Entre os fatos de destaque divulgados pelo Selectus na semana anterior estão: importações de leite e derivados em abril de 2009,a balança comercial brasileira de lácteos fechou o primeiro trimestre deste ano com déficit de US$ 10 milhões; no primeiro trimestre do ano a exportação de produtos lácteos da Argentina, em volume, subiu 10%, em relação ao mesmo período de 2008; a concorrência por leite orgânico está aquecendo a indústria de laticínios, que não consegue satisfazer a crescente demanda; a Fonterra retoma suas atividades no mercado de leite; a estiagem que castiga o Rio Grande do Sul já provocou queda de 35% na produção leiteira e um colegiado de sete ministros autorizou o governo a implantar um sistema de licenciamento não-automático para as compras externas de leite e derivados da Argentina. (www.terraviva.com.br)
Preços – Veja na tabela abaixo, os preços médios de abril de 2009 e igual período de 2008 do litro de leite recebido pelos produtores em sete estados do Brasil.
Cepea – Desta vez, o aumento no preço médio do leite foi um pouco maior. Nos sete estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) que o Cepea considera para a “média nacional” (ponderada por volume), o reajuste foi de 1,7 centavo por litro ou de 2,81%. Isso significa que o valor bruto médio recebido pelo produtor em abril (referente à produção entregue em março) foi de R$ 0,6258/litro – sem o desconto dos 2,3% da CESSR e do frete. Os maiores aumentos, de quase 3 centavos por litro, ocorreram em Minas e em Goiás – reajustes de 4,63% e 5,02% respectivamente. Para os mineiros, o valor médio bruto chegou a R$ 0,6338/litro e, para os goianos, subiu para R$ 0,6155/litro. Com isso, esses estados voltaram a ocupar a segunda e terceira posições de maiores preços no País – o que não ocorria desde o final do ano passado –, atrás apenas de São Paulo. Produtores paulistas, em abril, tiveram o reajuste de 1,5 centavo por litro no preço médio, que passou para R$ 0,6536/litro. (Cepea)
Preço/GO – A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), citando pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), reclama que os preços do leite no atacado teriam subido 25% no primeiro trimestre do ano, mas o aumento não foi repassado para os preços pagos ao produtor. O estudo constatou que, de janeiro a março, o preço do leite pago ao produtor em Goiás foi o menor dentre os maiores Estados produtores, registrando uma média de R$ 0,58 por litro. O não repasse do aumento no atacado, fez com que a remuneração do produtor, nos três primeiros meses do ano, fosse pior que a do mesmo período do ano passado, que ainda teve de enfrentar um pesado aumento dos custos de produção. Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, a baixa remuneração leva ao desestímulo. Segundo ele, Goiás, que já foi o segundo maior produtor de leite do País, atrás somente de Minas Gerais, hoje é apenas o quarto. O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Goiás (Sindileite), Alfredo Luiz Correia, disse que não procede a informação generalizada pela Faeg de aumento dos preços do leite no atacado. “Houve um aumento pontual de mais ou menos 20% nos preços do leite longa-vida, mas isso em decorrência da queda da produção de leite no Rio Grande do Sul.” Explica que a redução da oferta do leite gaúcho, que supria a produção de longa-vida para o mercado paulista, impulsionou a demanda pelo produto, o que favoreceu a reação dos preços. “Mas só do longa-vida. O queijo, o leite em pó e outros produtos lácteos não registraram aumentos significativos”, diz. O diretor do Sindileite questiona também a informação de que o produtor estaria recebendo R$ 0,58 pelo litro de leite. “Talvez estejam nivelando por baixo, pois se tem produtor recebendo R$ 0,58, também tem quem receba R$ 0,70 e até mais”, afirma. (O Popular/GO)
Acordo/AR – Pressionados pela decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de barrar seus produtos, aprovada na última terça-feira, os argentinos concordaram em vender a tonelada de leite em pó, no mínimo, por US$ 2,2 mil. Também aceitaram restringir suas vendas em até 3 mil toneladas por mês. Na próxima semana, os governos brasileiro e argentino debaterão, em Assunção, na reunião do Grupo Mercado Comum (GMC), braço-executivo do Mercosul, a elevação da Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco para a importação de lácteos. O Brasil propõe aumentar a sobretaxa de 16% para 28%. O objetivo é reduzir a diferença tarifária e eliminar eventuais “triangulações” de produto de terceiros países. O acordo será monitorado por uma comissão bilateral composta por membros de governo e do setor privado. (Valor Econômico)
Importação/AR – O Brasil importou, somente nos quatro meses deste ano, quase 22 mil toneladas de leite em pó a um preço médio de US$ 1.780 a tonelada. Em abril, o preço caiu a US$ 1.730. A cota de exportação ao Brasil em 2009 será equivalente à média anual dos últimos cinco anos – ou 21.966 toneladas. O preço mínimo de US$ 2,2 mil fixado no acordo terá como referência o preço apurado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para a Oceania. Desse cálculo, será excluído o volume já vendido nos últimos quatro meses. (Valor Econômico)
Investigação – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apoia a decisão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) de investigar suspeita de fraude na importação de leite em pó oriundo da Argentina. A investigação do Departamento de Defesa Comercial do MDIC vai averiguar eventual prática de subfaturamento e triangulação na importação de lácteos provenientes da Argentina. Dados da balança comercial do agronegócio mostram que, no primeiro trimestre de 2009, o Brasil importou 21,5 mil toneladas de leite em pó da Argentina, equivalente ao volume comprado em 2008. Comparado ao primeiro trimestre de 2008, o volume aumentou 285%. (Ministério da Agricultura)
Preços/NZ – Na Oceania os preços das principais commodities lácteas continuam estáveis, com tendência de alta, conforme os últimos dados divulgados pelo Departamento de Agricultura Americano (Usda). Veja na tabela os preços das últimas 10 quinzenas. (Clal )
Preços/UE – A Cooperativa FrieslandCampina garantiu a seus fornecedores o pagamento de 25,25 euros por 100 quilos, para o leite entregue em maio. O preço garantido da FrieslandCampina é a média dos preços pagos em um ano pelas empresas de laticínios da Alemanha, Dinamarca, Países Baixos e Bélgica, e independe do resultado da empresa. Também não estão incluídos os pagamentos adicionais. Este valor vai confirmando uma estabilidade nos preços pagos aos produtores na Europa. (FrieslandCampina )
Negócios
Aurora – Um incêndio destruiu parcialmente a unidade de processamento de leite da Coopercentral Aurora (Aurora Alimentos), em Pinhalzinho, no Oeste de Santa Catarina. Os prejuízos estão estimados em R$ 50 milhões. O presidente Mário Lanznaster informou que a unidade ficará paralisada por 120 a 150 dias, quando voltará a funcionar parcialmente. A recuperação total está prevista para 2010. Nos próximos quatro meses, os 600 mil litros de leite que a Aurora recebia e processava diariamente serão transferidos para empresas parceiras ou comercializados diretamente no mercado. (Correio do Povo/RS)
Marcas Próprias – A crise acelera o desenvolvimento dos produtos de marca própria. A expectativa é que as vendas desses artigos, que até o ano passado representavam 7% do faturamento de supermercados, farmácias e outros tipos de loja, cheguem a 9% neste ano. Com isso, o faturamento do setor, que em 2008 foi de cerca de R$ 170 bilhões, poderá alcançar R$ 197 bilhões até dezembro, segundo a Abmapro (Associação Brasileira de Marcas Próprias). No Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, 3% do faturamento era proveniente de marcas próprias no final do ano passado. “Nossa meta é chegar a dezembro com 6%”, diz o presidente Claudio Galeazzi. “Ainda é pouco. No Casino, na França, esse percentual é de 30%”, afirma. Na rede Dia, do Carrefour, com 330 lojas no Estado de São Paulo, o total de itens vai passar de 700 para 800 este ano. Atualmente, 83 produtos estão em desenvolvimento. Outra evidência da expansão do setor será a 25ª Feira Internacional de Negócios em Supermercados da Associação Paulista de Supermercados, de 18 a 21 deste mês, em São Paulo, que pela primeira vez terá uma área especial só para fabricantes de marcas próprias. O número de produtos de marcas próprias no varejo cresceu 31% entre agosto de 2007 e julho de 2008, segunda a Nielsen. “Mas a crise acelera esse processo”, diz Claudio Iriê, diretor de marca própria do Carrefour. Esse impulso vem, por um lado, do desejo do consumidor de economizar. Com medo de um possível desemprego e temendo dias mais sisudos na economia, o brasileiro não deixou de comprar. Mas dá preferência para produtos mais baratos, segundo estudo recente da Nielsen. (Valor Econômico)
Setoriais
Safra/RS – A continuidade da seca no Rio Grande do Sul levou a Emater a rever a estimativa para a safra de verão no Estado. O levantamento divulgado ontem aponta que houve redução de 9,6% na projeção de colheita da soja, que passou de 8,41 milhões de toneladas para 7,67 milhões de toneladas. Mesmo com o recuo, a produção da oleaginosa é equivalente à de 2008. No caso do milho, a previsão foi reduzida em 3,22% e ficou em 4,15 milhões de toneladas. A pesquisa considera informações de 307 municípios, que correspondem a aproximadamente 80% da área cultivada no RS. Se as projeções se confirmarem, os produtores gaúchos colherão 1,15 milhão de toneladas a menos do que no verão anterior, quando a produção foi de 20,3 milhões de toneladas. (Correio do Povo/RS)
Estiagem/RS – Com 88% da área da soja colhida e 69% do milho, o assessor especial da Emater, Célio Colle, avalia que não há possibilidade de reversão. ‘A tendência é que os números se alterem muito pouco daqui para a frente’, afirma. Segundo Colle, a maior preocupação é garantir alimentação e água para o gado nos próximos meses. Sem chuva, as pastagens nativas estão com baixo desenvolvimento e a falta de umidade no solo impede a semeadura e o desenvolvimento dos pastos de inverno, o que afetará ainda mais a pecuária de corte e de leite. A Emater não tem levantamento da perda estadual na bacia leiteira. (Correio do Povo/RS)
Proagro – Os produtores poderão fazer uma contratação de Proagro para a safra de inverno e verão. O CMN mudou os critérios de avaliação do risco. A partir de julho, o limite de R$ 150 mil, antes restrito a cada agricultor, passará a considerar o ciclo de plantio, como safra de verão, de inverno e safrinha. (Correio do Povo/RS)
Economia
Recuo – A economia brasileira deve contrair-se 0,30% em 2009, estimam analistas consultados pelo Banco Central (BC). Anteriormente, a projeção era de retração de 0,39%. Para o ano seguinte, foi reforçada pela nona semana consecutiva a perspectiva de crescimento de 3,50% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo o Boletim Focus. Quanto à conta corrente, o prognóstico é de déficit de US$ 19 bilhões em 2009 ante previsão anterior de resultado negativo de US$ 19,5 bilhões. A balança comercial deve encerrar o exercício com superávit de US$ 17 bilhões, superior aos US$ 16 bilhões projetados no relatório passado. Em investimento estrangeiro direto, a expectativa é de entrada de US$ 22 bilhões em 2009, sem mudança. A produção industrial deve ter queda de 3,84% este ano e não recuo de 4% como o aguardado antes. (Valor Online)
IPC-S – O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) encerrou abril com elevação de 0,47%. A taxa foi 0,11 ponto percentual menor do que aquela apurada na terceira medição do mês, de 0,58%. Os dados são da Fundação Getulio Vargas (FGV). O abrandamento foi creditado principalmente ao movimento do grupo Alimentação, que deixou uma alta de 1,12% na terceira apuração de abril para 0,64% no fim daquele mês. Dentro da classe de despesa, subiram menos, por exemplo, as frutas e hortaliças e legumes. (Valor Online )
Globalização e Mercosul
Exportações – Pela primeira vez, a China assumiu a liderança como principal comprador de mercadorias brasileiras, em março, desbancando os Estados Unidos. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no primeiro trimestre, os chineses importaram 3,395 bilhões de dólares do Brasil, 62,67% a mais em valor e 41,47% em quantidade, ante igual período de 2008. Os principais beneficiados foram os produtores de soja, celulose, minério de ferro e petróleo, commodities que, juntas, respondem por 76,6% da receita de exportações brasileiras para o país, segundo a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Conforme o secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral, a participação chinesa chegou a 47% das exportações para a Ásia, que superou a América Latina como bloco comercial no intervalo de janeiro a março. ‘As exportações para a Ásia vêm aumentando, apesar da crise. Tirando o Japão, o bloco tem potencial comercial muito grande a ser explorado’, assinalou Barral. ( Correio do Povo)
Cepea: preços começam a ganhar fôlego em abril
Desta vez, o aumento no preço médio do leite foi um pouco maior. Nos sete estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) que o Cepea considera para a “média nacional” (ponderada por volume), o reajuste foi de 1,7 centavo por litro ou de 2,81%. Isso significa que o valor bruto médio recebido pelo produtor em abril (referente à produção entregue em março) foi de R$ 0,6258/litro – sem o desconto dos 2,3% da CESSR e do frete.
Os maiores aumentos, de quase 3 centavos por litro, ocorreram em Minas e em Goiás – reajustes de 4,63% e 5,02% respectivamente. Para os mineiros, o valor médio bruto chegou a R$ 0,6338/litro e, para os goianos, subiu para R$ 0,6155/litro. Com isso, esses estados voltaram a ocupar a segunda e terceira posições de maiores preços no País – o que não ocorria desde o final do ano passado -, atrás apenas de São Paulo. Produtores paulistas, em abril, tiveram o reajuste de 1,5 centavo por litro no preço médio, que passou para R$ 0,6536/litro.
No Paraná, os preços tiveram aumento de 1 centavo por litro (1,78%) e, na Bahia, a média se manteve estável diante da ligeira alta no centro-sul do estado e da queda na área mais ao sul. Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, as médias não conseguiram se sustentar, mas com recuos não chegaram a um centavo por litro.
Quanto à produção, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea registrou em março queda de 3,84% em relação ao volume de fevereiro. A novidade trazida por este dado é que a diferença em relação ao índice do mesmo período do ano anterior, que vinha aumentando mês a mês, começa a diminuir. Em fevereiro, o Icap-L/Cepea foi 8,6% menor que o de fevereiro de 2008 e, em março, a diferença baixou para 5,3%.
Menor produção é um fundamento importante que pode elevar os preços recebidos pelos produtores, mas o resultado requer ainda a análise da demanda, que pode ser feita a partir dos preços dos derivados. Levando-se em conta o mercado atacadista do estado de São Paulo e os derivados pesquisados pelo Cepea (pasteurizado, UHT, queijos prato e mussarela, leite em pó e manteiga), em março, houve aumento médio de 3,3% em relação aos preços de fevereiro. Em fevereiro, comparado a janeiro, o reajuste havia sido de 1%.
Em resumo, há fundamentos, ainda que relativamente modestos, que indicam a possibilidade de que os reajustes do leite ao produtor continuem ocorrendo. Essa é também a opinião da maioria dos compradores consultados pelo Cepea. Quase 60% deles, que representam 71% do leite da amostra da pesquisa, acreditam na continuidade dos aumentos dos preços.
Gráfico 1. ICAP-L/Cepea – Índice de Captação de Leite – MARÇO/09. (Base 100=Junho/2004).
Clique na imagem para ampliá-la.
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em ABRIL/09 referentes ao leite entregue em MARÇO/09.
Clique na imagem para ampliá-la.
Tabela 2. Médias estaduais das novas regiões – RJ e MS.
Clique na imagem para ampliá-la.
Gráfico 2. Série de preços médios pagos ao produtor – deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA).
Clique na imagem para ampliá-la.
As informações são do Cepea-Esalq/USP