UE: aumento da produção dependerá dos preços do leite
Os produtores de leite europeus deverão ganhar mais flexibilidade na produção após o acordo fechado pelos ministros da Agricultura da União Européia (UE) referente a uma série de aumentos das cotas a partir de 2009, mas provavelmente não produzirão leite extra, considerando as perspectivas atuais de baixos preços.
O sector de lácteos foi uma das áreas mais problemáticas da negociação sobre a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) do mês passado, apesar da Comissária da Agricultura da UE ter conseguido obter apoio para seu plano de aumentar em 1% anualmente as cotas de produção de leite.
Isso foi proposto como forma de proporcionar uma “aterrissagem suave” para o setor leiteiro, que deverá ter o sistema de cotas expirado em 2014-15. O sistema foi criado no meio da década de oitenta para lidar com o excesso de leite produzido na UE, aumentando gradualmente os volumes, visando liberar o mercado. No entanto, parece que, pelo menos por enquanto, é improvável que este leite extra seja produzido devido aos baixos preços do leite na maioria dos países da UE, causado pela baixa demanda dos consumidores e altos estoques.
O analista do setor de lácteos do Rabobank, Mark Voorbergen, disse que esta medida deixa mais espaço para o crescimento da produção de leite, mas ainda resta a dúvida se este espaço será preenchido. Segundo ele, tudo depende dos preços do leite. Os 27 países da UE tem diferido amplamente sobre o quanto as cotas leiteiras deveriam ser aumentadas, com opiniões variando desde zero até a 10%. A Alemanha particularmente se opõe aos aumentos na produção, temendo maior redução ainda nos preços.
No entanto, o maior vencedor foi a Itália, o país que mais ultrapassa sua cota de produção, que garantiu um acordo especial que lhe dá o direito de aumentar em 5% sua cota de produção a partir de 2009. Este acordo desagradou alguns outros países, de forma que foi tomada outra medida determinando uma multa maior para qualquer país da UE que ultrapassasse a cota de produção em mais de 6% até 2011. Uma parte técnica, mas importante, do acordo foi a redução do “coeficiente de ajuste de gordura” nos leites distribuídos pelos países europeus. Em termos práticos, isso resultará em um aumento ainda maior nos volumes das cotas.
Atualmente, o mercado de lácteos da UE está estruturalmente sobrecarregado, causando baixos preços e dando aos produtores pouco incentivo para usar totalmente as cotas. A Alemanha e a Holanda, por exemplo, têm excedentes consideráveis de queijos e manteiga.
“Há um potencial escondido que não é usado a nível de fazenda. Desencadear este potencial depende muito do preço do leite”, disse o conselheiro de políticas leiteiras da união rural da UE, Copa-Cogeca, Stanislav Jas. “Não existe incentivo para que os produtores cheguem ao limite do que podem produzir”, disse ele, acrescentando que a maior produção de leite gera maiores custos de alimentação animal. “No momento, eu não vejo aumento na produção, considerando os preços”.