Comitiva da Apil/RS realiza roteiro de visitas técnicas no Uruguai

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Uma comitiva da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS) , formada por cerca de 30 pessoas, entre associados e parceiros, visitou o Uruguai para conhecer de perto a realidade do setor lácteo do país vizinho.  A viagem, que contou com coordenação e roteiro organizado pelo Portal Lechero, teve como objetivo a busca de atualização e conhecimento empregados com êxito na realidade do setor lácteo uruguaio.

O Uruguai, apesar de ser um país pequeno e ter uma população equivalente a grande Porto Alegre, tem como meta a exportação de leite e derivados, e para isto conta com o incentivo do governo para a produção de leite com qualidade. A maior parte do rebanho do país é formada por animais da raça holandesa.

O grupo partiu de Esteio, onde fica a sede Apil/RS, no domingo, dia 27 de maio. Já no dia seguinte iniciou a série de visitas. A primeira foi na indústria láctea Talar, que possui um dos mais modernos tambos do Uruguai, com 1.400 animais, que conta com três salas com máquinas de ordenha rotativas. Um processo utilizado pela indústria que chamou atenção foi a utilização do soro de leite na alimentação dos animais, objetivando a palatabilidade da ração, independente da formulação da silagem durante o ano. A Talar produz queijos frescos, queijos com fungos e estão investindo no desenvolvimento de leite premium, achocolatado, iogurte e doce de leite envasado em vidro. A planta possui várias certificações, entre elas a certificação livre de glúten.

Ainda no roteiro do primeiro dia o grupo conheceu o Laboratório Tecnológico del Uruguay – LATU – que tem como missão agregar valor à produção nacional e fornecer ao setor produtivo soluções inovadoras e de valor agregado. O LATU também se destaca por sua liderança nos processos de investigação, desenvolvimento e transferência científica. O funcionamento do LATU conta com incentivo governamental, onde há um repasse de 0,3% de todo o imposto cobrado sobre produtos exportados.

Para fechar o primeiro dia no Uruguai, o grupo foi conhecer um pouco mais sobre a realidade da rede atacadista local. No roteiro uma visita ao Hipermercado Tienda Inglesa, referência na comercialização de diferentes tipos de queijos e apresentações.

Já no dia 29, segundo dia da viagem técnica, o grupo seguiu para o Departamento de Durazno, onde conheceram a Estancia del Lago, com um megatambo estabulado – o maior do país – e a fábrica de leite em pó. A propriedade possui 15 mil vacas estabuladas, das quais 13 mil estão em lactação. Todo o sistema de ordenha é rotativo. Além disso, chamou atenção que toda a alimentação dos animais é produzida na propriedade, que também tratam integralmente o efluente gerado na criação dos animais, assim como aquele proveniente do indústria de leite em pó. Após tratamento, os resíduos sólidos são integrados nas camas dos animais e na lavoura . Já o resíduo líquido é destinado a fertirrigação.

A Estancia transforma 450 mil litros de leite fluido em leite em pó. Este processo é contínuo e não ultrapassa1 hora entre a ordenha e o início da secagem, chegando a 20 mil, além da certificação Kosher e Hallal. De acordo com os proprietarios, a maior preocupação da empresa é com a sustentabilidade e o meio ambiente

Voltando ao roteiro da viagem, o dia encerrou com uma visita ao La Feliciana, um pequeno laticínio com produção de 5 mil litros por dia. A pequena indústria produz diversos tipos de queijo, como danbo, muçarela, magro com ou sem sal, com destaque para o queijo colônia, emmental e queijos de cabra.

Já no dia 30, a empresa visitada foi a cooperativa CALCAR, fundada em 1956 por um grupo de produtores de leite. A empresa produz queijos, iogurtes, doce de leite, sobremesas lácteas, leite UHT e ultrapasteurizado. A Calcar possuem 70 cooperados, que processam entre 140 a  300 mil litros de leite por dia. A coleta da matéria-prima é feita diariamente e a rota mais longa (produtor – indústria) é cumprida em até 6 horas.

Seguindo viagem foi realizada uma visita ao Instituto Nacional de Investigação Agropecuária (INIA), onde os olhares se voltaram para a ordenha robotizada de animais em condições de pastoreio. De acordo com os técnicos do INIA, os principais objetivos desse projeto são: sistemas de produção com baixo custo por litro; redução do impacto ambiental e a melhoria da qualidade de vida do produtor. Atualmente, são 43 vacas em ordenha voluntária, e em breve serão 80 vacas até atingir a meta de 120 vacas em ordenha. As atividades desenvolvidas pelo INIA são custeadas pelo produtor e pelo governo.

Na quinta-feira, dia 31, o grupo seguiu viagem para Nueva Helvecia – região sudeste do departamento de Colonia – onde foi conhecer o laticínio La Magnólia, que processa 20 mil litros/dia com capacidade, na primavera, de 30 mil litros.  A indústria é reconhecida em todo Uruguai pela qualidade do seu doce de leite. A La Magnólia ainda produz iogurte e queijos como o Sbrinz, Colonia, Sardo, Parmesão e Muçarela. Chamou atenção da comitiva da Apil/RS a utilização de ozônio nas câmaras de maturação e a coleta que é feita diariamente num raio de até 40 quilometros.

Logo após deixar a La Magnólia o grupo foi visitar a Mobari Quesos Especiales, dirigida pelo presidente da AUPYL (Asociación Uruguaya de Pymes Lácteas), que teve seu queijo Dambo premiado com medalha de ouro em concurso realizado recentemente. A empresa é especializada na fabricação de muçarela de diferentes formatos como bola e pérola, além do Caccio Cavalo defumado naturalmente. A capacidade produtiva da empresa é de 10 mil litros dia.

Em seguida, a comitiva da Apil/RS visitou o Laticinio El Piamontés, que possui capacidade de 25 mil litros de leite por dia e produz queijos como o Dambo, Muçarela, Colonia, Ricota e Parillero. Destaque para as câmaras de conservação e maturação que são todas ozonizadas.

Ainda no roteiro do dia, o grupo foi almoçar no Hotel Boutique de Campo, que também abriga em sua propriedade o laticínio La Vigna. A empresa processa leite de cabras e ovelhas, respeitando a sazonalidade característica destas espécies. Entre os produtos produzidos por eles estão, queijos Peccorino, Feta e Cabrembert. Apesar da baixa produção, os produtos possuem alto valor agregado, um exemplo é o rendimento do queijo de ovelha, onde cada 5 litros são transformados em um quilo de queijo. Outro ponto que chama atenção na empresa é a valorização do meio ambiente e o manejo orgânico certificado.

Para finalizar a série de visitas técnicas o grupo foi conhecer a Escuela Superior de Lecheria da Colonia com capacidade para atender 136 estudantes em sistema de internato e aulas de segunda a sexta-feira. Inaugurada em 1930 é uma das três principais escolas técnicas da América Latina, sendo as outras duas em Juiz de Fora (MG) e Córboba (Argentina). Na Escuela Lecheria os estudantes participam de todo o processo, desde a ordenha até a fabricação dos produtos lácteos.

A viagem se encerrou com um jantar no hotel Nirvana. Na ocasião, os associados e parceiros da Apil/RS contaram com a presença dos diretores da AUPYL, da Escuela Superior de Lecheria, Roberto Betancur, e do Portal Lechero, Cecilia Agradi, que acompanhou o grupo em toda a viagem ao Uruguai.

 

 

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