina, em relação às importações, estabeleceu-se como preço mínimo para a tonelada do leite em pó o valor vendido pela Nova Zelândia, e volume máximo de 3 mil toneladas por mês. Mas talvez esse acordo não seja suficiente para brecar as importações. Considerando a apreciação do real, as baixas cotações no mercado externo e o preço do leite em alta no mercado interno (especialmente em dólar), não será surpresa se vier leite de outras origens, como Nova Zelândia, Austrália e até União Europeia, mesmo pagando TEC de 27% e tarifas anti-dumping.